Ainda...
Sou criança, corro nas ruas que carrego em mim
Vivo no tempo que deixei para trás
Não escapa da alma o cheiro das frutas
O guaraná caçula com um furo na tampa
Meio morno aquecia um coração feliz
O barulho do biscoito fritando
O café no coador de pano
A voz ecoava no rádio AM
A mãe amorosa era conforto para tudo
Com o tempo, o branco das nuvens ocupou os cabelos
A imagem que teima em nunca sair
São dos meninos disputando um colo em que cabia o mundo
O som que mora aqui dentro da mente:
A chuva tamborilando nas telhas de barro
Ainda moramos naquela casa antiga, naquele templo.
José Luiz de Paula