Familiares e amigos da radialista e apresentadora de TV Evelyne Ogawa, 38 anos, se reuniram na manhã desta segunda-feira (29/3) para prestar as últimas homenagens. A mulher foi assassinada na noite da última sexta-feira (26/3) pelo namorado, no apartamento onde viviam, em Samambaia, na QR 31.
Os presentes compartilhavam sentimentos de tristeza pela perda e revolta pelo feminicídio. Antes do enterro, familiares pediram um minuto de silêncio por todas as mulheres que sofrem violência doméstica ou que já passaram por essa dor. Ao fim, colegas também pediram uma salva de palmas por Evelyne, pela pessoa que ela foi.
Ana Paula Neves, 45 anos, jornalista e radialista da Rádio Federal, conta que Evelyne era uma mulher guerreira. “Ela sempre lutou muito e era cheia de projetos e planos. Para mim, Evelyne sempre será essa pessoa cheia de vida. Ela lutava, inclusive, pelos direitos das mulheres nos nossos programas”, lembra.
Elzenir Gama Vieira, 36 anos e produtora de eventos, confessa, ainda muito emocionada, que Evelyne sempre fará parte de sua vida. “Não tenho palavras para descrever o sentimento, a raiva, porque ela era tão linda, tão cheia de sonhos, com uma vida inteira pela frente e se tornou uma vítima desses monstros que não aceitam o fim de um relacionamento”, revela.
Elzenir declara que os sorrisos compartilhados sempre serão uma lembrança presente. “Tudo que a gente viveu, sabe? Estou no meu atual emprego graças a ela que me indicou. E agora eu penso que deveria pedir perdão também para ela, porque, olhando algumas postagens antigas, penso que em algumas ela pedia socorro e ninguém viu. Nós não sabíamos que ela precisava de ajuda”, lamenta.
A amiga diz que espera o mínimo: justiça. “É só isso que queremos, porque Evelyne não vai voltar, mas temos que ter justiça. Pensar que o namorado dela já tinha agredido uma ex e mesmo assim está solto. Agora matou Evelyne e continua sem punição. Justiça é o mínimo que pedimos”.
O caso
Evelyne foi morta na noite de sexta-feira, mas o crime só veio à tona na tarde do último sábado (27/3), após Vinícius Fernando Silva Camargo, namorado, se apresentar na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) na companhia de um advogado e confessar o crime.
Após a confissão do agressor, policiais civis foram até o apartamento, que estava trancado, e encontraram o corpo da radialista e apresentadora de TV. Evelyne foi morta estrangulada com um fio elétrico. Ela deixa um filho de 7 anos. A investigação segue no sentido de elucidar a motivação do crime
Antecedente
Vinicius já havia, em 2017, agredido uma ex-namorada. Em entrevista ao Correio, na época, a vítima afirmou: "Tenho medo que ele volte para terminar o que começou". De acordo com ela, a agressão teria começado após uma discussão simples. Ela chegou a ficar desacordada. O segurança de uma ótica vizinha à casa pediu auxílio a duas viaturas policiais que passavam pelo local.
Consta na ocorrência que "a Polícia Militar teve de arrombar a grade de entrada do apartamento, bem como a porta do quarto onde a vítima estava trancada para prestar o socorro devido". Na residência, os PMs teriam encontrado a mulher sentada na janela e com lesões no rosto e no pescoço.