Policiais civis do Distrito Federal decidiram diminuir a carga de trabalho a fim de evitar o alto risco de contágio da covid-19 até que toda a categoria seja vacinada contra a doença. As ações foram deliberadas durante uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol) na tarde desta quarta-feira (14/4).
Conforme a decisão, a partir de agora ocorrerá a redução no número de operações policiais e os servidores só poderão executá-las com o uso dos equipamentos de proteção individual. Eles serão orientados a registrar formalmente o descumprimento das medidas sanitárias nas delegacias.
Ficou decidido ainda que não haverá escolta para audiência de custódia virtual no Núcleo de Audiência de Custódia (NAC), assim como ocorria no início da pandemia. Além disso, de acordo com o Sinpol-DF, a categoria defenderá a imunização contra o novo coronavírus urgente de todo o efetivo, com a idade como critério único.
Vacinação imediata
O Sindicato dos Policiais Civis informou que a necessidade de incluir a categoria entre os grupos prioritários na lista da vacinação vem sendo reivindicada há meses. No entanto, após a morte de dois servidores da ativa em decorrência da covid-19, a questão ficou mais urgente. “Os policiais civis não pararam de trabalhar em momento algum. E, justamente por isso, estão se contaminando mais”, afirma o presidente do Sinpol-DF, Alex Galvão.
Atualmente, de acordo com o sindicato, a taxa de contaminação na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) é de aproximadamente 18%, equivalente a quase 700 servidores contaminados. Segundo a entidade, há departamentos em que essa taxa é maior. Entre os agentes policiais de custódia lotados na Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), por exemplo, o índice é de 53%.
Durante a assembleia, os servidores argumentaram que têm cobrado tanto da administração da corporação quanto do Governo do DF a priorização da vacinação, porque outras categorias realizaram funções por teletrabalho e foram imunizadas.
Condições de trabalho
Também reivindicaram a melhoria das condições de trabalho durante a pandemia, uma vez que “as delegacias não possuem nenhum controle de acesso ou qualquer recurso que limite as aglomerações”. Eles citaram ainda a falta de equipamentos de proteção individual e de controle sobre o número de ações e operações policiais.
Um dos policiais que veio a óbito em decorrência da covid-19, Everton Gonçalves dos Reis, 40 anos, registrou em um relatório uma situação que expõe os riscos na delegacia. O documento foi lido pelo presidente do Sinpol na reunião.
“A nossa situação não só é mais grave, como é das mais complicadas. A escolta leva, pelo menos, 50 presos diariamente. E eles só são testados quando chegam à carceragem. Estamos muito expostos”, reitera a presidente da Associação Brasiliense dos Agentes Policiais de Custódia (AAPC), Kleyce Oliveira.
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