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Covid-19: Taxa de transmissão fica acima de 1 depois de 2 meses

Para pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Distrito Federal pode atravessar terceira onda da infecção se a taxa de transmissão não baixar

Jéssica Moura
postado em 21/05/2021 13:47 / atualizado em 21/05/2021 13:48
Um total de 19,02% da população do DF recebeu a primeira dose da vacina -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press                                     )
Um total de 19,02% da população do DF recebeu a primeira dose da vacina - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

Após mais de dois meses em níveis abaixo de 1, a taxa de transmissão do coronavírus no Distrito Federal chegou a 1,02 nessa quinta-feira (20/5). A informação consta do 444º boletim epidemiológico da doença, publicado pela secretaria de Saúde. A última vez que isso ocorreu foi em 18 de março, quando o R(t) estava em 1,12. No dia seguinte, caiu para 0,99 e desde então não superava a taxa de estabilidade.

O índice avalia a disseminação da doença na população. Se o valor aferido está abaixo de 1, significa que a pandemia está desacelerando. Como o número é maior que 1, as contaminações estão em aceleração. Nessa quinta, com 874 novos diagnósticos, o DF chegou à marca de 396.087 infectados e 8.422 mortes. Dessas, 23 foram computadas na quinta (20/5).

Segundo o professor Tarcísio Marciano, do departamento de Física da Universidade de Brasília (UnB), que acompanha a evolução dos números, o DF pode atravessar uma terceira onda da covid-19. "Agora, a velocidade da queda diminuiu. Há uma inversão de tendência, possível voltar a crescer. O quanto vai crescer, depende de tomar a decisão correta agora"

O especialista pondera que a flexibilização das medidas restritivas, como a permissão para realização e eventos em salões de festa com 50% da capacidade e ampliação do horário de funcionamento do comércio, por exemplo, ocorreu de forma precipitada. "Como o R(t) estava abaixo de 1 acharam que dava para reabrir, mas não dava", diz.

"Teve uma segunda onda muito forte, número de mortes e de casos muito grande. Começou a cair fortemente, mas ainda está em patamares muito altos", afirma. "Se você continuar permitindo atividades não essenciais, tem bares abertos, restaurantes, mesmo eventos com capacidade reduzida, tem gente, facilita o contágio", reforça.

Além disso, Marciano alerta que apenas avaliar o R(t) é insuficiente para analisar a progressão da pandemia. "Não pode se fiar só no R(t). Tem que observar a ocupação dos hospitais, os casos e mortes por semana, que continuam altos", pondera. Para Marciano, o mais aconselhável seria manter o isolamento social até que todos esses indicadores estivessem baixos.

"Se você não faz uma estratégia eficaz, paga um preço alto, inclusive econômico", alerta. Para o professor, o controle da pandemia de covid-19 só virá com a ampla vacinação da população. "Enquanto não conseguir vacinar toda a população, não resolve, o resto fica exposto". Até esta sexta-feira (21/5), 580.659 pessoas foram imunizadas com a primeira dose dos inoculantes, e outras 299.165 receberam a dose de reforço. O montante representa 19,02% e 9,8% do total da população, respectivamente.

 

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