Pandemia

Covid-19: Sírio Libanês restringe pronto-socorro, adia cirurgias e exames

A suspensão dos atendimentos valerá por 15 dias ou até que a ocupação atinja níveis seguros. Nesse período, serão aceitos apenas pacientes referenciados ou com risco extremo

A unidade de Brasília do Hospital Sírio Libanês fechou o pronto-socorro, adiou cirurgias eletivas e alguns exames invasivos. A suspensão dos serviços valerá por até 15 dias e é motivada pela alta demanda de pacientes graves de covid-19.

O comunicado foi divulgado na manhã desta segunda-feira (29/3). No documento, a direção da unidade de saúde esclarece que, no último ano, os leitos de UTI foram triplicados e houve a necessidade de contratação e treinamento de novos profissionais. Mas, ainda assim, com o agravamento da pandemia do novo coronavírus, não restou outra alternativa que não suspender parte dos serviços. Na UTI, a média de idade era de 64,5 anos no ano passado, versus 61 da atual

Em relação ao Pronto-Socorro, enquanto durar a suspensão, “serão aceitos apenas pacientes referenciados (por indicação médica ou de outros serviços hospitalares) ou cuja condição de saúde seja de extremo risco”, diz o comunicado.

Outros serviços

De acordo com a direção do hospital, os serviços ambulatoriais oferecidos dentro das alas que não têm pacientes com covid-19, assim como nos Centro de Medicina Diagnóstica, Centro de Especialidades Médicas (consultas) e nos Centros de Oncologia da Asa Sul e do Lago Sul, seguem funcionando normalmente com fluxos apartados e seguros.

A direção finaliza o comunicado com um apelo: “Reforçamos mais uma vez o pedido para que todos continuem adotando medidas que contribuam para a redução do contágio pelo coronavírus, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social”.

Segundo Gustavo Fernandes, diretor geral do hospital Sírio Libanês, a unidade está com restrições de atendimento, mas não fechou por completo. “Quem chegar no pronto-socorro, vai ser atendido. Caso puder ir para outro hospital, a nossa sugestão é que a pessoa vá procurar assistência em outro pronto socorro. Mas a gente não vai deixar ninguém desassistido”, explica o porta-voz da unidade hospitalar.

Confira, abaixo, o restante da entrevista com o diretor geral do hospital Sírio Libanês, Gustavo Fernandes:

Quantos leitos de UTI o hospital tem agora? Quantos eram no começo da pandemia?

Dentro de um ano, o hospital triplicou a quantidade de leitos de UTI. Subimos de 10 leitos de UTI para 30 agora. Estou com 30 leitos de UTI na prática, para um hospital que hoje tem 70 leitos operacionais. A gente tem um plano de ocupação do hospital de quatro anos. Construímos todos os leitos de UTI no começo da pandemia. Fui forçado a ampliar para 30 leitos de UTI, e não tenho como ampliar mais. A gente fez uma restrição por meio do comunicado. Se as pessoas tiverem a condição de irem a outros pronto-socorros, é melhor irem, porque não temos como prestar um atendimento que os pacientes merecem. Ainda temos uma fila de 60 pacientes com pedidos de transferência para UTI.

Qual a média de idade dos pacientes?

Existe uma clara redução na idade. Os pacientes idosos foram vacinados, os de 90 e 80 começaram a desaparecer das UTIs. Isso, muito claramente por conta da vacinação. Agora, temos visto os pacientes abaixo de 70 anos que chegaram nas últimas semanas, e que não foram vacinados. Hoje, 2/3 do hospital é de pacientes com a covid-19. A gente suspendeu quase tudo que era eletivo. O que entra hoje são pacientes com infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), aquelas emergências clássicas.

Quanto tempo em média estão necessitando de internação?

Dentro da UTI, temos internações de duas a três semanas, por volta de 20 dias de internação. A permanência média é de 15,6 dias neste ano, versus 9,6 dias no ano passado. Dos 30 leitos de UTI, temos 25 pacientes entubados. Não temos expectativa de alta desses pacientes nas próximas 24 horas, e eles não têm expectativa de melhora rápida também.

O estado de saúde dos pacientes com covid-19 está mais grave do que antes?

A proporção de doentes graves é muito alta. Dentro dos leitos de UTI, 1/3 está entubado. O perfil de gravidade dentro da nossa terapia intensiva está muito alto. Então, aos novos pacientes, se possível, procure outro hospital por atendimento. Mas, se necessário, fazemos a triagem da pessoa normalmente.