O padrasto da pequena Yasmim Sophia Moura Boudoux, de 1 ano, acusado de maltratar e matar a bebê não esboçou qualquer tipo de emoção no dia da morte da menina, em 13 de fevereiro. Em entrevista ao Correio, uma testemunha detalhou o momento em que o homem levou o corpo da criança às equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Além de Yasmim, o casal morava com outras duas crianças, de 5 e 2 anos, filhos da mulher, em uma casa na QR 427 de Samambaia. O lote é dividido com outra vizinha, que mora nos fundos. A moradora relata que, no dia do ocorrido, estava em casa quando ouviu um barulho alto vindo da casa da família, mas não escutou choro ou qualquer pedido de socorro. “Descemos para ver o que era e só encontramos a neném toda molinha, sendo levada para o Samu. Ele (padrasto) não demonstrava qualquer reação, nem desespero e nem choro. Estava normal e com postura fria. Foi uma cena muito estranha e triste”, destacou. A mãe não estava em casa no dia.
A família havia se mudado há pouco mais de quatro meses para a casa. A vizinha relata que era comum ouvir discussões e choro de crianças. “Ele batia muito neles. Era impossível não ouvir, porque incomodava bastante. Achávamos que era fome ou algo parecido”, contou.
Com 1 ano, Yasmim ainda estava aprendendo a engatinhar e ainda não havia aprendido a falar. Com o peso abaixo da média, a vizinha conta que as crianças estavam desnutridas e passavam necessidades. “Cansei de ajudá-los com cestas básicas”, complementou.
Investigação
As investigações sobre a morte de Yasmim sofreram uma reviravolta. Inicialmente, a ocorrência foi registrada como acidente doméstico na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), mas o exame cadavérico do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que a menina morreu em decorrência de ação humana. Informações do laudo a qual o Correio teve acesso indica que a bebê apresentava diversas lesões no corpo causadas em sessões contínuas de agressões.
Yasmim tinha cinco marcas de hematomas no pescoço, supostamente causadas por dedos e na parte frontal da coxa; lesão no olho direito; fraturas nas costas, no crânio e no ombro; e feridas na região das nádegas, com resquícios de fezes. “Os médicos legistas concluíram que os hematomas apresentavam uma escala de cor diferentes, o que determinou que haviam lesões antigas, só não sabemos precisar o tempo exato”, afirmou o delegado-chefe da 26ª DP, Rodrigo Larizzati.
Em depoimento, o padrasto afirmou que Yasmim teria morrido após o outro filho da mulher, de 2 anos, ter derrubado a criança acidentalmente ao tirá-la do berço. A versão não convenceu os policiais. Presos temporariamente na terça-feira (4/5), a mãe e o padrasto negaram as acusações e alegaram que nunca bateram ou agrediram a bebê. O casal deverá prestar novo depoimento à polícia. “As investigações continuam para saber se foi homicídio ou maus-tratos que resultaram em morte. Uma coisa podemos confirmar: não foi acidente. Mataram a Yasmim”, declarou o delegado. As duas crianças filhas da mulher estão sob a guarda da avó materna.
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