OBITUÁRIO

Neuza Gonçalves de Oliveira, 82 anos, pioneira

De família que tinha ligações fortes com a história de Juscelino Kubitschek, Dona Neuza não resistiu a um ataque cardíaco

Morreu, aos 82 anos, Neuza Gonçalves de Oliveira. Ela não resistiu a um ataque cardíaco e faleceu em casa, no Park Way. Ela contraiu covid-19 e saiu do hospital há um mês, mas nunca mais foi a mesma. Nascida em Belo Horizonte, em 17 de novembro de 1938, Dona Neuza era uma pioneira. Teve quatro filhos, Marco Antônio Jardim, Júlio César Jardim, Flávia Jardim e Otávio Augusto Jardim, do primeiro marido, Serafim Jardim, e adotou como filha do coração Maria Cristina de Oliveira, filha do segundo marido, Ildeu de Oliveira, com quem foi casada durante quatro décadas.

A família tem ligações fortes com a história de Juscelino Kubitscheck. Serafim Jardim é presidente da Casa de Juscelino em Diamantina e Ildeu era primo de JK. Neuza foi amiga e assessora próxima de Márcia Kubitschek quando ela voltou para Brasília na década de 1980.

Dona Neuza deixa quatro filhos, 17 netos e oito bisnetos. Era o centro da família. Festeira, costumava reunir amigos e familiares em almoços que duravam o dia inteiro. Nos últimos anos, Neuza perdeu o marido, Ildeu, a filha Maria Cristina e um casal de amigos muito próximos, Carlos Murilo e Déa Felício dos Santos. O casal se foi em janeiro, com uma diferença de apenas 12 dias.

Filho da pioneira, o aposentado Marco Jardim, 60, relembra a mãe com carinho e saudade. “Ela deixou um legado de amor muito grande. Amava a vida, os netos e os amigos. Abria os braços a quem chegasse, para abraçar e proteger”, diz.

Dona Neuza chegou à capital em 1960 e também incentivou outras pessoas a adotarem Brasília como casa. “Ela abriu a porta da casa dela para receber as pessoas, para que elas morassem em Brasília. Veio para Brasília, construiu a sua família, os seus quatro filhos, agregou mais alguns. Um coração enorme”, afirma Marco.

Mais um pioneiro

Neuza foi a terceira pioneira que morreu neste fim de semana. No sábado, faleceram Dionísio Bezerra, o rei das pipas, e o produtor rural Djalma Tarcísio Machado, vice-presidente da Associação de Produtores do Distrito Federal e membro do conselho da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF). Ele tinha 71 anos e morreu no Hospital de Campanha da PM, no sábado, por infecção pulmonar causada devido a complicações da covid-19.

O produtor rural saiu do pequeno município mineiro de Coromandel, em 1967, para desembarcar na nova capital federal. Inicialmente como escriturário, conviveu com políticos e empresários. Mas foi como produtor rural que ele se destacou e virou um dos principais representantes da categoria no DF. “Viveu uma vida boa. Veio de uma cidade muito pequena, da roça, para conviver com gente do mundo”, conta a professora aposentada Cléia Gerin, 70 anos, esposa do produtor. Djalma foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério Campo da Esperança, no Plano Piloto. Ele deixa a esposa, quatro filhos e seis netos.