Quatro dias após a cepa indiana da covid-19 ser confirmada no Brasil, o Governo do Distrito Federal monitora um caso de possível infecção pela variante. Um brasileiro, que mora na Índia, veio à capital federal no mesmo voo em que estava um dos infectados confirmados no país. O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), ligado ao governo federal, notificou a Secretaria de Saúde local, que monitora a pessoa desde então. O caso foi revelado pelo chefe da pasta, Osnei Okumoto, durante coletiva no Palácio do Buriti, na tarde de ontem. O primeiro teste, ontem, deu negativo.
De acordo com o secretário, ele viajava sozinho no voo que tinha como destino final Guarulhos (SP). De lá, seguiu para o DF. “Assim que tomamos conhecimento do caso, visitamos a pessoa e colhemos o material para realizar o teste RT-PCR”, explicou Okumoto. Ainda segundo o gestor da Saúde, a pessoa está em isolamento e, desde que chegou a Brasília, não teve contato com nenhum outro morador da capital. “Ele não apresenta nenhum sinal ou sintoma de infecção pela covid, mas está em monitoramento”, completou.
Mesmo com o resultado negativo do primeiro RT-PCR, Osnei afirmou que a pessoa seguirá em isolamento por mais duas semanas. “Nesta sexta-feira faremos mais um teste e, na próxima, mais um. Ele só será liberado após este período e se todos tiverem resultados negativos”, informou. Por questões de segurança, o GDF preferiu não divulgar dados pessoais da pessoa com suspeita, nem onde ele está mantendo o isolamento para, segundo representantes do governo, evitar a exposição do possível infectado e pânico em quem mora por perto.
O secretário da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, também presente na coletiva, fez questão de frisar que, apesar da suspeita, “ainda não há indícios da presença da cepa indiana no DF”. Segundo ele, assim que um caso seja confirmado, as informações serão divulgadas pelo GDF. O secretário também afirmou que, por enquanto, não se pensa na criação de bloqueios sanitários no aeroporto ou mesmo nas rodovias distritais. “O governador está aguardando as informações e dados técnicos da Secretaria de Saúde para deliberar sobre essa questão”, disse.
Segundo o secretário Osnei Okumoto, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF) realiza, a cada 15 dias, testagens e sequenciamento genético para identificar quais as variantes do coronavírus estão em circulação na capital federal. “Fizemos o teste em 301 amostras e, dessas, 259 são da variante P1, conhecida como a de Manaus. Não foi destacado no restante das amostras se havia o vírus indiano”, explicou. A nota técnica desse estudo deve ser publicada e divulgada ainda esta semana.
Flexibilização
Também durante a coletiva de ontem, os secretários informaram que o governador Ibaneis Rocha (MDB) vai ampliar o horário de funcionamento das academias de ginástica e esportes. O texto, que deve ser publicado no Diário Oficial do DF de hoje, passará a valer imediatamente. A mudança adiciona duas horas ao limite, ou seja, os estabelecimentos que, antes, funcionavam das 6h às 21h, agora, poderão funcionar das 6h às 23h.
Porém, assim como o restante das atividades em Brasília, as academias deverão cumprir e obedecer medidas sanitárias como distanciamento social, uso de álcool em gel e máscaras. Além disso, deverão respeitar o toque de recolher, que segue em vigor no DF, das 0h às 5h. Segundo Gustavo Rocha, chefe da Casa Civil, essa decisão de Ibaneis se baseou na importância das academias para a manutenção da saúde. “Conforme o governador vem falando, as academias ajudam na saúde da população; por isso, ele decidiu ampliar o horário de funcionamento”, explicou. Rocha também afirmou que, atualmente, a taxa de transmissão do coronavírus no DF está em 0,99.
Apesar da flexibilização das medidas restritivas, a pandemia segue ativa. Nas últimas 24h, o DF registrou 899 casos e 17 mortes por covid-19. Dos óbitos, cinco ocorreram ontem. No total, 399 mil pessoas já foram infectadas pela doença e 8.483 morreram. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 830, valor 4% menor que há 14 dias. Já a mediana de mortes está em 19,71, cerca de 48% menor que há duas semanas.
Vacinação
Para esta semana, o DF aguarda receber uma nova remessa de vacinas contra a covid-19. O Ministério da Saúde ainda não divulgou o quantitativo nem a destinação das doses, mas a expectativa do GDF é de que elas cheguem entre quinta e sexta. Atualmente, podem se vacinar, sem agendamento, idosos com 60 anos ou mais. Pessoas com comorbidades a partir de 30 anos e profissionais de saúde devem aguardar a abertura de vagas para agendamento. Professores e funcionários da educação são vacinados por etapas e, neste momento, apenas os que atuam em creches são alvo da campanha e devem aguardar a chegada de mais doses para a continuidade da imunização.
Até o momento, o DF recebeu mais de 1 milhão de doses e aplicou 595 mil como D1 (primeira dose) e 305,9 mil como D2 (segunda dose). Ontem, 4.731 pessoas receberam a primeira aplicação e 3.076, o reforço. Segundo o portal de transparência da Secretaria de Saúde, o total de pessoas vacinadas com a D1 representa 25,77% do atual público-alvo da campanha de imunização.
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Hospital de campanha
Hoje, às 9h30, o GDF entregará a estrutura do Hospital de Campanha de Ceilândia, o último dos três anunciados no início de março como forma de combate à covid-19. A expectativa é de que, após a inauguração, a unidade comece a receber pacientes. O hospital, localizado na Escola Parque Anísio Teixeira, conta com 100 leitos hospitalares com suporte ventilatório pulmonar e terapia renal substitutiva beira-leito.