Um jovem de 25 anos foi morto a tiros, ontem, em um gramado atrás do Terraço Shopping, na Octogonal. As informações constam que ele tentou roubar algumas pessoas na região, e o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) foi acionado por denúncia anônima. Quatro policiais chegaram ao local em duas viaturas antes de abordarem o rapaz, que tentou esfaquear um dos militares. Em defesa, um dos policiais deu dois disparos sem gravidade, sendo um no braço e outro na mão. Em seguida, o policial efetuou outros dois tiros no rapaz, que morreu no local.
Em nota, a Polícia Militar se posicionou sobre o caso. “Mesmo após o uso de gás de pimenta e um disparo de arma de fogo, sem gravidade, o homem continuou a tentar usar a faca para agredir um dos policiais militares. Segundo os pais dele, o surto ocorria há três dias. Toda situação será apurada em inquérito policial militar para elucidação pormenorizada dos fatos”, diz a corporação.
Segundo uma moradora da região, que não quis se identificar, pessoas que faziam piqueniques no gramado se dispersaram no momento do confronto. “O rapaz estava caído e o policial deu um chute nele antes de dar os tiros”, detalhou.
Ação protocolar
A polícia, de acordo com a conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Isabel Figueiredo, trabalha com uso da força progressiva. A ordem é a seguinte: primeiro utiliza-se forças não-letais e, caso não resolva, uma ação mais intensa é aplicada sobre o sujeito. Dessa forma, as informações mostram que a PM agiu corretamente.
“Em primeiro momento, a polícia tenta neutralizar a pessoa. Pelo protocolo, com uso de gás de pimenta, ou uso de tiros capacitantes ou tiros letais. No inquérito policial, podemos identificar outras alternativas, se era o caso desses policiais fazerem um cerco e esperarem para conter esse cara em um determinado momento. É uma ação protocolar da PMDF, que é uma polícia de baixa letalidade. São poucos os casos com letalidade”, analisa.
Para Isabel, que foi secretária-adjunta de segurança pública do DF em 2015, não há um preparo da atuação de PMs em casos como este de surto psicótico. “É muito pouco discutida a atuação policial em situações que envolvem pessoas com problemas mentais.”
De acordo com a especialista, não há um protocolo específico para esse tipo de situação, e isso requer uma série de cuidados. Ela explica que o ataque dele ao PM é diferente do de uma pessoa consciente. “Fica um alerta à PMDF pensar nessas situações específicas de indivíduos com problemas mentais”, pontua. A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho) está responsável pelo caso. Procurado no local do crime, o delegado-chefe da unidade, Douglas Fernandes, preferiu não se pronunciar no momento.