Investigação

Polícia Civil abre investigação para apurar racismo no metrô

Vídeos flagraram momento em que poeta Rafael Cruz foi retirado dos vagões por seguranças. Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos pede afastamento dos funcionários envolvidos

Jéssica Moura
postado em 25/05/2021 14:01 / atualizado em 26/05/2021 12:03
Rafael Cruz e o advogado Michel Platini foram à Polícia Civil nessa segunda-feira (24/5) -  (crédito: Divulgação/CentroDH)
Rafael Cruz e o advogado Michel Platini foram à Polícia Civil nessa segunda-feira (24/5) - (crédito: Divulgação/CentroDH)

Após o poeta Rafael Cruz dos Santos, 31 anos, ser retirado à força de um dos vagões do metrô, o Centro Brasiliense de Defesa dos Direitos Humanos protocolou uma representação na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes (Decrin) em que pede que seja instaurada uma investigação criminal contra a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) e que os seguranças envolvidos no atendimento ao público sejam afastados.

Segundo a Polícia Civil, o termo circunstanciado foi instaurado e encaminhado ao judiciário e o crime de racismo está sendo investigado. "Uma pessoa que foi duramente discriminada, que sofreu diversos constrangimentos dentro do metrô", pontuou o advogado Michel Platini, e presidente da ONG.

A ação foi registrada em vídeo por outros passageiros. Na ocasião, em 14 maio, o artista de rua foi contido por seguranças com um mata-leão pelas costas e foi jogado no chão, na estação Feira. Ele ainda foi encaminhado à 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), onde foi lavrado o boletim de ocorrência por desacato.

“A porta estava quase fechando e coloquei minha mão para não fechar. Foi quando eles viram e me impediram. Falei que não ia sair do vagão, que não tinha motivos, mas eles me pegaram à força”, detalhou ao Correio.

Morador de Samambaia, há três meses ele recitava poemas nos vagões para sustentar os três filhos. "Eu quero justiça, até porque somos seres humanos e não cometi nenhuma atividade ilegal. Passei uma humilhação, minha família toda viu o vídeo, fica a pergunta: foi só por causa da minha cor?", indaga Rafael em vídeo na página do CentroDF.

Por meio de nota, o Metrô informou que ainda não foi notificado da investigação e que "os fatos ocorridos foram devidamente esclarecidos em ocorrência registrada no mesmo dia do fato na 1ª DP".

A companhia ainda reforçou uma manifestação anterior, em que afirma que "os empregados da segurança estavam embarcando um deficiente visual na plataforma 2 da Estação Feira e visualizaram o Sr. Rafael, que se autodenomina como o ‘Poeta’, realizando mendicância no trem, prática proibida pelo RTTS (Regulamento de Transporte de Tráfego e Segurança)", diz a nota.

Segundo o metrô, ao trocar de vagão, Rafael segurou a porta do trem, impedindo que a composição saísse da estação. "A segurança abordou o indivíduo e solicitou que ele saísse do trem para averiguações, mas ele se negou. Os seguranças insistiram na saída dele por ter transgredido o RTTS. Diante da negativa, por conta da resistência e desobediência, ele foi contido e retirado do sistema". Um agente de segurança do Metrô-DF foi encaminhado para o IML, devido a machucados na região da testa.



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