TRANSPORTE

Primeiro dia de greve dos metroviários é marcado por aglomerações

Após liminar do Metrô-DF junto ao TRT, categoria opera com 60% dos trens durante o horário de pico, e com 40% nos demais períodos. Passageiros ouvidos pelo Correio não sabiam da paralisação e se mostraram preocupados com os vagões cheios

Surpreendidos pela greve dos metroviários, os usuários do metrô se mostraram preocupados com as aglomerações nos trens e ônibus do Distrito Federal. A greve foi deflagrada após assembleia do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô-DF), na noite de domingo. Nesta segunda-feira (19/4), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) acatou o pedido do Metrô-DF para que a circulação dos trens ficasse em 60% nos horários de pico, e em 40% nos demais períodos do dia. No primeiro dia de paralisação, o Correio registrou aglomerações em pontos de ônibus de Ceilândia, Taguatinga, na Rodoviária do Plano Piloto e nas estações do metrô Ceilândia Sul, Praça do Relógio e Central.

A princípio, o SindMetrô-DF propôs operar com 30% da frota, com paralisação dos funcionários por tempo indeterminado. A categoria exige direitos trabalhistas para o triênio 2021-2023, como a assinatura do acordo coletivo da categoria, a não redução de direitos, o pagamento do 13º auxílio-alimentação e regularização do plano de saúde.

Às 11h de ontem, apenas seis dos 24 trens do metrô circulavam. O tempo de espera nas 27 estações foi de quase meia hora. Para amenizar a greve, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF), em um acerto com as concessionárias, decidiu ampliar a quantidade de viagens feitas pelos ônibus que saem da região Oeste do DF com destino ao Plano Piloto.

Com um plano emergencial, 30 linhas de ônibus que partem das cidades de Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras e proximidades foram reforçadas. Veículos que faziam outros itinerários foram remanejados para ampliar a frota dessas localidades, não apenas nos horários de pico, como também pela manhã e à noite.

No caminho para a estação de Ceilândia Sul, o vendedor autônomo Jairo Lopes, 54, foi pego de surpresa quando soube, pelo celular, da greve. “Fiquei surpreso e em dúvida se na volta eu teria o metrô funcionando. Essa greve irá afetar a gente que faz o uso do transporte diariamente. Estou indo ao dentista, em Águas Claras, mas costumo pegar metrô para ir ao trabalho, em Samambaia Sul. No fim das contas, os maiores prejudicados somos nós. Creio que os metroviários estão no direito deles. Mas, nessa pandemia, essa decisão pode causar mais aglomeração nos trens”, alerta.

Na mesma estação, Leda Calixto, 40, soube da greve pela reportagem do Correio, o que a deixou preocupada com as pessoas que retornam para casa no horário de pico, após as 18h. “Não dependo muito do metrô, mas é difícil para os trabalhadores que dependem desse meio, principalmente no início da manhã e no fim da tarde. Com certeza, vai ter mais aglomeração. Não tem para onde correr. Quanto menos transporte, pior fica. Precisam aumentar mais a frota de trens, porque se diminuir, agrava tudo. Pelo menos, temos que ter o básico”, analisa a moradora de Ceilândia.

Funcionamento

Em nota divulgada à imprensa, o Metrô-DF informou que, na manhã de ontem, primeiro dia da greve dos metroviários, todas as 27 estações foram abertas, e o sistema operou com 60% dos trens, como estipulou a liminar do TRT, concedida a pedido da companhia. “Fora do horário de pico, ainda de manhã, seis trens estavam em operação, o que corresponde a 40% do total que normalmente circula neste horário, conforme percentual também estabelecido pelo Tribunal Regional do Trabalho”, disse a nota.

De acordo com o Metrô-DF, desde fevereiro, a companhia realizou nove reuniões de negociação e participou de duas audiências de conciliação no TRT. “No entanto, não houve consenso. O Metrô-DF manteve todos os benefícios, com exceção daqueles considerados sem amparo legal, como o 13º auxílio-alimentação. A Companhia permanece disposta à negociação e aberta ao diálogo, desde que a categoria vote a última proposta apresentada para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2021 — 2023, que contempla avanços, mas sequer foi apreciada pela categoria nas duas últimas assembleias. Foram incorporadas à proposta inicial cláusulas que atendem a reivindicações da categoria, como nova escala de trabalho para agentes de estação e seguranças e gratificação por quebra de caixa”, destacou.

Risco à saúde

Na opinião do Metrô-DF, a greve dos metroviários coloca em risco a saúde pública e o esforço coletivo do GDF e da sociedade, “que há mais de um ano combate os efeitos devastadores da covid-19. Por essa razão, a Companhia espera que os metroviários repensem a paralisação e analisem a proposta apresentada pelo Metrô-DF.”

 

Horários

Nos dias úteis e aos sábados, nos horários de “pico”, deverão ser mantidos 60% dos trens. Nos horários de “vale” diurno e noturno, devem ser mantidos 40% da frota. O TRT impôs multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

Dias úteis
Horários de “pico”: das 6h às 8h45 e das 16h45 às 19h30
Horários de “vale” diurno: das 8h45 às 16h45
Horários de “vale” noturno: das 19h30 às 23h30

Sábados
Horários de “pico”: das 6h às 9h45 e das 17h às 19h15
Horários de “vale” diurno: das 9h15 às 17h
Horários de “vale” noturno: das 19h15 às 23h30

Domingos e feriados
Circularão 40% dos trens

Trânsito

O Departamento de Trânsito (Detran) e o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) informaram que as faixas exclusivas para ônibus seguem proibidas para os veículos de passeio. É o caso das vias W3 Sul, W3 Norte, Setor Policial Sul e Eixo Monumental, assim como a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia), BRT-Sul e Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). Segundo o DER, a dinâmica das faixas nos horários de pico também está mantida nas DF-095, BR-070 e DF-003.