Enquanto o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pede o retorno imediato das aulas presenciais na rede pública de ensino, um grupo de professores, pais de alunos e profissionais da Educação realizou uma carreata, no início da tarde desta terça-feira (2/3), no Eixo Monumental, nas proximidades do Palácio do Buriti, em apoio às medidas restritivas impostas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Uma das 400 participantes do protesto é a professora da regional de ensino de Ceilândia, Michele Ribeiro. Ela destaca que a manifestação serviu para chamar a atenção para a prioridade do ensino remoto e para a preocupação com as medidas de segurança durante a pandemia.
“A maioria das grandes capitais estão com lockdown de alguma forma, seja noturno ou com restrições. O governador decretou o lockdown aqui no DF. Porém, se nós regredirmos a essa decisão, vamos contra ao que as grandes cidades estão fazendo. É uma forma de dar um tempo da Saúde da população melhorar e surgir mais leitos. A gente sabe que, enquanto não tiver mais vacinas, o número de infectados será maior, e não temos uma rede de saúde que suporta isso. Por isso que foi uma carreata para chamar a atenção”, afirma a docente.
Michele comenta a necessidade de evitar a volta do ensino presencial neste momento de crise sanitária. “Não deixei de trabalhar nenhum dia. Mas a gente não pode receber os alunos dessa forma, pelo menos que seja com os professores vacinados. As aulas virtuais têm acontecido, claro que não com a estrutura de uma escola particular. Se a gente abrir as portas neste momento, a nossa clientela da periferia, por exemplo, não tem plano de saúde para ir a um hospital bom”, acrescenta manifestante.
“Deveriam investir em fiscalização de eventos. Ao abrir as escolas, são mais de 600 mil alunos no DF, 696 escolas públicas. Somos 32 mil professores. A circulação vai ser maior, é muita gente. Todo mundo quer escola, e você está lidando com uma grande circulação de pessoas”, pontua.
Sinpro
Ao Correio, a diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa Lima, afirmou que a entidade foi procurada para participar da manifestação mas, apesar de concordar com os motivos do protesto, decidiu apoiar o movimento de forma indireta. “É uma iniciativa de um grupo de gestores, professores e pais. Na segunda-feira à noite (1º/3), fizeram contato conosco, mas avaliamos que era melhor deixar a independência de um movimento desse segmento. Mas super apoiamos a manifestação, porque qualquer ação em defesa da vida neste momento é válida. Incentivamos que acontecesse”, declarou.
A representante do Sinpro criticou a atuação do Ministério Público do DF por apoiar o término do lockdown parcial. “Vemos, no MPDFT, um movimento para o retorno das aulas presenciais, mas não vemos o mesmo movimento para que o GDF adquira vacinas. Não dá para a gente fazer uma defesa unilateral. Em que condições vamos voltar às aulas? O que a gente tem que entender é que faltam medidas também. Não adianta só fechar e colocar pessoas com ameaças de desemprego. São corpos que comprovam isso, sepultamentos. As pessoas estão querendo naturalizar a morte. A decisão de retorno às aulas presenciais é naturalizar a morte em um momento como esse, é de se indignar e humanamente inexplicável a pessoa não defender o lockdown e não cobrar a vacina”, analisa Rosilene.