Pandemia

Covid-19: Profissionais da vacinação contam histórias de alívio e felicidade

Relatos de gratidão de quem recebeu a vacina são motivo de esperança em meio à pandemia

Larissa Passos
postado em 03/05/2021 06:00 / atualizado em 03/05/2021 09:13
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press             )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )


Há mais de 1 ano, os brasilienses enfrentam o medo, a perda de familiares e medidas de distanciamento social que nos obrigaram a adotar um novo estilo de vida. Tudo causado pela pandemia do novo coronavírus. Diante de tantas tristezas, em 19 de janeiro deste ano, a ciência trouxe esperança para população com a vacinação contra a covid-19. Histórias emocionantes fazem parte do dia a dia dos profissionais de saúde que estão aplicando os imunizantes nos brasilienses.


A enfermeira Cláudia Souza, 43 anos, trabalha no posto de vacinação por drive-thru do Parque da Cidade. Ela revelou que, diariamente, surgem histórias tocantes nos pontos de aplicação e cita o exemplo de um casal que se ajoelhou e agradeceu após receber a primeira dose. “Aquilo foi tão bonito que eu fiquei toda arrepiada. A senhora chorava muito, e eu sou mole, fiquei com o olho cheio de lágrima”, lembra.

Ao aplicar o imunizante em familiares, como tios, primos e o sogro, Cláudia se sentiu ainda mais aliviada. “Isso foi muito legal, porque a gente vê que a vacina está chegando na nossa família. Pra mim, foi o melhor dia de vacinar”, confessa a enfermeira, que também atua na internação de pacientes com covid-19 no Hospital das Forças Armadas (HFA). “A gente sabe que, imunizando, são menos pessoas que eu vou atender no hospital”, ressalta.

A campanha de imunização contra a covid-19 no Distrito Federal começou há três meses. Até o momento, mais de 100 mil pessoas receberam a segunda dose das vacinas — CoronaVac ou Covishild. A capital federal está fazendo as aplicações em profissionais de saúde das redes pública e privada, idosos a partir de 60 anos, indígenas, pessoas em instituições de acolhimento e servidores de segurança pública.

A psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Patrícia Barbosa, 47 anos, atua na linha de frente da pandemia desde o início do ano passado e decidiu se tornar voluntária do posto de vacinação do Parque da Cidade. Ela se emociona quando vê a gratidão de quem recebe a vacina. “Quando a gente vê a compreensão dos idosos, principalmente, de ver que está todo mundo se esforçando para ajudá-los. Tem alguns já com bastante idade, bem debilitados e mostram o respeito deles com a gente”, conta.

Patrícia lembra, especialmente, de um idoso de 95 anos, que passou um mês convencendo a família, que é contra a vacinação, de que precisava se imunizar. “Todo mundo ficou mexido aqui, porque estavam tirando o direito dele só por ter muita idade, mas totalmente lúcido”, argumenta.

Esperança

“No início da vacinação, aqui, no Guará, veio uma família que demonstrava muita felicidade. Quando um dos idosos se vacinaram, eles filmaram, tiraram fotos e cantamos parabéns para ele. Foi muito emocionante, eu enchi os meus olhos de água e falei: ‘que coisa mais linda!’. A expectativa deles esperarem a vacina é uma esperança. Eu achei muito bonito. Outro, foi um idoso que elogiou a organização do posto e perguntou quantos trabalhavam aqui. Logo depois, ele trouxe lanche pra todo mundo parabenizando a gente e agradeceu pelo tratamento que recebeu. É gratificante você estar trabalhando na saúde, cuidando das pessoas, orientando e ajudando até os seus familiares”.

Elizete de Sousa Morais, 48 anos, técnica de enfermagem, Centro de Saúde nº 2 do Guará

Mãos dadas

“Essa vacinação, para mim, está sendo uma realização, porque a gente vê que está ajudando a população a ficar mais forte e imunizada para lutar contra esse vírus horrível. Não temos muita ideia do que ele faz. Eu venho trabalhar na campanha de imunização todos os dias, eu grito, faço festa com todo mundo, fico arrepiada e choro. Uma história que me comoveu foi de um senhor que estava fazendo aniversário, cantamos parabéns. Ele chorava de lá, e a gente, de cá. Outro caso, foi de uma senhorinha que ofegava, e eu tive que segurar a mão dela na fila até chegar a hora da vacinação.”

Sâmela Souza, 46 anos, enfermeira do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e coordenadora do posto de drive-thru do Parque da Cidade

Proteção

“O que mais me emocionou foi quando eu apliquei a primeira dose da vacina na minha mãe, que, agora, tem 81 anos. Ela tomou logo nas primeiras doses, já estava no segundo dia de imunização, e ficou bem ansiosa. Eu tomei no primeiro dia, e a minha mãe tomou no seguinte, que já estava aberto para a população. Eu fiquei muito emocionada, porque dá uma sensação de alívio, é como se eu estivesse injetando na minha mãe uma proteção. Nós duas nos emocionamos juntas.”

Andreia Rodrigues, 45 anos, enfermeira do Centro de Saúde nº 2 do Guará

Responsabilidade

“Quando eu vejo uma fila de carros imensa dessas, que a gente tem a responsabilidade de acabar com ela, de imunizar e levar esperança para essas pessoas, sinto uma gratidão muito grande. Mesmo a gente passando por eles rapidinho, sempre tem um ou outro que marca. No meu caso, foi uma senhora que teve de ser imunizada lá fora, porque ela usava um balão de oxigênio. No momento da correria, eu fiquei muito angustiada, porque não sabia a situação de como ela estaria dentro do carro. Fiquei com um pouco de medo e receio, mas corremos lá e a imunizamos, foi tudo bem. Depois da vacinação, a senhora chorou bastante e ficou emocionada. Isso me marcou muito, de poder contribuir para a felicidade dela. Eu chorei, aqui, a gente chora todo dia.”

Sâmea Maria da Silva, 28 anos, enfermeira do posto de vacinação da Unieuro de Águas Claras

Lembrança

“Eu estou no posto de vacinação da Unieuro há 15 dias e está sendo muito gratificante realizar o sonho de muitas pessoas, ainda mais vivendo em uma pandemia. Eu, inclusive, perdi a minha avó para essa doença. Todo mundo está sonhando em receber essa vacina e logo logo todos vão ser vacinados. Quando eu entrei aqui, teve um senhor que olhou pra mim e disse: ‘Que as suas mãos sejam abençoadas por Deus’. Acabou caindo uma lágrima dele, e eu nunca vou me esquecer disso, porque eu lembrei na hora da minha avó, foi um momento marcante. Ela tinha 76 anos, pegou a covid-19, chegou a ser curada, mas, dentro do hospital, pegou uma infecção e veio a óbito. Devido a todas as comorbidades que ela tinha, como cardiopatia e diabetes, uma coisa levou a outra.”

Médlem Josseane Campos, 29 anos, enfermeira do posto de vacinação da Unieuro de Águas Claras

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