Após a repercussão da morte da bebê Yasmim Sophia Moura Boudoux, de 1 ano, em Samambaia, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, esteve ontem na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) — unidade que investiga o caso — para discutir estratégias que evitem crimes de maus-tratos contra crianças e adolescentes e pedir mais informações sobre o ocorrido. Yasmim morreu em fevereiro por traumatismo craniano. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como acidente doméstico, mas o laudo cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML) indicou que a morte foi causada decorrente de ação humana. A mãe e o padrasto da menina estão presos.
Durante a visita, Damares se reuniu com delegados da unidade, investigadores e conselheiros tutelares. Em um vídeo gravado para as redes sociais, a ministra elogiou o trabalho da Polícia Civil do DF (PCDF) e afirmou o compromisso do ministério em atuar em casos como esse. “Essa foi mais uma criança que não chegamos antes. A criança tinha dois irmãos, que o Conselho Tutelar está cuidando, e elas estão em segurança. Estamos indo visitá-las, fazendo o nosso compromisso. Não é só uma visita à delegacia para cumprimentar a polícia. É ouvir quem está na ponta. Onde temos que mudar? Que Deus nos dê sabedoria, estratégia e dicernimento”, pontuou.
A conversa com a ministra Damares foi produtiva, classificou o delegado-adjunto da 26ª DP, Rodrigo Carbone. “Ela (Damares) nos deu muito apoio, parabenizou a delegacia e as investigações. Disse que está empenhada nas causas envolvendo crimes contra crianças e está com um projeto para estreitar laços com o DF para que seja fortalecida a rede de proteção às crianças vulneráveis”, frisou.
O crime
Yasmim Sophia morreu a três dias de completar 1 ano. O Correio obteve acesso às informações presentes no laudo. A bebê apresentava cinco marcas de hematomas no pescoço, supostamente causadas por dedos, e na parte frontal da coxa; lesão no olho direito; fraturas nas costas, no crânio e no ombro; e feridas na região das nádegas, com resquícios de fezes.
Em depoimento à polícia, o padrasto afirmou que Yasmim morreu após o outro filho da mulher, de 2 anos, derrubar a criança acidentalmente ao tentar tirá-la do berço. A versão não convenceu os policiais. Os dois negaram as acusações e alegaram que nunca bateram ou agrediram a bebê. Em audiência de custódia, a mulher declarou que estava grávida de 1 mês do marido. A jovem é mãe de outro menino, de 5 anos, fruto de um relacionamento anterior. O casal permanecerá preso por 30 dias e deverá prestar novo depoimento. As investigações continuam para saber se foi homicídio ou maus-tratos que resultaram em morte.