O CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília — desta sexta-feira (16/4) recebeu a deputada distrital Júlia Lucy (Novo). Em entrevista ao jornalista Alexandre de Paula, a parlamentar criticou o lockdown e a disputa judicial entre restringir ou não o funcionamento dos serviços considerados não essenciais no Distrito Federal.
Para a parlamentar, o lockdown que foi adotado na capital federal não foi efetivo. “O lockdown é quando você decide fechar tudo. Na literatura da medicina existe registro de lockdown que tenha funcionado sim, mas desde que realizado dentro de uma abrangência grande, com planejamento e com condições de exequibilidade. Pra mim, é impossível você falar para uma pessoa ficar em casa, se essa pessoa está passando fome. Eu não respeitaria isso”, afirma.
Júlia Lucy ressalta, ainda, que a medida restritiva não funciona no DF e a população continua trabalhando na “clandestinidade”. “Salões de beleza trabalhando com a porta fechada, restaurante também atendendo clandestinamente. Uma série de negócios que continuaram funcionando, tanto é que o isolamento social não foi aumentado com esse segundo suposto lockdown. Eu acho melhor tratar com a realidade das coisas, não com um mundo que a gente sonha”, disse.
Disputa judicial
Além das críticas às medidas de restrição que foram implementadas pelo governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), a distrital criticou a disputa judicial entre restringir ou não o funcionamento dos serviços considerados não essenciais na capital. “Um poder tem que fiscalizar o outro, mas não tem que tomar o espaço do outro. A função do poder executivo é de fazer a gestão da coisa pública, de lidar com o orçamento público. Ele (Ibaneis) foi eleito pra isso. Então, o povo do Distrito Federal escolheu o governador para tomar essas decisões”.
A parlamentar relata que a democracia brasileira acaba sendo atingida com as constantes mudanças do poder judiciário quando se trata do lockdown. “O povo é muito desrespeitado, porque parece que não merecem respeito. Ele (a população) dorme com uma decisão e acorda com outra. Num momento em que a gente está extremamente fragilizado com uma crise sanitária ferrenha e uma crise econômica tremenda, precisa ainda de uma crise institucional?”.
Nesta sexta-feira, o Código de Processo Civil determinou um prazo de 15 dias para o governo local responder ao recurso do Ministério Público Federal (MPF), que pede a volta do fechamento de atividades não essenciais na capital federal como forma de combate à pandemia de covid-19. Os argumentos devem ser apresentados à corte do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Confira a entrevista, feita pelo repórter Alexandre de Paula, na íntegra:
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