Saúde

Moradores de fora buscam vacina no DF

Governador Ibaneis Rocha (MDB) estuda medidas para restringir vinda de pessoas que residem em outras unidades da Federação. Executivo local diz que há a possibilidade de que faltem imunizantes hoje nos 17 pontos de drive-thru em atividade

A alta procura por vacinas contra a covid-19 no Distrito Federal por moradores de outros locais nos últimos dias preocupa o GDF. De acordo com a equipe do governador Ibaneis Rocha (MDB), há risco de que faltem imunizantes diante do acréscimo da demanda por pessoas que residem fora da capital federal. Ao Correio, o emedebista informou que estuda “pedir comprovante de residência em nome do vacinado”. A outra saída seria pedir ao ministério um acréscimo de doses, caso legalmente a exigência não seja possível.

Segundo o GDF, há possibilidade de que falte vacina hoje nos 17 postos de drive-thru em funcionamento para atender profissionais da saúde e idosos. Uma fonte do governo estimou que, ontem, 40% dos vacinados no Gama, por exemplo, eram de outros estados. Os registros foram principalmente de moradores do Entorno de Goiás e de Minas Gerais.

O promotor Clayton Germano, da Segunda Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, afirmou que o órgão está à disposição para debater soluções ao problema. A restrição em si enfrenta barreiras legais, mas poderia haver compensação por esse tipo atendimento.

A campanha de imunização contra a covid-19 por meio de drive-thru, ontem, registrou movimeto intenso no Estádio Mané Garrincha e em outras localidades, como Águas Claras. Após o recebimento de 45,8 mil doses de imunizantes, o governo do Distrito Federal decidiu ampliar o público prioritário de idosos com mais de 67 anos, além de profissionais da saúde da rede particular.

A aposentada Ana Maria de Oliveira, 68 anos, foi imunizada neste sábado. Ela disse que foi primeiro ao Shopping Iguatemi, no entanto, a fila estava indo até o Varjão. “Fomos para o Parque da Cidade, mas lá tinha acabado também, e mandaram vir para o Mané Garrincha”.

Para a aposentada, a sensação de ter sido imunizada é ótima. “Eu estava contando os dias para vir, contando as horas. Na minha vida, eu vou ficar mais tranquila, mas precisa continuar com os mesmos cuidados ou até mais, porque a gente relaxa que está confiando que tomou a primeira dose, mas não é assim, tem que manter até tomar a segunda dose”. O Distrito Federal conta com 17 pontos exclusivamente por drive-thru para aplicação das doses de imunizantes contra o novo coronavírus.

Volta do comércio

Setores da economia, como lojas e estabelecimentos comerciais, poderão voltar às atividades, a partir de amanhã, com horários de funcionamento reduzidos e seguindo uma série de protocolos. Apesar da retomada, uma estimativa do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) aponta, contudo, que cerca de 150 lojas não reabrirão em todo o Distrito Federal em razão de dívidas.

“No ano passado, o varejo sofreu muito com o lockdown. Mais de 750 empresas não reabriram suas portas. A gente estima que, no mês de abril, umas 150 não vão reabrir suas portas por questões de dívidas tributárias, com fornecedor, aluguel e até mesmo funcionário, porque nesse novo lockdown, até o momento, não teve uma ajuda efetiva do governo do DF”, avalia Sebastião Abritta, vice-presidente do Sindivarejista.

Há quase um mês, desde 29 de fevereiro, o DF segue um esquema de restrições para alguns setores devido à situação de colapso na rede de saúde. Desde então, apenas serviços considerados essenciais puderam funcionar, à exceção de academias e instituições de ensino privadas. A flexibilização das medidas estava condicionada à redução na taxa de transmissão do vírus, segundo o Executivo local. Em fevereiro, chegou a 1,35 — quando 100 infectados podem transmitir o vírus para, em média, 135 pessoas. Neste sábado, de acordo com informações da Secretaria de Saúde do DF atualizadas diariamente às 8h, este número estava em 0,91.

Com a reabertura, cada atividade terá um horário específico de funcionamento e o toque de recolher, das 22h às 5h, segue em vigor. Na quinta-feira, entidades do setor de bares e restaurantes chegaram a enviar um ofício ao governador, para pedir a ampliação do horário de funcionamento desses estabelecimentos.

O Distrito Federal registrou, ontem, mais 1.636 casos do novo coronavírus, totalizando 338.930 registros da doença. Desses, 93,6% estão recuperados e 5.717 morreram. As regiões com o maior número de contaminados são Ceilândia, com 36.608, Plano Piloto, com 32.429, e Taguatinga, com 27.224. Além disso, 43 mortes pela doença foram registradas nas últimas 24 horas, sendo 19 delas ocorridas entre sexta e sábado. A maioria das vítimas tinha mais de 60 anos e apresentava comorbidades. Para especialistas, o momento ainda exige cuidado. A média móvel bateu recorde e chegou a 51,71. “A tendência é de queda porque a taxa de transmissão está em 0.91, mas, com a abertura, essa queda vai ser leve e vai retomar alta”, diz Breno Adaid, professor do Centro Universitário Iesb, doutor em administração e especialista em análises de dados e quantitativos estatísticos.