História

Troca do nome da Ponte Costa e Silva por Honestino Guimarães vai a debate

Câmara Legislativa promove audiência pública em junho para discutir mudança de nome da ponte que liga o Lago Sul à via L2

A Ponte Costa e Silva, também chamada de segunda ponte, pode deixar de homenagear o militar para lembrar a memória do líder estudantil Honestino Guimarães, desaparecido durante a ditadura militar. Em 7 de junho, às 10h, a Câmara Legislativa promove uma audiência pública para discutir a mudança no nome do monumento.

O evento será transmitido pelo canal do Youtube da casa e foi convocado pelo deputado Leandro Grass (Rede). "Primeiro a mudança de nome é importante para que se cumpra a lei nº4.052 de 2007, que impede que bens públicos levem nomes de pessoas que cometeram crimes contra a humanidade, como o presidente Costa e Silva. Era ele o presidente quando o AI-5 foi editado", ressaltou o parlamentar.

"A escolha de Honestino Guimarães é porque é um candango, estudou em escolas públicas de Brasília, na UnB, e foi um importante nome na defesa de garantias individuais. Ele sim merece ser homenageado. Se posicionou contra a ditadura e por isso foi preso diversas vezes. Ele lutou pela dignidade, pela liberdade, e merece ser lembrado", complementou.


Placa

Em 2015, a Câmara Legislativa aprovou o projeto de lei que mudava a placa com nome do marechal para Honestino Guimarães. A medida chegou a ser sancionada pelo então governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Em 2018, após uma ação popular movida pela hoje deputada federal Bia Kicis (PSL), a justiça determinou que o nome do presidente militar voltasse a batizar o monumento.

Memória

Arthur da Costa e Silva governou o país entre 1967 e 1969 e capitaneou um dos períodos mais duros do regime militar no país. Durante o governo do militar foi editado o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que institucionalizou a repressão e que dava prerrogativas para o então chefe do Executivo fechar o Congresso Nacional e cassar políticos.

O estudante Honestino Guimarães foi Dirigente da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) durante os anos de chumbo e desapareceu no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1973. A família de Honestino veio para Brasília no período da construção da nova capital, em 1960, e aqui ele começou a atuar no movimento estudantil.

Em 1964, passou em primeiro lugar no vestibular para Geologia na Universidade de Brasília (UnB). Hoje, ele dá nome também ao Diretório Central dos Estudantes (DCE). Segundo relatório da Comissão da Verdade, que avaliou o caso de Honestino, ele foi espancado na ocasião da invasão da universidade pelos militares em 1968, e depois preso.

Depois de solto, teve de ingressar na clandestinidade com a edição do AI-5. Em 1973, ele se mudou para o Rio, onde foi novamente preso e desapareceu. Anos depois, seu atestado de óbito foi retificado e, como causa da morte, passou a constar "atos de violência praticados pelo Estado".