Eixo capital

alexandre de paula alexandresouza.df@dabr.com.br TUITADAS Acompanhe a cobertura da política local com @alexandrepaulas


No azul
Apesar das dificuldades econômicas impostas pela segunda onda da covid-19 no Distrito Federal, as receitas do GDF seguem acima das despesas. Levantamento no Portal da Transparência mostra que o Executivo local arrecadou R$ 9,1 bilhões em 2021. As despesas, até agora, estão em R$ 6,5 bilhões. Em 2020, o governo também conseguiu fechar sem deficit, mesmo com a crise. Foram R$ 24,9 bilhões de receita contra R$ 24,6 bilhões gastos. De acordo com a equipe econômica local, a capital estará pronta para impulsionar a retomada assim que os efeitos da pandemia diminuírem.

 

Vaga aberta
Termina na próxima quinta o período de campanha para a vaga destinada ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Oito integrantes do MP se inscreveram para a disputa. Depois da definição dos seis mais votados entre os próprios colegas, o TJDFT define lista tríplice a ser encaminhada para a escolha do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

 

Redução
Em 2020, o Distrito Federal arrecadou menos com multas de trânsito. Foram mais de R$ 90 milhões a menos do que 2019, quando foram recebidos cerca de R$ 342 milhões. No ano passado, o total ficou em aproximadamente R$ 251 milhões.

 

Modernização
À semelhança do que ocorre em grandes empresas da iniciativa privada, o secretário de Economia do DF, André Clemente, diz que dar melhores condições para os servidores têm sido prioridade. A ideia é humanizar o espaço de trabalho e cuidar do bem-estar dos profissionais com os impactos à saúde mental causados pela pandemia. Para isso, palestras e atividades passaram a ser oferecidas. Além do possível impacto na produtividade, os servidores públicos são um potencial ativo eleitoral muito desejado por todos que sonham com o Palácio do Buriti.

 

Força para o turismo
Abalado pelas restrições da pandemia, o turismo tem recebido apoio do governo local e de entidades do setor produtivo. A ideia é fortalecer os pontos de destaque e abrir novas opções para que a cidade possa voltar a receber visitantes no pós-pandemia.

 

Reconhecimento
Ao citar avanços do Brasil na proteção ao Meio Ambiente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acabou dizendo que o Brasil evitou, nos últimos 15 anos, 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. O detalhe fica para o período, que engloba os governos petistas, tão criticados pelo mandatário.

 

Contra a corrente
A advogada Thais Riedel vai lançar candidatura para as próximas eleições da seccional da OAB-DF. Atualmente, não há nenhuma mulher na presidência das 27 unidades regionais da ordem. Esse é um dos pontos que a campanha dela deve tratar. O pleito está marcado para novembro deste ano e pode ocorrer de forma digital por causa dos efeitos da pandemia de coronavírus.

 

Mandou BEM
Voluntários da sociedade civil, como mostrou reportagem do Correio nesta semana, estão se juntando para se dedicar ao resgate de bichos abandonados no Distrito Federal. O trabalho ajuda a dar dignidade e saúde a animais em condições vulneráveis.

 

Mandou mal
Pelo menos 16,5 mil pessoas foram vacinadas contra covid com doses trocadas de imunizantes, como mostrou um levantamento da Folha. Não há estudos que comprovem a eficácia da mistura. Por isso, essas pessoas ficam, na prática, sem ter a proteção completa.

 

Só papos

 

“Se você conseguir demonstrar, sem ajuda de outra pessoa, que sabe quais são as capitais do Brasil ou pelo menos os nomes dos seis biomas brasileiros, a gente começa conversar…”
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente

 

“Se você conseguir explicar, pode ter ajuda de alguém, porque sozinho você não conseguiu raciocinar, qual o perigo de acabar com a fiscalização do Ibama ou de ir contra a Polícia Federal para defender madeireiros na maior apreensão de madeira na Amazônia, a gente começa a conversar…”
Anitta, cantora

 

À QUEIMA-ROUPA

 

André Rosa, cientista político pela UnB, mestre em psicologia política pela UCB e especialista em relações governamentais pelo Ibmec


O DF se fortaleceu no cenário nacional com as mudanças nos ministérios?
Anderson Torres e Flávia Arruda, ao incorporarem ao quadro ministerial do governo federal, colocam a política local nos holofotes da capital em meio a um governo contestado internacionalmente. Mas, de fato, embora o governo esteja em um momento de profundo desgaste, os dois players que hoje compõem o Ministério da Justiça e da Secretaria de Governo poderão oferecer outros benefícios para o governo do Distrito Federal, tanto em termos de recursos financeiros, como de capilaridade política nas decisões das respectivas pastas. Um dos últimos representantes do DF, o ex-governador Cristovam Buarque, foi um nome que passou pouco tempo na pasta da Educação no governo Lula. Os dois novos atores têm a possibilidade de garantir um maior protagonismo para o DF, sobretudo em relação à possibilidade de novos pleitos direcionados aos interesses candangos. Mas, além do fortalecimento, é preciso cautela: em meio a um Planalto que busca refrigerar a crise, a pasta, principalmente da Secretaria de Governo, caso não tenha eficácia, visto ser a mais importante para a articulação de votações no Congresso Nacional, somado ao fato de estar mais exposta a escândalos (não necessariamente corruptivos), pode causar um efeito rebote: ao invés do protagonismo, o DF também pode correr o risco de reacender às páginas policiais — algo muito desgastante em um momento de crise sanitária.


O governador Ibaneis tem mantido apoio ao presidente Bolsonaro. Politicamente, isso é interessante para ele?
O apoio ao presidente Bolsonaro tem um viés muito mais voltado para a arena de gestão governamental do que de fato uma futura transferência de votos para o governador nas próximas eleições, principalmente porque, após a pandemia, inicia-se uma nova crise: os desdobramentos da CPI da Covid-19. Portanto, o apoio do governador do Distrito Federal visa prospectar maiores transferências de recursos da União, garantir um maior quantitativo de doses de vacinas e também socorros financeiros em casos de agravamento do quadro fiscal decorrentes da queda da arrecadação. Outro ponto relevante na construção que o governador Ibaneis tem atuado junto ao Planalto é possibilitar uma menor incisão da Presidência da República caso venha a ocorrer investigações contra os governadores estaduais. Por exemplo, João Doria é um dos governadores que estão na mira do Executivo Federal caso as investigações caminhem por essa faixa. Desta forma, Ibaneis, ao se aproximar do presidente Bolsonaro, mitiga as possibilidades de aumento da crise sanitária por falta de verbas e vacinas e, ao mesmo tempo, se previne contra futuras investidas no nível jurídico.


As eleições do ano que vem serão pautadas pela pandemia? Qual será o impacto?
Pode se dizer que as eleições de 2022 serão um mix de pandemia versus economia. Por um lado, os postulantes à cadeira presidencial gastarão todas as suas fichas para desconstruir a persona de Bolsonaro enquanto líder nacional, atribuindo para si o fracasso do Ministério da Saúde e, ao mesmo tempo, lhe auferindo a culpabilidade pelas mortes ocasionadas pela covid-19. Pode-se considerar que os impactos da pandemia serão catastróficos do ponto de vista do contexto eleitoral. Por que Bolsonaro se enfraquece? Ao passo que Lula volta ao jogo político, sobretudo após a suspeição e possível parcialidade de Sérgio Moro na Operação Lava-Jato, o coloca como um líder da esquerda com grandes chances de chegar ao segundo turno. Por outro lado, no campo da centro-direita, ascende uma candidatura de João Doria, que se credencia por tomar as rédeas da produção científica da coronavac e também da butanvac. Ou seja, o principal opositor da ala mais conservadora coleciona feitos em vácuos de poder que Jair Bolsonaro deixou na gestão da pandemia. Não apenas João Doria, mas outros players ocuparam bem esse vácuo de poder, tais como o presidente do Senado e da Câmara dos Deputados. Fato é, após o sucesso da coronavac e de Lula de volta ao debate, a estratégia bolsonarista precisou se adequar a nova realidade, causando, inclusive, confusão na atuação da militância do Planalto.


Há risco de o presidente ficar fora do segundo turno?
Considero que a esquerda teria hoje uma vaga garantida no segundo turno e a centro-direita estaria disputando um espaço com João Doria, Sergio Moro, que poderia, inclusive, tirar Jair Bolsonaro do segundo turno das eleições. A tendência é que com a campanha política e o marketing político em andamento, a centro-direita nessas figuras passe a figurar em níveis mais altos nas pesquisas de opinião eleitoral. Ascende, desta forma, um alerta a um Executivo que se preocupou com as eleições de 2022 desde a data da posse presidencial. Ou seja, é certo que fica muito claro para os estudos da ciência política que pensar em eleições após a posse pode ser uma verdadeira estratégia equivocada. Primeiro deve-se correr atrás de garantir os resultados, depois, narrativas eleitorais. O inverso disto se torna um discurso vazio e de inexpressiva captação de votos.


No âmbito nacional, quais os riscos da CPI da Pandemia para o governo Bolsonaro?
Os riscos para Bolsonaro em relação CPI da Pandemia e a Operação Lava-Jato são muito semelhantes. Obviamente que a operação Lava-Jato caminhou por 13 anos de desgastes do PT no governo. Entretanto, apesar de ter um quadro positivo à sua permanência no Congresso Nacional, à medida em que o governo for mantendo-se insustentável frente as investigações, tendo em vista os desdobramentos da CPI, tal quadro do Legislativo pode ir se voltando ao Executivo Federal, principalmente por não desejarem prospectar a narrativa de apoio a um presidente que pode ter gerido mal a crise sanitária. Ou seja, traições políticas deverão ocorrer e o presidente ficará extremamente isolado no fim do primeiro semestre de 2022.