Investigação

Delegacia identifica 5 invasões a aulas virtuais na rede pública do DF

A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) recebeu, neste pandemia, ao menos cinco ocorrências de invasão de hackers em salas de aula virtuais da rede pública.

Pedro Marra
postado em 07/04/2021 13:49 / atualizado em 07/04/2021 19:34
A polícia orienta professores a controlarem as plataformas utilizadas, quando possível -  (crédito: PCDF/Divulgação)
A polícia orienta professores a controlarem as plataformas utilizadas, quando possível - (crédito: PCDF/Divulgação)

Desde o início da pandemia da covid-19, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) recebeu ao menos cinco ocorrências de invasão de hackers a salas de aula virtuais da rede pública de ensino. Os investigadores trabalham no mais recente caso, registrado na terça-feira (6/4), em que houve invasão durante uma atividade na plataforma Escola em Casa, do Centro de Ensino Fundamental 11 (CEF 11), de Taguatinga. A pessoa responsável pela ação exibiu vídeos pornográficos aos alunos. 

Ainda não se sabe se a invasão foi feita por algum aluno que assistia à aula ou se por alguém com as credenciais de acesso de um estudante. “Não é a primeira vez que isso acontece. Temos algo em torno de cinco casos, se não for mais. Isso ocorre desde o ano passado, quando começou a pandemia. Essa de ontem, recebemos o vídeo da professora, que foi muito diligente (cuidadosa). Ela gravou a aula e os ataques. Isso ajuda bastante na investigação, porque, nos casos anteriores, ninguém tinha gravado nada. A investigação fica muito prejudicada dependendo da forma como se faz a videoaula”, explica o delegado da DRCC, Giancarlo Zulliani.

O investigador explica que evitara a entrada de invasores nas salas de aula on-line pode depender da plataforma. “Vai depender da plataforma, porque tem algumas que são pagas e outras gratuitas. Temos dezenas de serviços de videoconferência. Tem plataformas gratuitas, em que praticamente você deixa a pessoa entrar e não tem registro de nada. Outras, que são pagas, você pode ter a figura do mediador para controlar quem está entrando e não está entrando.”

Giancarlos Zuliani, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC)
Giancarlos Zuliani, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) (foto: Arquivo pessoal)

Sinpro-DF

A diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Vilmara Pereira do Carmo, acompanhou um caso no início de março deste ano, no Centro de Ensino Médio da Asa Norte (Cean), na Quadra 607. Ela recorda que, durante a aula on-line, um professor colocou o termo "invasão" no grupo de mensagens.

"Achei que era de pais e responsáveis, porque tem tido muito isso também. Mas ele disse que era de gente estranha que coloca palavrão no chat contra os professores e vídeo com conteúdo impróprio. Mas nós, professoras e orientadoras, não temos a capacidade de excluir as pessoas da sala de reunião virtual. No meet (encontro virtual) da Secretaria de Educação, é só a direção da escola que monta a sala virtual", conta.

Protocolos

A Secretaria de Educação (SEEDF) informou, em nota, que os estudantes do 6º ano do CEF 11 de Taguatinga tiveram as aulas desta quarta-feira (7/4) suspensas. "A decisão foi para que os jovens, familiares e professores participem de uma acolhida pela equipe da escola, para acompanhamento da situação. O corpo docente também participará de uma reunião nessa data na escola, para instituir novos protocolos de segurança no uso do sistema Google Sala de Aula. A rotina escolar será retomada na quinta-feira (8/4)", afirma a pasta.

A SEEDF acrescenta que a equipe gestora da escola registrou ocorrência na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) na terça-feira (6/4). "O sistema Google Sala de Aula não sofreu qualquer violação de segurança. A hipótese mais provável até o momento é de que o responsável pela postagem tenha entrado na sala de aula virtual usando um e-mail falso", completa o texto.

Em breve, a secretaria divulgará uma circular com um protocolo de uso da plataforma, para evitar que os episódios se repitam. O secretário de Educação, Leandro Cruz, considera o que houve um crime. "E os responsáveis por esse crime serão achados e responderão na forma da lei", ressalta.

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