Após o Distrito Federal ter enfrentado chuvas fortes ao longo de fevereiro, o mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor da dengue, pode se tornar um problema para os brasilienses. Segundo o mais recente Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF), a capital registrou 2.435 casos prováveis da doença entre 3 de janeiro e 13 de março. Houve um acréscimo de 317 registros (equivalente a 15%) em relação à semana epidemiológica anterior, encerrada em 6 de março.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram computados 9.775 casos prováveis, verifica-se uma queda de 75%. O que não significa que dá para descuidar. O professor de epidemiologia Walter Ramalho, da Universidade de Brasília (UnB), lembra que o período de chuva pode provocar o armazenamento de água em recipientes, tanto ao redor da residência, quanto no quintal, em telhados e calhas — o que favorece a proliferação do mosquito. “O período ideal para o Aedes é quando passa a chuva, como agora. Choveu, armazenou água e parou, isso quer dizer que temos um tempo de reprodução do mosquito”, explica.
Segundo o docente, o fim do tempo chuvoso é um período em que há uma “grande explosão” de casos de arboviroses, que são as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Concomitante a isso, nós temos relatos ainda não confirmados de surtos em conjunto de dengue e covid-19. Isso é muito complicado, porque as arboviroses são viroses e têm alguns sintomas semelhantes. E nem sempre são excludentes: uma pessoa pode desenvolver as duas doenças, e esse é o pior cenário que existe, porque debilita muito o organismo”, relata.
Dor e medo
Moradora do Gama e estudante de enfermagem, Joana Karolina Leite, 19 anos, teve dengue em março do ano passado, mesma época em que a pandemia da covid-19 chegou ao DF. Ela conta que sentiu muita dor de cabeça, febre, pressão baixa, mãos e lábios roxos. “Até os médicos ficaram assustados comigo, porque falaram que eu não tinha nenhum sintoma da dengue, nem a dor nos olhos, que é a principal. Tomei cinco litros de soro e fiquei com o corpo muito mais mole do que já estava. Fiquei 30 dias acamada de dengue”, relata.
A jovem lembra que chegou a perder o olfato e o paladar: “Pesquisando mais sobre a dengue, dizem que é uma coisa normal, porém eu acho que tive a covid-19, mas a minha dengue foi tão mais forte, que se sobressaiu à covid-19”.
A estudante também sentiu muita dor no corpo — “Dava impressão de que eu estava caindo, e eu sempre dizia pra minha mãe que estava morta, porque não sentia o meu corpo” — e afirma ter medo de pegar a doença novamente: “Ela (dengue) tem os seus níveis, e pode até levar à morte. Por isso, sempre tive o cuidado total na minha casa”.
Prevenção
De acordo com a Secretaria de Saúde, as ações de combate ao mosquito da dengue ocorrem diariamente no DF. “Cada região de saúde conta com equipes de Vigilância Ambiental para vistoriar residências, imóveis abandonados e espaços que estão sem uso”, informa. A pasta pede que toda a população tire dez minutos por semana para inspecionar o quintal e remover possíveis áreas que possam acumular água parada.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.