Com mais de 237 mil pessoas vacinadas contra a covid-19 no Distrito Federal — 2.881 nessa quinta-feira (25/3) — e a expectativa de ampliação da campanha na próxima semana, a rotina de quem trabalha nos pontos de vacinação é repleta de momentos marcantes. Tanto para quem aplica quanto para quem recebe o imunizante, o momento é de esperança e felicidade. Nesta sexta-feira (26/3), a partir das 8h, os profissionais de saúde da rede privada, que agendaram atendimento, começarão a ser vacinados, e há a expectativa de recebimento de uma nova remessa com mais doses de imunizantes, enviada pelo Ministério da Saúde.
Na quinta-feira (25/3), durante a inauguração da escola Centro de Ensino Fundamental (CEF) 1 da Vila Planalto, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que o próximo passo é a imunização dos profissionais da educação para que as crianças retornem à sala de aula. “Estamos cumprindo etapas, vacinando primeiramente o pessoal da saúde, em virtude de estarem na linha de frente da pandemia. Mas, na sequência, teremos a vacinação dos professores e educadores, para que possamos retornar à normalidade da vida escolar”, defendeu o governador. Vigilantes devem ser incluídos no plano do Governo do Distrito Federal (GDF), porém, apesar da intenção, não há uma data definida para a ampliação.
No momento, o atual público etário alvo da vacinação contra a covid-19, no DF, é composto por pessoas com 69 anos ou mais. A técnica de enfermagem Débora Medeiros atua em um dos 47 pontos de vacinação, na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 de Taguatinga, e conta que todo dia se emociona com a aplicação das doses. “É um desafio, mas fico muito feliz em trabalhar na parte da esperança. Em meio a tudo que estamos vivendo, trabalhar para fazer parte da solução é gratificante”, diz.
O grupo de Taguatinga divide entre si os custos para a confecção de etiquetas que são coladas nos cartões de vacina. “Eles sentem muita emoção de estarem sendo vacinados, já chorei com eles. É o que dá o nosso gás, ver essa felicidade”, conta. Agora, Débora está ansiosa pela vacinação da mãe, de 68 anos.
Na UBS 1 do Guará, o fisioterapeuta Júlio Izidro se divide entre as consultas e acumulou funções no apoio à vacinação, que não faziam parte de suas tarefas diárias. Para ele, a animação dos recém-vacinados dá força para o resto do dia de trabalho. “A felicidade nos olhos deles e dos parentes, a esperança de não adoecer, isso reforça nossa vocação”, frisa.
Expectativa
Alcilene Serra, 39, é técnica de enfermagem e atua em um serviço de home care da rede particular. Com parentes, como o pai, já imunizados contra a covid-19, ela espera conseguir também ser imunizada nesta sexta-feira (26/3). “Como trabalho em home care, estou na linha de frente também, a ansiedade é muita, porque é uma doença muito séria”, destaca. Alcilene faz parte do grupo que vai começar a se vacinar hoje (sexta-feira), a partir das 8h, nos postos de saúde, e das 9h, nos drive-thrus. De acordo com a Secretaria de Saúde, 28 mil profissionais da rede privada conseguiram agendar a imunização.
Como as vagas eram limitadas, após serem preenchidas, o sistema foi suspenso. De acordo com a pasta, as fases seguintes serão definidas e divulgadas após o recebimento de novas doses de vacina. A previsão era de que o Ministério da Saúde enviasse uma nova remessa na quarta-feira (24/3), porém, a pasta federal adiou a entrega. Agora, as novas doses devem ser entregues entre sexta-feira (26/3) e sábado (27/3). Segundo o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, a intenção de Ibaneis Rocha é continuar abaixando a faixa etária alvo e, paralelamente, ampliar a vacinação para outras categorias profissionais.
Segundo a infectologista Ana Helena Germoglio, a ampliação da vacinação e adesão da população deixa o DF mais próximo da imunidade de rebanho. “Quanto mais pessoas se vacinarem, melhor. Assim, podemos reduzir a carga viral, diminuir a probabilidade de novas cepas e, no futuro, retomar as atividades econômicas”, explica. Por isso, ela reforça que os grupos prioritários devem se vacinar o quanto antes.
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Colapso das UTIs
Na manhã de quinta-feira (25/3), a taxa de ocupação dos leitos adultos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para o tratamento da covid-19, na rede pública, chegou a 100% no Distrito Federal. Algumas horas mais tarde, por volta das 18h, a ocupação das UTIs públicas era de 95,31% e 99% nas particulares. Diante desse cenário e com a taxa de transmissão estável, mas ainda alta, o governo do DF vai realocar servidores da atenção secundária para auxiliarem no tratamento dos pacientes já internados e, também, procura abrir mais 95 leitos até o fim de março.
Em coletiva, na quinta-feira (25/3), no Palácio do Buriti, Gustavo Rocha afirmou que a taxa de transmissão ainda precisa baixar. “Está abaixo de 1, mas longe do ideal”, diz. Também presente na coletiva, o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, informou que, até o fim de março, mais 95 vagas de UTIs serão abertas na rede pública, além de enfermarias. “As enfermarias vão ajudar na rotatividade das UTIs, pois vão possibilitar que o paciente continue o tratamento, mas libere o leito”, explica.
Durante a coletiva, o secretário também confirmou que a variante britânica foi identificada no DF, conforme revelou o Correio em primeira mão, em 16 de fevereiro de 2021. “Uma pessoa que não viajou e não esteve na região da Europa, então é certeza que recebeu o vírus aqui no DF”, disse. A cepa B 1.1.7 foi identificada em uma das 44 amostras sequenciadas pelo Laboratório de Saúde Central (Lacen-DF) durante a primeira quinzena de março.
Em 24 horas, o DF registrou 1.805 novos casos de covid-19 e 57 mortes — 11 ocorridas ontem — de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde. No total, o DF soma 335 mil confirmações da doença e 5.610 óbitos, desde o início da crise sanitária. Na quinta-feira (25/3), a média móvel de casos chegou a 1.519 (queda de apenas 1,31%, em relação ao número de 14 dias atrás), e a de mortes, a 48 (aumento de 158%).