O Distrito Federal começará a vacinar contra covid-19, amanhã, às 13h, idosos a partir de 69 anos, e aumentará o público de profissionais da saúde contemplados na imunização. A ampliação do público-alvo da campanha será possível graças à chegada de 48,2 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde à capital federal, na manhã de ontem. O Executivo local espera seguir o atendimento por idade até atingir a faixa etária de 65 anos. Depois, a ideia é começar a vacinar a população em geral, segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB). Os planos, no entanto, dependem da aceleração da entrega de imunizantes pelo governo federal.
“Temos a informação de que, a partir de agora, os lotes serão constantes”, afirmou Ibaneis na sexta-feira, acrescentando que os servidores do GDF que atuam nas ruas, como policiais, devem ser os próximos a entrar no grupo prioritário.
O secretário de Saúde, Osnei Okumoto, relatou ao Correio que, apesar de “ninguém ter vacinas para vender”, o DF vem conversando com a AstraZeneca e o Instituto Butantan para saber de uma previsão de fornecimento futuro. No lote de vacinas que chegou ontem, o DF recebeu 48 mil doses da CoronaVac — produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa SinoVac — e 250 da Covishield, desenvolvida pela universidade inglesa de Oxford com a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca.
Okumoto também pede calma à população e garante que há doses suficientes para atender a todos os grupos prioritários. “Não é preciso ter pressa. Os pontos de vacinação agora abrem também aos finais de semana e vão atender o grupo em qualquer dia a partir desta segunda”, disse. Durante a semana, o funcionamento dos pontos é das 8h às 17h nas salas de vacina e a partir das 9h nos 14 drive-trhu — exceto amanhã, quando início será às 13h. Para idosos, não é necessário agendamento.
Também serão incluídos, nesta semana, novos grupos de profissionais de saúde que trabalham em consultórios, clínicas, laboratórios, farmácias, funerárias e no Instituto Médico Legal (IML). Esses profissionais serão vacinados exclusivamente por meio de agendamento (veja quadro) disponível na quinta-feira. A vacinação, neste caso, começará na sexta-feira. Entidades representativas das categorias encaminharão à Secretaria de Saúde a lista dos beneficiados com os respectivos CPFs, informou a pasta.
Serão vacinados médicos, enfermeiros, odontólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biomédicos, farmacêuticos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e médicos veterinários, além dos respectivos técnicos.
Ampliação necessária
Marli Rodrigues, do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), comemorou a intenção de incluir profissionais de saúde de consultórios, clínicas, laboratórios e farmácias na campanha de vacinação. “Vacinar todos os profissionais de saúde, independentemente do local de atuação, é extremamente importante para garantir a saúde e a segurança de toda a população do DF.”
A perita médica-legista Marcia Reis, diretora do IML-DF, avalia que a inclusão desses trabalhadores na próxima etapa da vacinação justifica-se pela “exposição a riscos biológicos, transporte e manipulação de cadáveres e secreções, e ainda realizam exames periciais de pessoas potencialmente infectadas”. “Portanto, além do uso de equipamentos de proteção individual e da adoção de protocolos para redução do risco de contágio, a vacinação é uma medida estratégica para a preservação da força de trabalho desse serviço essencial”, conclui.
Colaborou Ana Maria Campos
Prorrogação de medidas frustra comerciantes
Minervino Júnior/CB/D.A Press
A decisão do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) de prorrogar o toque de recolher e o fechamento de atividades consideradas não essenciais frustrou a retomada da economia local. As medidas restritivas, que teriam fim amanhã, vão valer até o próximo dia 28, de acordo com decreto publicado na sexta-feira. Diante de uma ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para covid-19 próximo de 100% e com fila de espera que, ontem, contabilizava 249 pessoas, o GDF precisou estender o lockdown. A retomada ocorrerá a partir de 29 de março, com novas regras e horários de funcionamento definidos para cada setor.
Edson de Castro, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), afirmou que os comerciantes foram pegos de surpresa com a prorrogação. “Todos pensavam que reabririam na segunda-feira. Alguns compraram novas mercadorias, inclusive. A extensão do decreto se deu de forma muito brutal. São três semanas sem vendas, mas com despesas, como pagamento de impostos, de funcionários e de fornecedores. Alguns comerciantes ficaram tão revoltados que vão fechar e não reabrir”, lamentou.
Como sugestão, Edson de Castro relatou que o Sindivarejista encaminhou ao Executivo local pedidos para repensar a suspensão do funcionamento das atividades. “Em vez de fechar por completo, sugerimos que o funcionamento acontecesse em poucas horas, todos os dias, como das 10h às 14h ou das 11h às 15h para os restaurantes. Só com essas poucas horas já seria possível garantir o pagamento de funcionários, que é o mais importante. Fornecedores, impostos e aluguéis podem ser pagos depois”, detalhou.
No entanto, as sugestões da categoria, que incluem também a extensão do parcelamento do IPTU para as lojas de rua — hoje, apenas os estabelecimentos de shoppings têm o benefício, de acordo com o presidente —, não foram acatadas. Contudo, a Secretaria de Economia integrou o pedido de prorrogação dos prazos tributários do Simples Nacional feito pelo setor produtivo. Segundo a pasta, a proposta será avaliada pelo Comitê Gestor do Simples Nacional, com a orientação de que os vencimentos de março a maio sejam adiados para a partir do mês de julho.
Proprietário da distribuidora de bebidas Alambique, em Taguatinga, Aécio da Costa, 36 anos, explica o que acha da decisão: “Alguns estabelecimentos que não geram aglomerações, deveriam ficar abertos normalmente, diferente de casas de shows e bares, que acumulam muitas pessoas”. Para ele, há falta de organização por parte do GDF. “Está tudo muito confuso. Uma hora abre, outra fecha. A gente fica perdido. Quando achamos que o comércio vai reabrir, não acontece. Quem perde com isso somos nós, que perdemos com o pouco movimento de clientes e redução das vendas”, pondera.
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CLDF), Wagner Silveira, a decisão de prorrogação deverá atrapalhar fortemente os negócios dos empresários do DF. “O problema dos lojistas é caixa. Fechados, não faturamos, sem faturar, não há receita, e sem receita, não tem como pagar empregados, contas, fornecedores, a manutenção diária do negócio”, ressalta.
Wagner explica que, diferentemente do ano passado, os lojistas não estão recebendo ajuda governamental para manter seus negócios. “Não há, por exemplo, prorrogação de impostos. Estamos tentando ainda, mas não há certeza de nada. O empresário está desesperado, porque esperava abrir agora e faturar. Ele depende daquilo ali, das vendas dele”, reforça o presidente. Apesar de as atividades comerciais não terem voltado, Wagner diz que muitos depositam esperança na volta prevista para o próximo dia 28. “Temos pelo menos o direcionamento de que na semana que vem haverá padronização da abertura. Esperamos e torcemos para que isso não seja prorrogado”, completa.
De acordo com o presidente, a volta da economia distrital é impedida pela “falta de responsabilidade da população”. “Andam sem máscara, viajam, fazem festa clandestina. Tem lojista que não tem responsabilidade alguma com a categoria e deixa aglomerar, não tem protocolo de segurança e atrapalha quem tem”, reclama. Para Wagner, a situação econômica será resolvida somente com a vacinação. “Já temos visto um reflexo da vacinação, e na hora que tivermos vacina para todos, vamos solucionar tudo. Enquanto isso não vem, vivemos essa loucura”, diz.
Fiscalização
De acordo com dados divulgados pelo DF Legal, até a última sexta, foram vistoriados 14.408 estabelecimentos comerciais e 387,abordados. Deste total, 97% dos estabelecimentos cumpriam decretos, 21 foram multados e 28, interditados. Além disso, 599 quiosques foram vistoriados e 54 abordados. Cruzeiro, Sudoeste, Noroeste, Octogonal e Setor de Indústrias Gráficas (SIG) foram os locais com maior quantidade de estabelecimentos vistoriados.
Como agendar
Profissionais de saúde de consultórios, clínicas, laboratórios, farmácias, funerárias e do IML precisam, necessariamente, agendar a aplicação da vacina, após o cadastro, feito pela SES, da lista de beneficiários. Confira como:
1Acesse o site vacina.saude.df.gov.br e selecione o tipo de agendamento;
2Preencha todos os dados pessoais e a data da primeira dose (quando tomou ou pretende tomar);
3Selecione a região administrativa do ponto de vacinação de preferência, o estabelecimento de saúde, data e hora;
4Após o agendamento, clique em “Imprimir”;
5Leve o comprovante no dia marcado;
6Se necessário, é possível conferir a marcação pelo mesmo site, informando o número do CPF.
DF acumula 5.355 mortes
Na quinta-feira, os idosos com 72 e 73 anos começaram a ser vacinados graças ao recebimento de 59,8 mil doses da vacina CoronaVac, que chegaram à capital federal na quarta-feira. Com a nova remessa que chegou ontem, o Distrito Federal totaliza 402.610 imunizantes recebidos do Ministério da Saúde, dos quais 335.360 (83,3%) são da CoronaVac e 67.250 unidades (16,7%), da Covishield. Até ontem, 194.190 brasilienses haviam sido vacinados com a primeira dose. Desses, 68.948 tomaram também o reforço do imunizante, segundo balanço da vacinação da Secretaria de Saúde.
Já o boletim epidemiológico de ontem registrou 34 mortes por covid-19 no Distrito Federal, elevando o total para 5.355. Além disso, 1.740 novos casos da doença foram contabilizados. Portanto, o DF tem ao todo 327.822 infectados. As pessoas consideradas recuperadas da doença são 305.678 (93,3%) desse total. Por mais um dia, a média móvel de mortes segue em alta e chegou ao maior patamar deste ano — 36,85, o que representa aumento de 116,7% na comparação a 6 de março, 14 dias atrás. A mediana de casos ontem era de 1.663, crescimento de 19,2% nas duas últimas semanas.
Das mortes registradas neste último boletim, 20 ocorreram entre sexta e ontem. Entre segunda e quinta, oito pessoas morreram. Outros seis óbitos são de 7 a 14 de março. Sete das 34 vítimas não apresentavam comorbidades. Em relação às enfermidades, 23 pessoas sofriam de doença cardiovascular e 14, de distúrbios metabólicos. Dez pacientes eram obesos, dois apresentavam nefropatia e imunossupressão e pneumopatia acometiam uma pessoa cada. Quatro pessoas morreram em casa e 32 eram residentes do DF — uma vítima era de Goiás e outra, de Minas Gerais. A idade dos pacientes era de mais de 30 anos.