Durante os dois primeiros anos de gestão, os investimentos em obras de urbanização no Distrito Federal chegaram a R$ 3,3 bilhões, valor cerca de 10% maior do que o total gasto nos dois primeiros anos da gestão anterior, quando o valor foi de R$ 3 bilhões. Em 2017, terceiro ano do governo anterior, este número chegou a R$ 1,68 bilhão distribuídos entre os 12 meses do período. Em 2021, segundo ano da pandemia de covid-19, em pouco mais de quatro meses, a atual gestão desembolsou R$ 400,59 milhões. Para especialistas, investir em obras em meio à crise sanitária é essencial para manter a economia ativa, além da construção civil ser um setor capaz de gerar empregos rapidamente. O governador da capital federal, Ibaneis Rocha (MDB), considera que as revitalizações são importantes e afirma que, para os próximos meses, planeja focar na mobilidade urbana, setor que deve contar com, pelo menos, cinco obras.
O levantamento foi feito pelo Correio com base em dados do Portal de Transparência da Secretaria de Economia do DF e consideram apenas os investimentos classificados como ações de urbanismo. O governador Ibaneis Rocha afirmou que as obras são importantes para melhorias e zeladoria da cidade. “Há também uma importância significativa na zeladoria da cidade, de viadutos, tesourinhas, Ponte Costa e Silva”, disse. “Por outro lado, se mantém o alto astral da população que vê a cidade ser bem cuidada, o que é muito importante para deixar a população animada”, acrescentou. A intenção do GDF, nos próximos meses, é investir em mais restaurações, mas com um direcionamento específico. “Será um período de muitas licitações em todas as áreas, com foco especial na mobilidade urbana”, antecipou o gestor.
Entre 2020 e 2021, período marcado pela pandemia, o governo distrital realizou três obras de grande impacto, segundo a Secretaria de Obras e Infraestrutura do DF, além de intervenções menores. Segundo a pasta, as principais são as de infraestrutura de Vicente Pires, a revitalização de algumas quadras da W3 Sul e o túnel de Taguatinga. A mais recentemente entrega foi a do complexo viário Governador Roriz, conjunto de pontes e viadutos que formam a Ligação Torto-Colorado e o Trevo de Triagem Norte, iniciado em 2016
A secretaria ressalta que outras pastas também executam obras, como, por exemplo, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), a Secretaria de Mobilidade (Semob) e a Secretaria de Saúde (SES). Em alguns desses casos, os gastos não entram no levantamento feito pela reportagem, pois não estão discriminados na seção de urbanismo no portal de transparência.
Geração de empregos
Para o secretário de Obras e Infraestrutura do DF, Luciano Carvalho, a construção é uma grande geradora de empregos e fomentadora da economia, independentemente do cenário. “Sem falar na geração de receita para a economia de modo geral que a compra de material, por exemplo, gera”, completa o chefe da pasta.
O economista e presidente do Conselho de Economia do DF, César Bergo, endossa a avaliação do secretário. Ele afirma que, como a construção civil tem capacidade de gerar empregos rapidamente e envolve outras questões econômicas, o setor deve ser uma prioridade para a retomada da economia. “A construção civil dá o maior suporte para os empregos, porque pode fazer contratação rápida e, assim, consegue atuar na questão do desemprego. Além disso, a cadeia produtiva da construção civil vai desde o material usado até a mão de obra; é muito ampla”, explica.
Na maioria dos anos analisados, a maior parte do orçamento de urbanismo foi destinado à administração de pessoal, manutenção das atividades de limpeza pública e manutenção de áreas urbanizadas e ajardinadas. A execução de obras costuma ficar logo abaixo destes itens no ranking. Este ano, as obras de urbanização receberam, até sexta-feira, R$ 15 milhões. O valor empenhado, ou seja, reservado para esta área, é de R$ 40,7 milhões. Em 2020, as obras de urbanismo tiveram R$ 103,3 milhões para uso e, ao fim do ano, R$ 96,7 milhões foram utilizados.
Três perguntas / Luciano Carvalho, secretário de Obras e Infraestrutura do DF
Como o senhor avalia os primeiros anos de gestão e o que mudou com a pandemia?
A pandemia começou em 2020 e nos pegou de surpresa. No primeiro ano de governo, focamos em resolver problemas e retomar projetos paralisados para que 2020, 2021 e 2022 fossem anos de realizações. Mas, com a pandemia, precisamos nos adaptar. Conversamos com o governador e, por determinação dele, aceleramos todos os projetos e focamos nas obras por ter essa preocupação de cumprir metas e, também, de movimentar a economia e continuar gerando empregos.
Quais são os planos para os próximos meses?
Trabalhamos muito focados em obras de mobilidade urbana e urbanização de forma geral. Até o fim de junho, teremos, pelo menos, cinco obras importantes para começar. Primeiro em Vicente Pires; também no Sol Nascente Trecho 2, que deve ter um orçamento de R$ 17 milhões; a primeira etapa da requalificação da Avenida Hélio Prates; do viaduto da Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), que vamos iniciar ainda no mês de junho; e do corredor de ônibus na via do Setor Policial Militar. Só essas cinco terão um grande impacto na cidade e ainda temos, em andamento, a requalificação da W3 Sul e a construção do túnel de Taguatinga.
Como é feito o planejamento orçamentário da pasta especificamente para obras?
Essas obras maiores são obras em que contamos com o financiamento externo, principalmente oriundo do governo federal. Então, se tem trabalhado para com esses recursos que já são contratos antigos e foi uma orientação do governador que a gente usasse de forma ampla, se não, corríamos o risco de até perder esses recursos. Além disso, temos uma parceria forte com a Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal). Em Vicente Pires, por exemplo, a Terracap é nossa parceira. Também dependemos muito de ter um diálogo com o secretário de Economia do DF, André Clemente, que tem sido franco e objetivo já que, com a pandemia, mudou muito o roteiro de investimentos. Ele tem trabalhado bem para nos garantir recursos.
No detalhe
Investimento total em urbanismo desde 2015
Ano Valor gasto em urbanismo Valor gasto em execução de obras de urbanização
2015R$ 1.468.309.719,06R$ 330.462.844,89
2016R$ 1.592.874.075,17R$ 151.655.949,96
2017R$ 1.682.720.439,14R$ 140.471.888,94
2018R$ 1.867.102.985,44R$ 165.603.332,96
2019R$ 1.643.856.718,42R$ 81.009.255,98
2020R$ 1.701.651.737,85R$ 96.784.160,88
2021R$ 400.595.933,23R$ 15.011.291,65*
*Dados de 2021 extraídos em 13/5 às 14:47
Destaques
Principais obras nos últimos dois anos
Túnel de Taguatinga
Período: julho/2020 — em andamento, com 30% das obras realizadas.
Investimento: R$ 275,7 milhões
• Com mais de 1 km de extensão, a obra envolve 8 mil toneladas de aço, 90 mil m³ de concreto e 200 mil m³ de terra movimentada. O túnel vai contar com duas vias paralelas, cada uma com três pistas de rolagem em cada sentido, transferindo todo o trânsito de passagem para Ceilândia, Samambaia e Sol Nascente.
Complexo viário Governador Roriz
Período: maio/2016 — maio/2020
Investimento: R$ 220 milhões
• O conjunto de pontes e viadutos que formam a Ligação Torto-Colorado e o Trevo de Triagem Norte tem 28 quilômetros de vias, 14 quilômetros de ciclovias, 23 viadutos e quatro pontes. De acordo com o DER-DF, os materiais usados são de alta tecnologia e a previsão de vida útil é de 50 anos.
Revitalização W3 Sul
Período: Abril/2019 — em andamento. Nas quadras 509, 510, 511 e 512 Sul, os serviços já foram concluídos. Agora, as obras avançam pelas quadras 502, 503, 507 e 508 Sul.
Investimento: R$ 18,8 milhões
• O projeto inicial da obra visa a contemplar as quadras 502, 503, 504, 505, 506, 507, 508, 513, 514, 515, e 516 Sul. Entre os serviços, estão previstas a readequação do sistema viário com estacionamentos, a construção de calçadas, além do paisagismo e obras complementares de drenagem e sinalização.
Obras em Vicente Pires
Período: desde de 2015 — em andamento.
Investimento: R$ 450 milhões liberados e mais R$ 46 milhões previstos em licitação que está em andamento.
• Ao todo, a Secretaria de Obras e Infraestrutura já executou 130 km de pavimentação asfáltica por toda a região administrativa (RA). No sistema de drenagem, foram mais 128 km com a criação de redes pluviais e o uso do método tunnel liner, que aprimora a captação da água das chuvas. Além disso, já são 110 km de calçadas e 260 km de meios-fios colocados.