A operação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que levou ao cumprimento de sete mandados de prisão preventiva contra integrantes da maior facção da capital, o Comboio do Cão, nesta sexta-feira (23/4), encontrou um sofisticado esquema de roubos de residências. Bem articulado, o grupo se dividia em tarefas para praticar os assaltos em casas de Brasília, em especial em Taguatinga, Lago Sul e Lago Norte. Dois suspeitos estão foragidos.
As investigações começaram no ano passado, quando criminosos invadiram uma residência no Lago Norte e levaram diversos pertences da casa. O caso levou a polícia a descobrir que se tratava de uma organização criminosa, o Comboio do Cão. “Começamos a reunir informações de outras apurações e constatamos que os autores usavam do mesmo modus operandi para cometer os delitos, com restrições de liberdade e emprego de arma de fogo”, afirma o delegado à frente do caso, Tiago Carvalho, da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul).
O que chamou a atenção dos investigadores foi a articulação do grupo para cometer os crimes. O delegado explica que todas as ações praticadas pela mesma organização eram previamente planejadas, bem como as residências, estudadas anteriormente. “Geralmente, os crimes contra o patrimônio são praticados com uma série de oportunidades, em que os criminosos percebem a vítima em situação de vulnerabilidade e, ali, se aproveitam. Mas, nesse caso, não”, frisa o investigador.
Roubos e prisões
O grupo está envolvido em, pelo menos, dois roubos com restrição de liberdade que tiveram repercussão no DF. Um deles foi o assalto em uma casa, na QNG 28 de Taguatinga, em janeiro. Dois homens invadiram a residência, enquanto outros três vigiavam a rua do lado de fora e passavam instruções para os que estavam no interior do imóvel.
Armados com uma pistola e um revólver, os criminosos renderam o dono da casa e o amarraram com um cinto. A mulher e a filha da vítima perceberam a movimentação e se trancaram no quarto. Segundo as investigações, a dupla buscava por um cofre na casa, mas não havia nenhum. As ameaças foram filmadas por um dos suspeitos. Os quatro foram presos após a chegada da Polícia Militar e da Polícia Civil.
Em fevereiro, três homens armados se passaram por policiais federais para roubar uma casa no Conjunto 6 da QL 6 do Lago Sul. Um empresário chinês, um amigo e dois funcionários foram feitos reféns durante o assalto. Os criminosos fugiram levando seis relógios, duas pistolas, pepitas de ouro e um cofre com 20 mil dólares e 10 mil euros em espécie.
Na manhã de ontem, investigadores da 10ª DP cumpriram sete mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, em Ceilândia, e cinco, no sistema prisional do DF. Além dessas, duas pessoas foram presas no Riacho Fundo. Entre os detidos, está uma mulher de 33 anos, que não teve a identidade revelada. “Tudo indica que a autuada se beneficiou dos bens subtraídos no assalto à casa do Lago Norte”, acrescenta o delegado.
Em celulares apreendidos pela polícia, foram encontradas imagens e vídeos da mulher ostentando dinheiro e arma de fogo. “Diferentemente de outros estados da federação, no Distrito Federal, não há o estabelecimento de facções criminosas, mas ainda assim, a Polícia Civil do DF continuará empreendendo esforços com o intuito de que as ações praticadas por integrantes destas organizações sejam reprimidas de maneira qualificada”, finaliza Tiago Carvalho.
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