Com a expectativa pela chegada de mais doses de vacinas contra a covid-19, pessoas com 60 e 61 anos do Distrito Federal — os próximos a entrar no grupo prioritário da campanha, segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI) — aguardam ansiosos pelo atendimento. Apesar disso, a Secretaria de Saúde (SES-DF) não recebeu sinal do Ministério da Saúde sobre quantas unidades deve receber na próxima remessa, da Pfizer/BioNTech, com previsão de entrega até o fim desta semana.
Dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) — usados no plano de vacinação elaborado pela SES-DF — mostram que há cerca de 50,5 mil pessoas nessa faixa etária: 26.002 com 60 anos, e 24.505 têm 61. A servidora pública aposentada Gláucia Sanbá Franco, 61, acredita que a imunização do grupo dela se aproxima. “Quero tomar logo a vacina para ver se a situação da minha saúde melhora um pouco. Tive uma dermatite por estresse em abril do ano passado. Tratei fazendo sessões de ioga, participando de grupos de comunhão espírita e fui melhorando aos poucos. (Depois de tomar as doses,) vou continuar com todos os cuidados contra o vírus”, relata a moradora da Asa Norte.
Ontem, os integrantes do Comitê de Operacionalização da Vacinação do DF se reuniram para discutir os próximos passos da campanha. Na pauta, estavam temas como a abertura de cadastro para pessoas com comorbidades, o que deve ocorrer nesta semana e a aplicação do reforço apenas em quem recebeu a primeira dose (D1) no DF — tema que, segundo fontes da pasta, tem provocado indignação entre gestores de outras unidades da Federação. Até o fechamento desta edição, o encontro não havia terminado.
A conduta referente à segunda dose (D2) visa garantir que quem recebeu a primeira em Brasília não corra risco de ficar sem a imunização completa. A orientação começou a valer na semana, passada. Como o DF não usou as vacinas do reforço para atendimento de mais pessoas, a capital do país — que chegou a ficar em primeiro lugar em relação à porcentagem da população total imunizada com a D1 — caiu no ranking nacional e, ontem, ocupava a 13ª posição. Ainda assim, mais de 7% dos brasilienses receberam o reforço, o que coloca o Distrito Federal em segundo lugar na lista. Os dados são do portal Coronavírus Brasil.
A SES-DF deu início a um treinamento de militares que atuarão na campanha. Eles receberam instruções sobre o PNI, funcionamento da rede de frios e registro das doses recebidas na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O interesse partiu do Exército Brasileiro, segundo integrantes da pasta, mas as atividades tiveram participação de médicos e enfermeiros das três forças armadas. Agora, os comandos articulam com o Executivo local a abertura de um drive-thru em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), para atendimento da população-alvo. Até ontem, 421 mil brasilienses haviam recebido a primeira dose, e 235 mil, o reforço.
Palavra de especialista
Para reduzir a ansiedade
A pandemia tem se agravado e, com isso, frustrado as expectativas que criamos. Mesmo com a vacinação de idosos, é necessário manter o isolamento social e os protocolos que preveem uso de máscara e álcool em gel. Portanto, a tensão, o medo e a ansiedade continuam. Estamos lidando com algo que foge de nosso controle. A ciência trabalha a todo vapor para trazer informações seguras, mas, ainda assim, nesta era global, temos de lidar com as fake news. Esse combo pode contribuir para um aumento na ansiedade entre idosos: falta de controle sobre a situação; desinformação; frustração; falta de expectativa sobre quando filhos e netos também serão vacinados; sonho de voltar para um cenário normal — para o qual não há data. Para amenizar os sintomas, é preciso manter as medidas de segurança sanitária; cuidar da saúde mental; fazer exercícios de respiração e meditação; bem como inovar nas possibilidades de lazer e entretenimento seguro, afinal, a adaptação é uma habilidade importante para nós, seres humanos.
Jennifer Lisboa, psicóloga clínica
Tira-dúvidas
Quais as vacinas disponíveis no DF atualmente?
CoronaVac, vacina chinesa produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac; e Covishield, imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca e fabricado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Quando a da Pfizer estará disponível?
A expectativa é de que mais de 500 mil doses sejam distribuídas entre as capitais do país a partir desta quinta-feira (29/4).
Quais os efeitos colaterais dos imunizantes contra a covid-19?
As reações adversas mais comuns associadas a todos eles estão relacionadas a dor no local da aplicação e eventual processo alérgico. As mais raras incluem febre e hipersensibilidade. A forma mais segura de tomar uma vacina é informar, na triagem, qualquer condição de saúde ou alergia.
Se eu tiver alguma reação à vacina, o que devo fazer?
Deve dirigir-se à unidade de saúde mais próxima para avaliação de uma equipe médica.
Posso tomar mais de duas doses?
Ainda não há estudos finalizados sobre o que ocorre caso alguém tome mais de duas doses dos imunizantes. A recomendação em relação às vacinas que temos circulando no Brasil hoje é que receber apenas duas doses. As pesquisas vão dizer se será necessário reforçar a imunização dentro de alguns anos.
A segunda dose perde o efeito se eu recebê-la após a data prevista?
Não. Ela pode ser tomada mesmo após o prazo, mas, quanto mais tempo a pessoa estiver sem o reforço, mais tempo ficará exposta, pois a imunização só ocorre com a aplicação das duas doses. Com uma apenas, não se alcança o efeito máximo.
A população pode escolher qual vacina quer tomar?
A disponibilização das vacinas ocorre de acordo com a chegada de doses. Sendo assim, não é possível afirmar quais tipos serão aplicados em cada grupo.
Fontes: Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Ministério da Saúde e infectologista Ana Helena Germoglio