Começa amanhã a 23ª Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. A ação vai até 8 de julho, e a previsão da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) é vacinar 90% do público-alvo. Em algumas clínicas e laboratórios da rede privada, a campanha começou e segue até que acabem os estoques. Quem está no grupo prioritário de imunização contra a covid-19 deve ficar atento às datas, pois a recomendação da pasta é respeitar um período mínimo de 14 dias entre uma aplicação e outra.
A Secretaria de Saúde informou, em nota, que a vacinação contra a influenza permitirá, ao longo do ano, prevenir o surgimento de complicações decorrentes da doença, mortes e possíveis impactos sobre os serviços de saúde. A medida também poderá minimizar a carga de casos da gripe e prevenir sintomas que podem ser confundidos com os da covid-19. “As ações de imunização continuam a ser extremamente importantes para proteção contra a influenza e devem ser mantidas apesar de todos os desafios frente a circulação contínua ou recorrente do (coronavírus) Sars-CoV-2”, diz o texto.
A advogada Edilene Barros Soares de Brito, 60 anos, tem asma desde a infância. Apesar de ter feito muitos tratamentos ao longo da vida e de manter, diariamente, os cuidados necessários para uma qualidade de vida melhor, ela toma, anualmente, a vacina contra a influenza para se proteger e por fazer parte dos grupos prioritários (leia Para saber mais). Com a chegada do frio e com o aumento do número de casos da covid-19, Edilene redobrou as medidas de segurança. “Fico em casa a maior parte do tempo, só saio em caso estritamente necessário. Sempre uso máscara, às vezes duas, além de álcool em gel, e mantenho o distanciamento social”, conta.
Também asmática, a médica Luciana Monte, 44, diz que toma a vacina todos os anos e que, desta vez, não será diferente. “Os sintomas da gripe pelo vírus influenza se confundem com os da covid-19. Isso leva a dificuldade no diagnóstico e na diferenciação das duas doenças. Fora que é muito ruim ficar mal, sabendo que há vacinas para nos proteger”, destaca. Com o surgimento da pandemia, ela reforçou a atenção à saúde. “Além de me vacinar contra a gripe, higienizo as mãos com frequência, evito tocar o rosto, mantenho distância de mais de um metro das pessoas, evito contato com gripados e, no contexto atual, uso máscara sempre”, detalha. Hábitos de vida saudáveis, como boa alimentação, sono regulado e exercícios também fazem parte da rotina dela, para garantir a manutenção da imunidade.
Rede privada
Na rede privada de saúde a imunização contra a gripe começou e segue até que terminem os estoques, por isso, não tem data para acabar, conforme informaram representantes de clínicas e laboratórios.
A Superintendente do Sindicato Brasiliense dos Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas do Distrito Federal (SBHDF), Danielle Feitosa explicou que, como a rede pública oferece o imunizante gratuitamente para alguns grupos, quem procura atendimento particular, geralmente, são pessoas não inclusas no público-alvo definido pelo Ministério da Saúde. “Quem não tem direito e reconhece a importância da vacinação costuma buscar os locais particulares que a oferecem”, afirma Danielle.
A vacina oferecida na rede pública protege contra três tipos de influenza: H1N1, H3N2 e tipo B Victoria. Nas unidades privadas, as doses são quadrivalentes e imunizam, também, contra o tipo B Yamagata. O preço da vacina não é tabelado, podendo variar entre R$ 125 e R$ 140.
Infectologista e especialista em vacinas do Exame Imagem e Laboratório, Maria Isabel de Moraes Pinto lembra que qualquer pessoa pode chegar e pedir o imunizante, mas também há possibilidade de receber a aplicação por agendamento pela internet ou em domicílio. “Como algumas pessoas preferem ficar em casa, temos o cuidado de manter a imunização em caixa térmica, para deixar a temperatura entre 2ºC e 8ºC e manter a dose segura”, explica Maria Isabel.
Além de atendimentos nos laboratórios ou em casa, o laboratório Sabin oferece a opção de vacinação drive-thru. O serviço está disponível no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, no Shopping Águas Claras e no Shopping Pátio Brasil. “É essencial cuidarmos da saúde em um momento de crise sanitária, e a vacina contra a gripe comum é a melhor forma de proteger. Com mais pessoas imunizadas contra a influenza, podemos reduzir internações de quadros graves de infecção respiratória, deixando o sistema de saúde focado no tratamento dos casos de pacientes com covid-19”, ressalta Ana Rosa dos Santos, infectologista e gerente médica do Sabin Imunização.
Colaborou Darcianne Diogo
» Três perguntas para
José Cássio de Moraes, professor de ciências médicas da Santa Casa de São Paulo
Que tipo de proteção as vacinas gripais oferecem?
Elas protegem contra cepas de vírus contidas nas vacinas e contra as formas graves da gripe.
Quem tomou alguma dose contra a covid-19 pode ou deve tomar a vacina da gripe? É preciso esperar algum tempo?
Deve tomar a vacina da gripe e esperar 14 dias entre uma dose e outra, segundo recomendado pelo Ministério da Saúde. Como não há um estudo definido sobre o que pode ocorrer, caso a pessoa receba o imunizante contra o novo coronavírus antes, sugere-se esse intervalo por precaução.
Com a temperatura caindo, as chances de sintomas gripais aparecerem são maiores. Qual conselho o senhor daria para pacientes não confundirem esses sinais com covid-19?
O quadro da gripe é bem mais leve do que o da covid-19. A gripe pode começar com febre, mal-estar e coriza, que, na maioria das vezes, duram de três a quatro dias, podendo evoluir para uma pneumonia. Nesse caso, a pessoa resolve o problema tomando um analgésico e percebe o resultado em poucos dias. No caso da covid-19, os sintomas são mais graves, e a pessoa, geralmente, tem perda de olfato e paladar.
INSERT
» Cuidados
As medidas para evitar a gripe são as mesmas que devem ser observadas para evitar a infecção pelo coronavírus, pois os dois compartilham a forma de transmissão. Confira as dicas:
» Higienizar as mãos com frequência, especialmente após tossir ou espirrar;
» Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
» Evitar tocar as mucosas dos olhos, nariz e boca;
» Não partilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal;
» Evitar apertos de mãos, abraços e beijo social;
» Reduzir contatos sociais desnecessários e evitar, se possível, ambientes com aglomeração;
» Evitar visitas a hospitais;
» Evitar ambientes com pouca ventilação;
» Usar máscara.
» Para saber mais
Quem pode se vacinar
QUADRO
» Tira-dúvidas
Como será o calendário de vacinação contra a gripe?
A 23ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza ocorre de 12 de abril a 9 de julho.
Qual é o público-alvo da campanha?
Serão atendidas crianças de 6 meses a 5 anos; gestantes; puérperas; povos indígenas; trabalhadores da saúde; idosos com 60 anos ou mais; professores de escolas públicas e privadas; pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais; pessoas com deficiência permanente; profissionais das forças de segurança, salvamento e das forças armadas; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; e população privada de liberdade. No Distrito Federal, 1.117.656 pessoas integram esse público-alvo.
Posso tomar as vacinas contra a covid-19 e contra a gripe no mesmo dia?
Não. Os técnicos da saúde alertam que deve ser respeitado intervalo mínimo de 14 dias entre as duas.
Qual das vacinas devo priorizar?
A vacina contra a covid-19 deve ser priorizada para quem faz parte do grupo prioritário de vacinação.
Qual a importância de se vacinar contra essas duas doenças?
A imunização contra a influenza previne contra o surgimento de complicações decorrentes da gripe, mortes e possíveis consequências para os serviços de saúde. Além disso, ela minimiza a carga da doença, reduzindo sintomas que podem ser confundidos com os da covid-19
A vacina contra a gripe está disponível na rede privada?
A rede particular de saúde costuma receber as doses antes do sistema público, e o início da campanha ocorre assim que os imunizantes chegam até o esgotamento dos estoques. Algumas clínicas e laboratórios do Distrito Federal já têm vacinas contra a gripe.
Quanto custa a dose?
O valor não é tabelado e varia entre R$ 125 e R$ 140.
É preciso agendar nas clínicas e laboratórios?
Não necessariamente. É importante entrar em contato com o local onde se deseja vacinar, para saber as regras. Algumas clínicas funcionam com agendamento, outras atendem pacientes que chegam espontaneamente ao local. Alguns laboratórios também oferecem serviço de atendimento em domicílio ou via drive-thru.
Fonte: Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF); Danielle Feitosa, do Sindicato Brasiliense dos Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas do Distrito Federal (SBHDF); e infectologista Maria Isabel de Moraes Pinto, do Exame Imagem e Laboratório.