CRISE

Dia da Empregada Doméstica: profissão sofre sem equiparação social e trabalhista

Embora a remuneração auferida por estas trabalhadoras fosse superior ao salário mínimo por hora praticado no país, os ganhos mensais da categoria superaram com timidez o piso nacional

Nesta terça-feira (27/4), comemora-se o Dia Nacional da Empregada Doméstica, profissão que ainda sofre com a equiparação social e trabalhista, principalmente em meio a pandemia. Entre agosto de 2020 e março de 2021, a jornada média semanal das mulheres que trabalhavam no emprego doméstico no Distrito Federal era de 33 horas, ficando em R$ 8,53 o valor que recebiam pela hora trabalhada. Embora a remuneração auferida por estas trabalhadoras fosse superior ao salário mínimo por hora praticado no país, R$ 6,25, seus ganhos mensais, registrados em R$ 1.205, superaram com timidez o piso nacional de R$ 1.100.

Segundo o levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), 63,3% das secretárias do lar têm entre 30 e 49 anos de idade, e 28,2% têm acima de 50 anos. O emprego doméstico tem sido, ao longo de muitos anos, uma das principais inserções ocupacionais das mulheres, contribuindo para a sua sobrevivência e a de suas famílias. Quanto a posição na família, condizente com o perfil etário apurado para estas trabalhadoras, 45% eram as principais responsáveis pela família e outras 44,7% eram cônjuges.

O levantamento é do Boletim Sintético feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a Codeplan. Para a pesquisa, utilizou-se informações apuradas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) na Área Metropolitana de Brasília (AMB).

Desemprego

O Distrito Federal contou, em março, mais 18 mil pessoas desempregadas. Com o acréscimo, o total de brasilienses desocupados no mês alcançou 316 mil, índice de 19,5%. É o quarto aumento consecutivo na taxa de desemprego na capital federal. Em fevereiro, o percentual de desempregados no DF era de 18,6%, total de 298 mil pessoas.

Lucia Garcia, coordenadora de Pesquisas de Mercado de Trabalho do Dieese, destaca que a piora do quadro consolida tendência observada desde a virada do ano. “Isso ocorre, principalmente, porque há uma necessidade de manutenção e renda da população que, mediante o fim do programa de auxílio emergencial, voltou a procurar trabalho e não encontra, pois as ocupações não são geradas”, afirmou.

De acordo com o documento, o aumento do desemprego é resultado do crescimento do número de pessoas em desemprego aberto e em desemprego oculto. "O acréscimo na taxa de desemprego total refletiu o crescimento da taxa de desemprego aberto, que passou de 16% para 16,6%, e da taxa de desemprego oculto, de 2,6% para 2,9%", afirma a pesquisa.

O conceito de desemprego aberto compreende as pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores à pesquisa, sem exercer nenhum trabalho nos últimos sete dias.

O desemprego oculto engloba tanto quem buscou emprego antes da pesquisa e realiza, de forma irregular, algum trabalho, quanto quem está desempregado e não procurou ocupação por desestímulo do mercado de trabalho.

Pandemia

Os efeitos da situação de emergência sanitária proveniente da covid-19 ainda são percebidos no contexto de emprego e desemprego no Distrito Federal, persistindo sobre a dinâmica da economia.

"A incerteza gerada quanto ao tempo que ainda será necessário para se acabar de vez com os constantes lockdown e isolamento social leva também a dificuldades de previsão quanto à retomada do emprego e redução dos níveis de desemprego no DF", observa Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan.

Para o gerente, o mês refletiu a volta para o mercado de trabalho de um número considerável de pessoas inativas. "Como não ocorreu aumento do nível ocupacional, com a geração de novos postos de trabalho, esse retorno ficou representado pelo consequente aumento do desemprego absoluto e da taxa de desemprego no DF, a qual, nesse mês, registrou o quarto aumento consecutivo", ressalta.

Gênero e raça

Entre as mulheres, o desemprego cresceu 1,5 ponto percentual (p.p) e alcançou 22,3%. Os homens, por sua vez, perceberam aumento de 0,3 p.p no nível de variação da desocupação, com índice em 16,9%.

A taxa de desemprego teve maior crescimento entre as pessoas não negras — de 15,5% para 16,6%. Entre os negros, o acréscimo foi de 0,8 p.p, com o índice alcançando 21,2%.

Faixas de renda

As regiões de baixa renda do Distrito Federal foram as que mais sentiram o aumento do desemprego no último mês. Nesse grupo, a variação foi de 21,6%, em fevereiro, para 24,5%. Os locais de média e alta renda viram o índice de desocupação passar de 18,1% para 19,1%, ao passo que, nas regiões de média e baixa renda, a taxa permaneceu relativamente estável, variando de 21,9% para 21,8%.