Pouco tempo depois de assassinar a mulher a pauladas, João Paulo Moura de Sousa, 23 anos, usou as redes sociais para relatar o que supostamente teria ocorrido na madrugada de domingo (9/5). A versão, no entanto, é mentirosa, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Vizinhos entrevistados pelo Correio relataram ter ouvido gritos de socorro e classificaram a noite como um “terror”. Larissa Nascimento, 22, foi morta brutalmente a pauladas. Ela deixa um bebê de 8 meses, fruto do relacionamento do casal.
Pelo Facebook, o rapaz contou que o casal discutiu durante a noite e ele teria a agredido com sandália, o que provocou hematomas. “Nessa discussão, fui dormir. Já era tarde da noite. Ela, como sempre, dormia no chão quando brigávamos. Acordei pela manhã e me deparei com ela no chão. Balancei ela ‘levanta, amor. Vem para a cama’. Só que ela não estava me respondendo. Entrei em desespero. Ela não respondia e estava gelada”.
Na mensagem, o homem continuou a dizer que fez de tudo para tentar reanimar Larissa, inclusive respiração boca a boca. Por fim, ele diz que se entregará para a polícia e nega as acusações, alegando que a família da jovem está enfurecida por achar que ele a matou. A versão, no entanto, contradiz os fatos, de acordo com as investigações.
Contradição
Larissa foi encontrada morta pela manhã, por volta das 10h, após o irmão do suspeito acionar o Corpo de Bombeiros. A jovem apresentava marcas de espancamento e hematomas por todo o corpo e no rosto. Em entrevista ao Correio, a vizinha, que preferiu não se identificar, contou que as discussões começaram por volta das 3h40 de domingo. “Ela gritava muito, pedindo socorro. Comecei a ficar apavorada e chamamos a polícia. Quando os policiais chegaram, a mãe dele (João) disse que estava tudo bem e que estava assustada com a chegada da polícia”, relatou.
A moradora disse ter ouvido, ainda, o momento em que Larissa se calou e parou de gritar. “Escutei eles falando que ela estava desmaiada. Durante a manhã, minha filha disse que parecia que alguém tinha morrido na casa ao lado e os boatos estavam circulando. Quando sai na rua, vi ele (suspeito), o irmão e a mãe com uma feição aparentemente tranquila”, detalhou.
O delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Ricardo Viana, afirmou que ouvirá mais uma testemunha e, a depender do andamento das diligências, a mãe do suspeito poderá ser responsabilizada por ter contribuído de certa forma para a consumação do feminicídio.
O suspeito acumula passagens pelos crimes de roubo, furto, receptação e tentativa de homicídio contra um adolescente. Ele também tem outras cinco ocorrências registradas na Lei Maria da Penha. Em 5 de abril, João foi preso em flagrante por lesão corporal, injúria, ameaça e dano qualificado contra Larissa. Ele foi solto em audiência de custódia e usava tornozeleira eletrônica.