Em meio à campanha de vacinação contra a covid-19, o Governo do Distrito Federal espera receber um novo tipo de imunizante. Fontes da Secretaria de Saúde ouvidas pelo Correio afirmam que o Ministério da Saúde indicou que deve entregar uma remessa da vacina Pfizer/BioNTech na próxima quinta-feira. Apesar disso, ainda não se sabe quantas doses serão entregues e qual o público-alvo atendido por elas. De qualquer forma, apenas com a entrega semanal das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, fontes da pasta dizem que estão otimistas com a possibilidade de a imunização ser ampliada para pessoas com 60 e 61 anos, última faixa etária de idosos, segundo o Plano Nacional de Imunização.
O governo federal indicou que a expectativa é de que 1 milhão de doses da Pfizer sejam distribuídas pelo país em maio. Devido à composição da vacina, que requer armazenagem em baixíssimas temperaturas para se manter estável — -75ºC, com variação de 15 graus para mais ou para menos — apenas as capitais com câmaras refrigeradas capazes de armazenar corretamente os imunizantes vão receber a primeira remessa.
As vacinas vão, primeiro, para a Central de Distribuição e Logística do Ministério da Saúde, onde ficarão armazenadas em caixas da própria Pfizer, a -80ºC. Segundo o Ministério da Saúde, a distribuição das doses será feita em caixas com bobinas de gelo, onde as vacinas podem ficar por até 14 dias. Assim que forem colocadas nos pontos de vacinação locais, a aplicação deve ocorrer em até cinco dias.
Segundo a Secretaria de Saúde, o DF conta com um ultracongelador com 570 litros de capacidade e que comporta até 40 mil doses, com temperatura que chega a -80°C. Além disso, a Universidade de Brasília (UnB) colocou à disposição cinco equipamentos semelhantes e o Ministério da Saúde está finalizando processo de aquisição de freezer para os estados; a previsão é de que o DF receba seis.
A Pfizer é uma vacina norte-americana que foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 23 de fevereiro e assinou um contrato com o governo brasileiro em 19 de março (leia Para saber mais).
Vacinação
Apesar da expectativa, o uso da Pfizer no DF depende da indicação do Ministério da Saúde, assim como o uso da próxima remessa das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, já em aplicação na capital federal. Mesmo assim, o governo local tem a expectativa de receber doses suficientes para ampliar a campanha de vacinação para pessoas com 60 e 61 anos, faixa etária composta por cerca de 50,5 mil moradores do DF, segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Enquanto a campanha não é ampliada, idosos com 62 anos ou mais puderam se vacinar contra a covid-19. Ontem, o processo foi mais movimentado durante a manhã, mas, a partir das 12h, o fluxo de carros e de pessoas em alguns pontos de vacinação começou a diminuir. No estacionamento 13 do Parque da Cidade, por volta das 14h, o movimento era tranquilo e sem maiores complicações. José Nelson Soares, 62 anos, mora em Brazlândia e, ontem, foi ao local para receber a primeira dose. “Mesmo depois da vacina não muda nada, sigo me cuidando com máscara, álcool em gel e saindo só para o necessário”, diz o construtor.
Léa Mota, 62, também decidiu se vacinar contra o coronavírus ontem. No drive-thru do Mané Garrincha, a aposentada estava emocionada com o momento. “Nem posso falar que eu choro. Deixei de fazer muita coisa por causa dessa pandemia e mal posso esperar para ser imunizada”, afirma. A moradora da Asa Sul diz que os planos para após a vacinação são simples. “Viver um pouco mais, aproveitar a vida”, completa, com lágrimas nos olhos.
Mesmo com a variedade de vacinas disponíveis, é importante lembrar que a pessoa não pode escolher qual tomar e que a aplicação é feita de acordo com a disponibilidade de cada ponto de vacinação. A campanha continua hoje. São 18 pontos disponíveis, que funcionam das 9h às 17h.
Sputnik V
Além da espera pela Pfizer, o GDF aguarda a decisão da Anvisa sobre o uso da vacina russa Sputnik V. O que é produzido em uma fábrica da União Química no DF e o governador Ibaneis Rocha (MDB) lidera o Consórcio Brasil Central (BrC), grupo que negocia, diretamente com o Fundo Soberano Russo, a compra de 28 milhões de doses da vacina para todo o país. A agência reguladora deve definir amanhã se autoriza ou não o uso do imunizante.
Caso a Anvisa dê o aval necessário, a intenção do GDF é que cerca de 4 milhões de doses da Sputnik V sejam enviadas a cada consorciado. Porém, essa definição também ainda está em discussão junto ao Ministério da Saúde. De qualquer forma, na próxima semana, o contrato da negociação deve chegar a Brasília para ser assinado pelo BrC. Fazem parte do grupo os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Rondônia, além do DF.
*Colaborou José Carlos Vieira