CORONAVÍRUS

Comércio aprova flexibilização, mas médica alerta para instabilidade da pandemia

Decreto com detalhes da mudança será publicado hoje, no Diário Oficial do Distrito Federal. Documento estende período de funcionamento de bares e restaurantes; para realização de competições esportivas; e para a venda de bebidas alcoólicas. Toque de recolher permanece

Cibele Moreira
Samara Schwingel
postado em 13/04/2021 06:00
Decisão do Executivo local teve como base a taxa de transmissão da doença: cada 100 infectados transmitem vírus para, em média, outras 87 pessoas -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Decisão do Executivo local teve como base a taxa de transmissão da doença: cada 100 infectados transmitem vírus para, em média, outras 87 pessoas - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

Algumas das medidas restritivas adotadas no Distrito Federal como forma de combater a pandemia da covid-19 passam por mudanças. O Executivo local anunciou, na segunda-feira (12/4), que estendeu o horário de funcionamento dos bares e restaurantes, assim como o período para venda de bebidas alcoólicas. O governo também liberou competições esportivas profissionais, mas sem público, e o uso das marinas em clubes recreativos, porém, com ocupação máxima de 50% nas embarcações (leia Restrições). As novas regras serão publicadas no Diário Oficial (DODF) desta terça-feira (13/4).

Durante entrevista coletiva, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, informou que a determinação de Ibaneis Rocha (MDB) teve como base a taxa de transmissão do vírus. Até sábado (10/4), o indicador estava em 0,83. Na segunda-feira (12/4), subiu para 0,87. “Em razão dos dados que embasam a decisão do governador, ele entendeu por bem, primeiro, autorizar — logicamente sem público — competições esportivas profissionais após as 22h. Logo após o jogo, os profissionais têm de se recolher. Será liberado o uso de marinas nos clubes, com 50% de ocupação das embarcações, mas vedando a junção de lanchas. Continua impedido, em bares e restaurantes, o atendimento de clientes em pé ou aglomerações”, detalhou Gustavo Rocha.

O secretário reforçou que o toque de recolher das 22h às 5h fica mantido. “O recolhimento noturno está surtindo efeitos muito positivos. Reduz internações e casos na capital (do país)”, completou. Apesar disso, a flexibilização do horário anima o setor. O subchefe do restaurante Caminito Parrilla, na 403 Norte, Jackson Araújo Mendes, 27 anos, comemorou a notícia. “A maioria dos funcionários trabalha por comissão. Poder funcionar até as 21h trará mais clientes e maior ganho para nós”, comentou. Ele acrescentou que o estabelecimento perdeu 80% do movimento com as restrições de horário: “Antes do lockdown, nosso horário de pico era das 20h às 22h. Tentamos segurar o máximo, mas as contas não esperam”.

Presidente do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva disse que a flexibilização do horário era muito aguardada. “Há 15 dias, enviamos, junto à Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), um ofício ao Governo do Distrito Federal (GDF), solicitando a ampliação até 21h. O horário (anterior) das 19h não atende o turno da noite. Perdemos mais de 50% do movimento porque ele não contempla o jantar”, afirma Jael. “O decreto foi uma resposta a nossa demanda. O governador viu que houve diminuição na taxa de transmissão e decidiu atender a categoria. Vai minimizar um pouco (as perdas), mas precisamos mesmo voltar para o funcionamento normal”, defende Jael.

O presidente do Sindhobar destacou que, entre fevereiro e março, 4,1 mil trabalhadores do setor perderam o emprego no DF. “Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que, de março de 2020 a janeiro deste ano, houve 25,8 mil demissões na categoria. Estamos perto de 30 mil. As empresas estão endividadas e fechando”, declarou.

  • Brasil. Brasilia - DF. Funcionamento do comércio após decisões judiciais sobre o Lockdown. Abertura prorrogada até as 21hs. Comércio na 402 norte. Bar Alexandres na 703 norte. Silene Ferreira gerente.
    Gerente de um bar na Asa Norte, Silene considera que flexibilização Minervino Júnior/CB/D.A Press - 12/4/2021

Oscilação

Com a manutenção do toque de recolher, profissionais que trabalham em setores essenciais ou autorizados para funcionar até mais tarde devem apresentar algum documento que comprove a circulação após as 22h por motivo profissional. Em caso de abordagem, vale crachá, registro de ponto ou carta do empregador. Gerente do bar Alexandres, na 703 Norte, Silene Ferreira Gonçalves, 44, considera que a flexibilização “veio em boa hora”. “Às vezes, chegam as 19h, as mesas estão lotadas e temos de expulsar as pessoas. Mais duas horas de funcionamento é bom demais”, elogiou. “Nossos clientes, geralmente, são pessoas que saem do trabalho às 18h e vêm para cá. Fechando às 19h, muitos acreditam que não compensa e não vêm”, relatou.

Para a infectologista Ana Helena Germoglio, a flexibilização não significa que a pandemia se encontra estável. “O problema não é o lugar que ficará aberto por mais tempo, mas, sim, o que acontece lá dentro. Em bares e restaurantes, por exemplo, as pessoas tiram a máscara para comer e beber, consomem bebidas alcoólicas e ficam mais desinibidas ou descuidadas em relação os protocolos de segurança”, alertou. A especialista afirmou que as pessoas devem avaliar se o risco da exposição vale a pena e que os protocolos de segurança e higienização precisam ser levados mais a sério. “Precisamos começar a dividir essa responsabilidade”, cobrou.

Covid-19 no DF

0,87
Taxa de transmissão do vírus no DF

360,1 mil
Casos confirmados

6.840
Mortes

Restrições

Veja como ficam as regras para as principais atividades a partir do novo decreto:

Academias — das 6h às 21h
Bares e restaurantes — das 11h às 21h
Shoppings e centros comerciais — das 13h às 21h
Venda de bebidas alcoólicas — permitida, mas só até as 21h
Igrejas e templos religiosos — não têm horário restrito, mas devem obedecer ao toque de recolher das 22h às 5h
Clubes recreativos — das 6h às 21h; uso das marinas está autorizado, mas com até 50% da capacidade dos barcos
Competições esportivas profissionais — liberadas após as 22h, mas sem público e com recolhimento imediato dos times após os jogos

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