Neste período antes da Páscoa, mesmo com a expectativa de faturamento menor nas vendas de ovos de chocolate, cestas e ceias, conforme avaliação do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), os empreendedores têm se virado para começar a comercialização, seja por delivery, seja por take-out. No mesmo período de 2020, o setor vendeu 25% a menos do que em 2019.
Dono da loja Sonho Doce desde 2014, José Mário Pereira, 36 anos, é um dos empresários que foca no comércio digital para impulsionar as vendas neste momento de crise. Ao lado de quatro funcionários, produz ovos de Páscoa em um ateliê na própria casa, em Samambaia Sul. Ele conta que a empresa era focada na produção de doces e bolos para casamentos. Mas, no início da pandemia, em 2020, passou a ampliar e direcionar as vendas somente por delivery e take-out por conta das medidas restritivas.
“Assim que fomos surpreendidos com a pandemia, fechamos por mais ou menos 15 dias. Quando vimos que realmente não iríamos voltar tão cedo, fizemos a opção de trabalhar por delivery. Este ano, quando achamos que tudo voltaria ao normal, fomos surpreendidos novamente. Acho que 2021 pode ser mais negativo do que o ano passado, muito causado pela inflação”, analisa José.
Resiliente, o empreendedor diz como tem se organizado para fazer as entregas neste momento. “Muita gente tem receio em sair de casa. Então, estamos fazendo a entrega por delivery ou take-out, em que o cliente só agenda o horário de retirada. Um dos meios mais usados para a venda é o WhatsApp, mas também usamos os aplicativos de comida. Só produzimos realmente por pedido. Fazemos a divulgação pela internet, o cliente entra em contato e efetua o pagamento, que é antecipado até para evitar mais contato direto com a pessoa”, destaca.
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O chef Bruno Macedo, 39, produz ovos de Páscoa artesanais no ateliê que tem em casa, no Park Way. Com vendas diretas apenas pelas redes sociais, ele recebeu recentemente 70 pedidos de encomenda do produto na loja virtual “Bruno Macedo Cozinha Autoral”, que tem há quatro anos. “Eu que faço a entrega, porque gosto de estar em contato com o cliente, sempre de máscara e com álcool em gel. E todas as caixas de entrega são higienizadas antes. Como eu tenho a minha lista de clientes, mando as ofertas diretamente para eles, porque a tendência é aumentar o número nos próximos dias. A minha meta mínima é vender 100 ovos de chocolate para esta Páscoa. Estou fazendo a divulgação prévia, mas as pessoas fazem a maioria dos pedidos na semana da Páscoa. Acredito que eu devo vender em torno de 200 ovos”, almeja.
O chef Rodrigo Melo, 30, do restaurante de comida italiana Cantucci Osteria, na 403 Norte, investe nos serviços de take-out e delivery na loja, com uso ativo das redes sociais do estabelecimento. “A gente faz campanhas de marketing nas mídias sociais direcionando para o nosso WhatsApp, e usamos uma plataforma em que a pessoa faz o pedido direto por aplicativo. Um dos nossos pratos é um kit de ceia com uma encomenda mais completa. A pessoa recebe em casa, por delivery, ou faz a retirada num horário marcado conosco. Temos ainda a sobremesa de Páscoa, que é produção nossa, em que fazemos um bolo de chocolate, com uma calda de chocolate meio amargo e raspa de chocolate branco”, descreve.
Para o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Sebastião Abritta, a previsão para este período da Páscoa é de resultado negativo nas vendas por conta das restrições no comércio, provocadas pela pandemia. “A gente estava com uma expectativa do resultado ser o mesmo em relação ao ano passado, ou pior um pouco. Mas, com o fechamento do varejo e de mercados e restaurantes, o índice de desemprego está altíssimo. No ano passado, o setor vendeu 25% a menos do que em 2019. Neste ano, a gente espera que o resultado vá ser negativo novamente, porque, de lá para cá, só aumentou o índice de desempregados”, afirma.