Após a Secretaria de Saúde do Distrito Federal anunciar a suspensão da aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca em gestantes, muitas dúvidas surgiram sobre os efeitos adversos do imunizante e a eficácia da combinação entre as vacinas contra a covid-19. Para responder essas e outras questões, o CB. Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — convidou o diretor científico da Sociedade de Infectologia do DF e infectologista do Laboratório Exame David Urbaez.
O especialista explica que o risco de reações graves ao tomar a vacina pode ser considerado raríssimo. “A gestação é uma condição humana pró-coagulação. A mulher fica com um peso absurdo, com alterações hormonais e ‘menos móvel’. Tudo isso faz com que o sangue fique retido nos membros inferiores e pode dar a coagulação. Isso é um fato da natureza. Outra questão é o que se viu como um efeito adverso raríssimo da aplicação de vacina de vetor viral”, detalha.
Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou a suspensão temporária da vacinação de grávidas com e sem comorbidades. A decisão da pasta respeita a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após esta ser notificada de um evento sugestivo de trombose no qual uma paciente de 35 anos, imunizada com a vacina de Oxford/AstraZeneca, faleceu no Rio de Janeiro.
Segundo Urbaez, a pandemia revela um perigo muito maior do que uma possível reação à vacina. “O maior risco delas não é morrer de trombose. É morrer de covid-19”, destaca.
Vacinas combinadas
Desde fevereiro, o Reino Unido vem lançando ensaios para avaliar as respostas imunológicas geradas se as doses das vacinas contra a covid-19 da Pfizer e da AstraZeneca/Oxford forem combinadas em um esquema de duas doses.
Ao comentar o assunto, o infectologista David Urbaez ressalta que são necessários muitos estudos para avaliar a efetividade. Ele pondera que, no momento atual da pandemia, pode ainda não ser recomendado. “Intercambialidade de vacina sempre foi uma proposta quando se tem várias plataformas. No mundo real normal, isso se coloca em um ensaio e faz a criação da evidência. Habitualmente, dá certo. Mas não posso recomendar fazer isso como uma medida de saúde pública porque nós não temos nenhuma evidência”, conclui.