Tendo como bandeira a defesa da segurança pública, o ex-delegado Laerte Bessa (PL-DF) volta à Câmara dos Deputados para assumir o lugar da deputada federal Flávia Arruda, a nova ministra da Secretaria de Governo da Presidência. Em entrevista ao programa CB.Poder, nesta quarta-feira (31/3), parceria entre o Correio e a TV Brasília, Bessa falou sobre a importância da vacinação para policiais civis e militares, a atuação do governo do presidente Jair Bolsonaro à frente da pandemia, a redução da maioridade penal e as polêmicas que envolvem sua vida pessoal.
Laerte Bessa afirmou que considera Jair Bolsonaro um bom gestor e que irá compor a base governista. No entanto, o suplente de Flávia Arruda reconheceu falhas na gestão bolsonarista em relação à pandemia. “No âmbito geral, Bolsonaro é um grande defensor do bem-estar do povo brasileiro. Ele é contra a corrupção em qualquer situação e nós temos que estar do lado dele. A respeito da sua atuação contra essa pandemia, eu não posso dizer que estou a favor dele”, disse.
Sobre a vacinação dos policiais, Bessa afirmou que vai trabalhar dialogando com o governo e destinando verbas para a compra de novos lotes de imunizantes contra o novo coronavírus. “Pressionar o governo e deslocar emendas para investir nessa peste que é a covid-19. Vamos solicitar, imediatamente, que as emendas sejam pagas para que possam comprar mais vacinas para que, assim, não só os policiais, mas toda a população brasiliense possa ser atendida”, afirmou.
Outro ponto de destaque da entrevista foi o posicionamento do suplente sobre a questão da redução da maioridade penal. Laerte Bessa foi o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/2015, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Atualmente, a matéria tramita pelo Senado Federal. Na avaliação de Bessa, os adolescentes têm muitos benefícios perante a lei. “Se lermos o código dos menores, ficamos assustados de tanta benesse que tem um menor de idade”, afirmou.
Caso do porteiro ameaçado
Perguntado sobre o polêmico caso do porteiro que foi agredido por ele no dia 12 de novembro em 2019, Bessa disse que apenas ameaçou o homem em um momento “difícil da vida”. No entanto, na ocasião, câmeras de segurança flagraram o deputado dando um chute na cadeira do funcionário e desferindo tapas contra ele no condomínio no qual mora, em Águas Claras.
A confusão foi motivada pela entrega de um pedido feito por delivery por Bessa. O porteiro não permitiu que o motoboy subisse para deixar a comida com o político. “Eu não agredi o porteiro. Foi apenas uma ameaça. Foi uma coisa que aconteceu em um momento difícil da minha vida e que, claro, me arrependo profundamente. Foi um erro que cometi. Pedi desculpa para ele a nível nacional e estamos hoje discutindo isso na Justiça”, declarou.
Confira pontos da entrevista:
O senhor está retornando para a Câmara dos Deputados. Esse é o seu terceiro mandato. Quais são as suas prioridades na Casa?
É sempre bom voltar à Câmara Federal. Principalmente à segurança pública. Na última campanha, como eu fui derrotado, estava pensando seriamente em não voltar mais. Mas, agora, apareceu essa oportunidade. A Flávia é uma excelente parlamentar, reconhecida em todo Brasil, vai assumir um ministério, representar muito bem o Distrito Federal. Eu vou fazer força para supri-la na Câmara Federal. Minha prioridade sempre foi a segurança pública. Eu trabalhei em dois mandatos e, inclusive, fui da Comissão de Segurança Pública. (Trabalhar pelo) reconhecimento dos salários dos policiais, não só do Distrito Federal, mas do Brasil todo. Não só da Polícia Civil, mas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Vamos continuar lutando pela paridade da Polícia Civil com a Polícia Federal. É um eixo só, não tem razão nenhuma para uma polícia ganhar diferente da outra.
O senhor vai compor a base do presidente Jair Bolsonaro?
A princípio, sim. Eu acho que o presidente Bolsonaro, em alguns pontos, ainda tem as suas deficiências, mas, no grosso, no âmbito geral, Bolsonaro é um grande defensor da do bem-estar do povo brasileiro. Ele é contra a corrupção em qualquer situação do país, e nós temos que estar do lado dele. A respeito da sua atuação contra essa pandemia, eu não posso dizer que estou a favor dele.
O senhor fala do “bem-estar” da população. Mas com quase 400 mil mortes no país, isso é cuidar da população?
Não é só o lado da pandemia, temos que ver as pessoas que estão morrendo por falta de trabalho, por falta de dinheiro e passando fome pelo fato de não terem como trabalhar.
Isso não poderia ter sido evitado se o governo tivesse feito um programa rápido de vacinação?
Concordo que, nesse ponto, o governo foi mal. Grandes países já estão todos vacinados. Estamos ainda engatinhando.
Há uma crise aberta no governo, inclusive, com ameaça da equipe econômica de demissão, caso as regras do Orçamento não sejam mudadas, que não se dê reajuste para servidores, inclusive, para policiais. O senhor está disposto a comprar briga com Paulo Guedes?
Eu não estou disposto a comprar briga para ninguém. Esses dois últimos mandatos briguei muito. Eu acho que está na hora de parar de brigar um pouco. Mas eu quero dialogar tanto com o Paulo Guedes quanto todos deputados que estão nesse trabalho. Eu sei que tem uma comissão trabalhando nesse sentido, eu quero compor essa comissão e, se for o caso, até conversar com o presidente da República. Do jeito que está, não pode continuar.
Vamos falar sobre o polêmico caso do porteiro que teria sido agredido pelo senhor. Inclusive, o senhor teria dito que daria um tiro nele e que o mataria. O que o senhor tem a dizer sobre esse caso?
Eu não agredi o porteiro. Foi apenas uma ameaça. Foi uma coisa que aconteceu em um momento difícil da minha vida e que, claro, me arrependo profundamente. Foi um erro que cometi. Pedi desculpa para ele a nível nacional e estamos hoje discutindo isso na Justiça.