Com cerca de 90% de adesão nas escolas particulares e poucos alunos nas academias, os dois setores do Distrito Federal reabriram após decisão do governador Ibaneis Rocha, divulgada na última sexta (5/3). Esses serviços faziam parte do lockdown, anunciado em 28 de fevereiro deste ano, adotando as medidas de segurança sanitária impostas pelo Executivo local. O retorno ocorre mesmo diante do colapso na saúde com a ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) para tratamento da covid-19 passar de 90% nos últimos dias.
O decreto do GDF prevê que as escolas particulares e academias devem realizar o distanciamento social de 2m entre as pessoas, proibir que integrantes do grupo de risco trabalhem; disponibilizar álcool em gel, cobrar o uso de máscaras e aferir a temperatura de todos. As escolas devem atuar com rodízio de estudantes, e as academias não podem fazer aulas coletivas.
No Centro Educacional da Criança (CEC), no Gama, são 55 funcionários e 380 alunos de 2 a 10 anos, do ensino infantil ao fundamental I, administrados pela diretora da unidade, Priscila da Mata. Ela entende que o retorno foi necessário para garantir a sanidade mental dos alunos, com segurança garantida conforme as medidas exigidas pelo GDF.
“O que a gente percebe é que depois de um ano nos reinventando de várias formas, para passar o ensino às crianças, elas estão fatigadas desse processo de ficar estudando no meio on-line, o que estava trazendo desequilíbrio emocional para elas. Esse ano, tive que contratar até uma psicóloga para trabalhar esse lado dos alunos. Eles preferem ter que vir para a escola do que usar os meios digitais em casa. No CEC, 90% dos pais optaram pelo modelo presencial. Desta vez, as crianças vieram tranquilas. O nosso retorno é uma questão social com o nosso público”, afirma a diretora da escola.
Na visão da presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont, a saúde é essencial tanto quanto a educação. “O médico e o hospital cuidam da saúde biológica, e a escola cuida da aprendizagem, tanto na parte mental quanto emocional. Caso a escola seja fechada, tem que ser a última a ser fechada e a primeira a ser reaberta, considerando o papel que ela tem. O que causa de perda para esses alunos é tão perigoso quanto o vírus, então a gente tem que ponderar se as escolas seguem os protocolos de segurança. Ficou comprovado que a escola não é o local de maior transmissão da doença”, afirma.
De acordo com o Sinepe, no DF, há 570 escolas particulares. Das 200 unidades filiadas ao sindicato, 90% voltam de forma escalonada nesta semana.
Academias
Dona da academia de musculação World Gym, na 511 Norte, a empresária Flávia Almeida, 49 anos, crê na atividade física como uma forma de manter a saúde no combate à pandemia da covid-19. “Não são só ganhos físicos, a atividade auxilia no combate à depressão e ansiedade, por exemplo. A população em casa acaba ganhando peso, come demais e errado neste período. Então, acredito que as academias são geradoras de prevenção à saúde. Somos a solução, não o problema. Se a academia segue rigorosamente todos os protocolos solicitados, não corremos risco nenhum de contágio”, pondera.
Há três anos à frente da academia Fat Burn, em Ceilândia Sul, Simone Bezerra, 38, cuida do negócio com outro sócio. Apenas ela dá aula na unidade, que teve baixa adesão de alunos na reabertura nessa segunda-feira. “Pela manhã, foram poucos alunos. Creio que estavam indo uns 60% antes do último decreto. Dessa vez, devem vir só 20% por conta da crise na saúde. Estou abrindo de manhã, entre as 6h e às 12h, e volto às 13h. Fecho a academia no horário do almoço para o meu sócio fazer a higienização. Ele borrifa álcool em gel nos equipamentos, passa pano no chão e lava os banheiros”, explica Simone.
A presidente do Sindicato das Academias do Distrito Federal (Sindac-DF), Thaís Yeleni, informa que praticamente todas as academias voltaram a funcionar nesta segunda-feira, com respeito a todos os protocolos de segurança. “Isso é uma unanimidade entre as academias, que as pessoas ativas têm menor desdobramento para contrair a covid-19 do que as que não são ativas. Por mais que você tenha a doença, essas pessoas que fazem atividade física, combatem outras doenças, além da covid-19, como a diabetes, colesterol e obesidade. A gente tem a certeza de que a disseminação do novo coronavírus não tem responsabilidade com as academias porque é um lugar altamente seguro”, declara a presidente do Sindac.