No Distrito Federal, a segunda onda da covid-19 tornou-se uma grave realidade. Com o número de casos e de internações em alta, o isolamento social voltou ao debate. Um levantamento da empresa de softwares InLoco divulgado nessa segunda-feira (22/3) revela que o índice do isolamento na capital do país está em 44,12%, 21 pontos percentuais abaixo se comparado ao de 22 de março de 2020, quando o DF alcançou o maior resultado até o momento (65,6%).
Atualmente, o DF passa dos 30 mil casos de covid-19 e acumula mais de 5 mil mortes. O isolamento social e a vacinação têm sido opções defendidas por especialistas na área de saúde para este momento — o pior desde o início da pandemia. A rede pública também está próxima de chegar ao máximo de ocupação em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). A taxa passa de 99%, mas há filas com mais de 350 pessoas à espera para uma das vagas. Na rede privada, o cenário também é crítico.
Na comparação com as 27 unidades da Federação, na lista que as classifica de acordo com o indicador de isolamento social, o DF ocupa a 19ª posição (leia Ranking). Em abril, por outro lado, a capital federal apareceu como primeira colocada. Para o infectologista do Hospital Anchieta de Brasília César Carranza, o quadro reflete que a sociedade não tem conseguido se precaver o suficiente para evitar a proliferação do vírus. "Isso implica distanciamento, uso de máscara e higiene. Mas também reflete o cansaço das pessoas, que ainda não tomaram consciência", opina.
A prorrogação das medidas restritivas anunciadas na sexta-feira (19/3) pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi uma das alternativas encontradas para conter o avanço da covid-19. As medidas, que teriam fim na última segunda-feira (22/3), vão valer até 28 de março. Mesmo assim, César lembra que as iniciativas ainda não surtiram efeito. "O número de casos e óbitos diários pela covid-19 se mantém em um patamar muito alto para o que esperávamos. Sabemos que esse tipo de medida começa a ter efeito após umas duas semanas. Esperamos que, nos próximos dias, as medidas comecem a fazer efeito", afirma o infectologista.
Variantes
Entre as preocupações dos especialistas, há o surgimento de novas cepas do coronavírus em virtude do aumento do número de casos. No início do mês, houve identificação da variante P1 no Distrito Federal. O sequenciamento é realizado nas amostras encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Distrito Federal, que atua em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
O relatório demonstrou o crescimento da circulação da P1 em relação ao vírus originalmente circulante no DF. Também foi identificada a variante P2 mas em níveis mais baixos. A primeira surgiu em Manaus, enquanto a segunda, no Rio de Janeiro. "É particularmente preocupante, pois há maior possibilidade de contágio. Isso acaba gerando uma saturação dos serviços de saúde, o que leva à diminuição da qualidade do cuidado com os pacientes", explica o médico. "Quanto mais pacientes houver para atender, menos medicamentos, insumos e equipamentos de proteção teremos", lamenta.
Ranking
Lista das taxas de isolamento social por unidade da Federação:
Amapá - 53,87%
Pará - 50,83%
Ceará - 50,06%
Acre - 49,42%
Pernambuco - 48,53%
Maranhão - 48,25%
Rio Grande do Norte - 47,14%
Roraima - 47,06%
Piauí - 46,81%
Amazonas - 46,44%
Paraíba- 46,19%
Bahia - 45,95%
Minas Gerais - 45,95%
Mato Grosso do Sul - 45,74%
Paraná - 45,7%
Espírito Santo - 45,14%
Alagoas - 46,67%
São Paulo - 44,64%
Distrito Federal - 44,12%
Rio de Janeiro - 44,11%
Rio Grande do Sul - 44,01%
Sergipe - 43,37%
Goiás - 43,24%
Rondônia - 41,92%
Santa Catarina - 41,37%
Tocantins - 39,10%
Mato Grosso - 38,16%