Pandemia

Intensivistas do DF repudiam posição do CRM contra lockdown

Para Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib-DF), restrição da circulação de pessoas é essencial para controle dos contágios

Mais uma organização criticou a posição do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). A Associação de Medicina Intensiva Brasileira do Distrito Federal (Amib-DF) divulgou que "o papel do CRM-DF deveria ser em prol de garantir as melhores condições possíveis para salvar vidas", e que "sem sombra de dúvidas um lockdown neste momento é essencial para que ganhemos tempo diante deste cenário tenebroso que se desenha".

"Entendemos que as medidas de restrição são penosas para boa parcela da sociedade, mas diante de mais de 4.800 mortos até a presente data, com aumento progressivo de demanda por leitos e escassez de vagas de UTIs nos sistemas públicos e privados, a medida tomada pelo GDF foi necessária", diz a nota.

No texto do CRM-DF, que circulou na segunda-feira (1º/3), o conselho alega que é contra a adoção do lockdown como estratégia isolada de controle da pandemia de coronavírus. O avanço dos contágios e a lotação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para o tratamento de pacientes graves levaram o governador Ibaneis Rocha a definir medidas de restrição aos serviços na capital federal na semana passada.

"Na referida nota há fatos com narrativa histórica fora do contexto ou até mesmo invertidas", ressalta a Amib, em referência ao trecho que menciona que o lockdown em Manaus (AM) não teria resultado na redução das taxas de contágio e morte.

O posicionamento provocou reações de diversas entidades, como da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal (SIDF) e da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), que destacaram que o isolamento social é uma medida útil para conter as transmissões em cenários extremos.

Em coletiva de imprensa no dia seguinte, o Conselho reafirmou a posição, mas reforçou que o lockdown, para ser eficiente no controle dos contágios, tem que ser acompanhado de outras medidas, como a expansão da vacinação e redução de aglomerações, como no transporte público, por exemplo, que não entrou na lista de serviços suspensos. Na ocasião, o CRM ainda criticou a desmobilização de leitos e disse que a secretaria de Saúde não se preparou para o recrudescimento de casos.

O Distrito Federal já acumula 299,3 mil casos da covid-19 e 4,8 mil mortes. A taxa de ocupação dos leitos de UTI para tratamento de pacientes graves ultrapassou os 90% durante a semana, o que motivou a determinação da restrição do comércio pelo governo. "Quanto menor a circulação de pessoas, entre elas infectados assintomáticos, menor será a disseminação do vírus para outros pacientes", ressaltam os intensivistas.

 

Para reduzir a pressão sobre o sistema de saúde, Ibaneis Rocha pretende ampliar a oferta de vagas de terapia intensiva em 130 leitos até o fim da semana. "A Amib-DF em nenhum momento foi consultada a respeito do cenário de recursos, seja em relação a estrutura, logística e pessoal, referentes às UTIs no Distrito Federal", destaca o associação.