A montagem do hospital de campanha no Gama, anunciada pelo Governo do Distrito Federal na semana passada, gerou um efeito colateral inesperado. Dois jogos de futebol marcados para ocorrer nesta semana ficaram sem campo.
A partida entre Gama e Brasiliense pela terceira rodada do Campeonato Candango ocorreria na quarta-feira (31/3). Já no dia seguinte, o estádio receberia um jogo da Copa Nordeste: Treze contra Botafogo (PB). Nem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nem a Federação do Distrito Federal se manifestaram sobre alterações nos locais até o momento.
Abertura de leitos
Ainda que os hospitais tenham sido anunciados há uma semana, as instituições aparentam não ter trocado informações sobre a necessidade de mudar os locais ou calendários dos jogos. Além disso, na última quinta-feira o GDF anunciou a realização do jogo entre Palmeiras e Flamengo, pela Supercopa, no Mané Garrincha, com torcida.
O estádio abrigou um hospital de campanha durante alguns meses de 2020, mas ele foi desmontado em outubro do ano passado. Uma nova unidade para atender os pacientes do Plano Piloto e região será montada logo ao lado, no autódromo Nelson Piquet.
Em Ceilândia, já existe um hospital de campanha em funcionamento, mas como a cidade é recordista em casos do novo coronavírus, deve receber uma nova unidade em breve. Ao todo, as três novas unidades custarão R$ 36 milhões, segundo divulgado pela Agência Brasília.
Conflitos
Assim como a reabertura do comércio do DF nesta semana, os jogos de futebol também têm causado polêmica. Os campeonatos seguem ocorrendo em todo o Brasil, mesmo ganhando críticas de jogadores, equipe técnica e população. No início deste mês, o técnico Lisca do América (MG) desabafou: “O nosso país parou, gente. Não tem lugar nos hospitais. Eu tô perdendo amigos, tô perdendo amigos treinadores. É hora de priorizar vidas”.
A crítica rendeu elogios a Lisca fora dos campos, mas nenhuma instituição responsável por organizar os jogos manifestou interesse em suspender as partidas. Na semana em que o Brasil ultrapassou os 300 mil mortos pela covid-19, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, defendeu a manutenção dos campeonatos por todo o país.
“Por gentileza, vamos pensar agora: nós podemos parar o futebol? A Rede Globo não quer. Ninguém quer, seus patrocinadores não querem”, disse em reunião com os dirigentes dos clubes. Ele ainda lembrou aos administradores que os times brasileiros passam por uma situação financeira complicada no momento e criticou as prefeituras e estados que proíbem a realização de jogos.
Outro lado
O Correio procurou as entidades responsáveis pelos campeonatos e a Secretaria de Esporte e Lazer do DF, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Reiteramos que o espaço segue aberto para qualquer manifestação.
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