A força da imagem da tragédia como forma de sensibilizar as pessoas
Uma bem-sucedida campanha de segurança no trânsito na Austrália obteve resultados na redução de acidentes por meio do terror. Cenas fortes de tragédias no asfalto sensibilizaram motoristas sobre os riscos de beber e pegar o volante ou descartar equipamentos de segurança no carro, como a cadeirinha que protege a criança. No Distrito Federal, o governo pegou carona na ideia. Uma campanha nas redes sociais relacionada à pandemia do novo coronavírus, que começou a ser veiculada ontem, impressiona bastante também, ao exibir imagens fortes de pacientes, como forma de sensibilizar as pessoas para a gravidade da situação no Distrito Federal.
O próximo pode ser você
Em cards postados nas redes sociais do GDF e do governador Ibaneis Rocha, as recomendações passadas são: use máscara, não aglomere, higienize as mãos. O apelo é forte. Um homem na UTI, com a mensagem “o próximo a precisar de um leito pode ser você”. Em outra postagem, a foto de um homem com auxílio mecânico para respirar, e o texto: “Isso é uma intubação”. Também se vê um idoso com traqueostomia, e o recado: “Essa foto poderia ser de alguém que você ama”. Uma cruz e a mensagem: “A dor que dói no outro também pode ser a sua”. A ideia do GDF é produzir também alguns filmetes com cenas de pacientes chegando em estado grave nos hospitais.
Tempestade perfeita
A ideia de tocar o terror nas fotos da campanha publicitária partiu do governador Ibaneis Rocha. Nos dias que antecederam a divulgação das peças, ele recebeu relatos sobre dribles no toque de recolher, festas clandestinas, crescimento da taxa de transmissibilidade, aumento do número de mortes e contaminações e fila de espera por leitos de UTI nos hospitais públicos. A tempestade perfeita.
Escolhas entre vidas e votos
O presidente Jair Bolsonaro aumentou o tom das críticas às medidas de restrição adotadas pelo governador Ibaneis Rocha para salvar vidas. Bolsonaro chamou de “estado de sítio” o toque de recolher entre 22h e 5h e disse que só ele ou o Congresso poderiam adotar tal medida. A pandemia está afastando dois aliados que poderiam estar juntos nas próximas eleições, possivelmente até na mesma chapa. Mas o colapso da saúde, se não forem tomadas medidas firmes e rápidas, pode também representar o desastre eleitoral, além da perda de vidas humanas. Ibaneis não quer afundar a biografia.
Missão de Izalci na pandemia
Na reunião de ontem, com governadores sobre o enfrentamento à pandemia nos estados, o presidente da comissão temporária criada para acompanhar as ações contra a covid-19, senador Confúcio Moura (MDB-RO), designou tarefas específicas aos colegas. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) foi designado para os contatos com o Ministério da Economia. Ele também vai analisar, ao lado do senador Marcos Rogério (DEM-RO), a carta em que 21 governadores defendem a ampliação da vacinação contra a covid-19 e manifestam apoio a medidas restritivas.
Vacina candanga vai pra Bahia
O governo da Bahia pode ser o primeiro a comprar a Sputnik V diretamente sem passar pelo Ministério da Saúde. A negociação deve avançar numa reunião marcada para hoje. Os baianos querem aproveitar a sanção pelo presidente Jair Bolsonaro do projeto que autoriza estados, municípios e empresas a adquirirem os imunizantes diretamente dos fabricantes. Sem perda de tempo. As doses serão produzidas no Distrito Federal e viajarão mais de mil quilômetros até a Bahia.
Aglomeração
Os rumores que circularam ontem sobre um possível fechamento de supermercados causaram alvoroço. Vários moradores correram para abastecer a casa. Resultado: aglomerações e filas.
Fila de espera
Até a noite de ontem, 225 pacientes aguardavam na fila por um leito de UTI na rede pública do DF. Nos hospitais particulares, a taxa de ocupação estava em 88%.
Só papos
“Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele para o Bolsonaro. Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência e o SUS; o outro defende a cloroquina e um tal de spray israelense”
Deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ)
“Tem diferença nenhuma com o Lula. Vocês são farinha do mesmo saco: estão sempre procurando formas de se dar bem às custas do povo brasileiro. Aliás, está com saudades do Mensalão na política doméstica e do trabalho movida por propina da Odebrecht na política externa, Botafogo?”
Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)