O pedido é de socorro. Em desabafo, um profissional de saúde do Hospital Regional do Gama (HRG) fez um relato chocante sobre a situação caótica da unidade de saúde e o desespero da equipe em prestar atendimento aos pacientes internados por covid-19. O texto, ao qual o Correio teve acesso, foi escrito no prontuário de um paciente como forma de denúncia.
No relato, o profissional alerta: “O bloco respiratório covid do HRG está em estado caótico. Estamos com lotação em 180%. Necessitamos com urgência da liberação de leitos de UTI e transferência dos pacientes”, desabafou. Ele denuncia: não há espaço físico, pontos de oxigênio, bombas de infusão, nem sequer ventiladores mecânicos — equipamentos essenciais para o tratamento de pacientes graves. Segundo ele, há pontos de oxigênio sendo compartilhados por até três pacientes.
O profissional deixa claro que, caso haja a evolução de algum paciente internado, ou seja, piora no quadro clínico, como a insuficiência respiratória aguda, não haverá atendimento ou a prestação de assistência adequada.
Dois dias sem avaliação médica
Outra afirmação desesperadora é o fato de pacientes alocados no Bloco Respiratório Covid-19 não estarem recebendo visita médica. “Há mais de 48 horas sem visita, evolução e prescrição médica, devido à enorme demanda de pacientes frente ao déficit do grupo clínico do HRG.”
Por fim, o profissional reitera que “todos os pacientes aqui (HRG) internados estão sob elevadíssimo risco de desfecho negativo, incluindo óbito”. Fontes revelaram ao Correio que, para tentar desafogar a superlotação no Hospital do Gama, alguns pacientes estão sendo transferidos ao Hospital da PM.
O que diz a Saúde?
Por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que a direção do HRG está trabalhando com alta demanda para que nenhum paciente fique desassistido. Afirmou, ainda, que, no bloco respiratório, que tem capacidade para 10 leitos, está com 21 pacientes internados.”Os pacientes mais graves e que necessitam de leito de UTI são inseridos no sistema de regulação e, quando surge vaga, são removidos, inclusive para o Hospital de Campanha da PM que possui 100 leitos de UTI Covid, todos ocupados no momento”, frisou.
A pasta declarou que a demanda de pacientes é “muito alta” para os pontos fixos de oxigênio nas unidades e que, devido à grande demanda de pacientes graves, aqueles com estado clínico estável e sem gravidade do bloco respiratório estão aguardando um tempo maior para receberem a visita do médico. “É preciso entender que as enfermarias possuem uma limitação física de espaço, que comporta um número limitado de leitos e, consequentemente, um número limitado de pontos fixos de oxigênio. Por isso, é necessária a utilização de cilindros de oxigênio portáteis para suportar o volume de atendimento nesse momento.”
Por fim, a secretaria informou que as unidades hospitalares estão apresentando superlotação, com número crescente de pessoas procurando por atendimento. Disse, ainda, que todas as unidades da rede pública estão trabalhando intensamente para que os pacientes sejam atendidos em curto espaço de tempo e da melhor maneira possível, dentro de um contexto de pandemia.