O céu do Distrito Federal é conhecido por ser deslumbrante. Não importa a hora, condição climática ou estação do ano, ele sempre é um show à parte. Este mês, uma série de fenômenos naturais trarão ainda mais beleza para a capital federal. Muitos deles poderão ser vistos de qualquer parte da cidade e a olho nu. Astrônomos profissionais e amadores se preparam para os eventos e dão dicas de como acompanhá-los, sem a necessidade de telescópio ou outros equipamentos.
Professor de astronomia e de física na Universidade de Brasília (UnB) de Planaltina, Paulo de Brito explica que diversos fenômenos naturais ocorrem durante todo ano, porém, alguns aspectos ajudam ou atrapalham a visualização deles, como o clima. Se o dia está nublado, possivelmente, o brasiliense terá dificuldade em acompanhar o acontecimento. “O tempo é muito importante. Já marcamos noites de observação, mas se ele não permitir, não conseguimos ver. Quando ocorre uma lua cheia, por exemplo, o tempo não interfere tanto, mas, outros fenômenos fica impossível visualizar”, diz.
Para saber o horário exato em que um fenômeno poder ser visto do DF, existem aplicativos e softwares de computador que indicam a posição exata em que a pessoa deve estar. Caso não saiba identificar os pontos (sul, norte, leste e oeste), a orientação do professor é baixar um aplicativo de bússola. “Ou então, é só se orientar pelo lado que o Sol nasce, leste, e que se põe, oeste. Brasília é um bom lugar para observar os fenômenos, e a tecnologia ajuda muito quem tem vontade de acompanhar, mas sem equipamentos. É só entrar no aplicativo e consegue tudo”, aconselha Paulo.
Localização
Outro aspecto que ajuda na hora de assistir os espetáculos astronômicos é a localidade de onde se observa. O professor de ciências naturais e de astronomia do Planetário de Brasília Adriano Leonês destaca que locais com muita poluição luminosa não são indicados. Por isso, muitos astrônomos buscam as áreas rurais, onde há pouca luz, para observar melhor. “Não precisa ter equipamento. Tem tempo aberto, um software que mostra localização exata do fenômeno no céu e uma visão limpa para onde quer observar é o suficiente. Certos pontos do DF têm muita iluminação, o que atrapalha um pouco”, avalia Adriano. Ambientes mais distantes de grandes áreas urbanas, como Alto Paraíso (GO) atraem os astrônomos.
Adriano acompanha os fenômenos desde 2008 e não parou mais de estudar sobre tema. Ele formou-se em astronomia e, hoje, é professor. O pesquisador contou que a maioria das pessoas conhecem mais os acontecimentos que podem ser vistos facilmente, como as superluas, que ocorrem de uma a três vezes no ano, assim como os eclipses solar e lunar. Outro evento que pode ser visto com facilidade, mas, principalmente em locais sem iluminação, são as chuvas de meteoros. “É um evento muito comum, tem uns 10 todo ano, com datas específicas”, destaca.
Hobbie
Morador de Arniqueiras, o servidor público Maciel Bassani Sparrenberger, 46 anos, lembra que sempre gostou de ciências. O interesse pela astronomia surgiu em 2000. À época, comemorava-se os 500 anos do Descobrimento do Brasil. “Vi uma série de reportagens sobre as grandes navegações. Interessei-me em saber como conseguiam se orientar pelo céu para saber onde estavam indo. Como na época já tinha internet, consegui pesquisar muita coisa sozinho”, disse o cientista da computação.
Em 2005, Maciel conheceu o Clube de Astronomia de Brasília (CAsB). “É uma associação de amadores. Cada um tem sua área profissional, separada da astronomia. Antes da pandemia, fazíamos observações abertas ao público, na Praça dos Três Poderes. Agora, para evitar aglomerações, os encontros são virtuais”, comenta. Um dos eventos mais recentes, realizado pelo Observatório Nacional, tem promovido uma série de lives com o tema O céu e sua casa. Nelas, os astrônomos compartilham com os colegas imagens de fenômenos e conteúdos sobre o tema.
Maciel montou um observatório no telhado de casa. Construiu um telescópio caseiro e, sempre que pode, sobe para assistir algo novo. “Vários membros do CAsB montaram o próprio observatório. Alguns em sítio, outros em casa, como eu. Quem não tem condições participava das observações que promovíamos”, completa.