Auxílio

Vaquinha: Família de menino hospitalizado com leptospirose pede ajuda

Após não encontrar leitos em rede pública, família precisa recorrer a hospital privado

A tentativa de ajudar custou caro para Pedro Judah Gomes, de 17 anos. Há três semanas, o estudante resgatou um cachorro abandonado, que estava em situação crítica, que acabou não resistindo e morreu. Porém, duas semanas após o falecimento do animal, Pedro começou a ter calafrios, febre, dores no corpo e náuseas. No dia seguinte após o aparecimento desses sintomas, a família entrou em contato com um médico, que solicitou um exame para covid-19 e um hemograma completo. O exame acusou uma infecção altíssima, apontando aumento significativo nos neutrófilos do paciente.

Falta de humanidade

Os familiares de Pedro se frustraram ao buscar atendimento em hospitais: “Na UPA, ele foi atendido por um médico que se negou a olhar o exame. Fui atrás dele, pedi para nos tratar com humanidade, ele ignorou minha solicitação. Apenas examinou meu filho e falou que ele tinha faringite, sendo que o Pedro quase não sentiu dor de garganta”, afirma Thatiana, 40 anos, mãe de Pedro.

Após ida a um consultório particular, Pedro voltou para casa e os sintomas começaram a se intensificar. “Eu vi meu filho morrer. Ele estava pálido, com a língua roxa, tremendo, imediatamente o levei para a UPA. Tive que fazer um escândalo, ele foi medicado só com remédio para dor e soro. No final da tarde, uma médica chamada Simelle Boaventura nos ajudou muito: assumiu o caso, investigou, pediu novos exames, incluindo o de urina”, conta a mãe.

O diagnóstico inicial fornecido pela médica foi leptospirose, mas uma hemorragia difusa no pulmão de Pedro não coincidia com essa conclusão. Depois disso, ele foi enviado para a UTI mas, devido à pandemia da covid-19, não havia leitos disponíveis na rede pública. A solução encontrada pela família foi hospitaliza-lo no Santa Lúcia, rede particular do DF. Entretanto, o custo saiu mais alto do que o esperado. A família do paciente precisou pedir um empréstimo para complementar os R$ 100 mil reais necessários para o filho dar entrada no hospital. Os outros gastos somaram mais R$ 9.400. A família decidiu então fazer uma vaquinha para ver se consegue pagar os gastos com o hospital. 

Após toda a problemática envolvendo o dinheiro e a falta de amparo das autoridades públicas, a família entrou com uma ação de tutela de urgência no Ministério Público para solicitar um leito na rede pública. “Sabemos que não tem vaga, mas é obrigação deles pagarem os nossos gastos na rede particular, já que não tínhamos outra alternativa, Pedro estava à beira da morte”, garante Thatiana.

O estado de saúde de Pedro ainda é grave, ele está hidratado e, aos poucos, as funções renais estão normalizando, mas o diagnóstico ainda não é assertivo e ele corre risco de vida. A mãe faz um apelo: “Pedro é um menino de ouro, tentou ajudar um cachorro de rua que estava em situação crítica, agora quem precisa de ajuda é ele.”

Quais cuidados devem ser tomados ao se resgatar um cachorro de rua?


A médica veterinária Camila Maiximiano, 29 anos, chama a atenção para quatro principais cuidados que devem ser tomados ao se resgatar um animal na rua. O primeiro deles é levá-lo ao veterinário. Segundo, sempre manipular o animal com uma luva e não tocar diretamente na pele, na urina, nas fezes, porque ele pode estar doente, com uma zoonose, um fungo ou algo muito grave, como é o caso da leptospirose.
Em terceiro, a veterinária alerta para tomar cuidado com a agressividade do animal. Além de todas as doenças citadas acima, existe também a raiva, então, sempre que se aproximar do cachorro, é preciso tomar cuidado para não ser mordido, o que pode causar uma infecção grave.


O quarto cuidado é isolar o animal e não deixar que conviva com outros que façam parte do ambiente. Caso a pessoa que resgatou tenha outros animais dentro de casa, é fundamental que haja um isolamento em relação aos outros bichinhos. Além disso, a médica veterinária Catherina Lara dos Reis, 29 anos, complementou que um passo importante do resgate aos animais de rua é tentar ganhar a confiança dele por meio de comida e evitar movimentos bruscos com a mão. “Primeiro você acaricia o dorso, o peito, e vai sentindo se ele vai aceitar, a partir daí você tenta de fato pegar o animal”, afirma.