PANDEMIA

Um ano depois, índice de isolamento social no DF cai 21 pontos percentuais

Levantamento da empresa de softwares InLoco revela que a taxa de isolamento social na capital do país está em 44,12%. O DF, que já esteve em primeiro lugar na lista, figura em 19º entre as 27 unidades da Federação

Ana Maria da Silva
postado em 24/03/2021 06:00
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

No Distrito Federal, a segunda onda da covid-19 tornou-se uma grave realidade. Com o número de casos e de internações em alta, o isolamento social voltou ao debate. Um levantamento da empresa de softwares InLoco divulgado nessa segunda-feira (22/3) revela que o índice do isolamento na capital do país está em 44,12%, 21 pontos percentuais abaixo se comparado ao de 22 de março de 2020, quando o DF alcançou o maior resultado até o momento (65,6%).

Atualmente, o DF passa dos 30 mil casos de covid-19 e acumula mais de 5 mil mortes. O isolamento social e a vacinação têm sido opções defendidas por especialistas na área de saúde para este momento — o pior desde o início da pandemia. A rede pública também está próxima de chegar ao máximo de ocupação em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). A taxa passa de 99%, mas há filas com mais de 350 pessoas à espera para uma das vagas. Na rede privada, o cenário também é crítico.

Na comparação com as 27 unidades da Federação, na lista que as classifica de acordo com o indicador de isolamento social, o DF ocupa a 19ª posição (leia Ranking). Em abril, por outro lado, a capital federal apareceu como primeira colocada. Para o infectologista do Hospital Anchieta de Brasília César Carranza, o quadro reflete que a sociedade não tem conseguido se precaver o suficiente para evitar a proliferação do vírus. "Isso implica distanciamento, uso de máscara e higiene. Mas também reflete o cansaço das pessoas, que ainda não tomaram consciência", opina.

A prorrogação das medidas restritivas anunciadas na sexta-feira (19/3) pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi uma das alternativas encontradas para conter o avanço da covid-19. As medidas, que teriam fim na última segunda-feira (22/3), vão valer até 28 de março. Mesmo assim, César lembra que as iniciativas ainda não surtiram efeito. "O número de casos e óbitos diários pela covid-19 se mantém em um patamar muito alto para o que esperávamos. Sabemos que esse tipo de medida começa a ter efeito após umas duas semanas. Esperamos que, nos próximos dias, as medidas comecem a fazer efeito", afirma o infectologista.

Variantes

Entre as preocupações dos especialistas, há o surgimento de novas cepas do coronavírus em virtude do aumento do número de casos. No início do mês, houve identificação da variante P1 no Distrito Federal. O sequenciamento é realizado nas amostras encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Distrito Federal, que atua em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).

O relatório demonstrou o crescimento da circulação da P1 em relação ao vírus originalmente circulante no DF. Também foi identificada a variante P2 mas em níveis mais baixos. A primeira surgiu em Manaus, enquanto a segunda, no Rio de Janeiro. "É particularmente preocupante, pois há maior possibilidade de contágio. Isso acaba gerando uma saturação dos serviços de saúde, o que leva à diminuição da qualidade do cuidado com os pacientes", explica o médico. "Quanto mais pacientes houver para atender, menos medicamentos, insumos e equipamentos de proteção teremos", lamenta.

Ranking

Lista das taxas de isolamento social por unidade da Federação:

Amapá - 53,87%

Pará - 50,83%

Ceará - 50,06%

Acre - 49,42%

Pernambuco - 48,53%

Maranhão - 48,25%

Rio Grande do Norte - 47,14%

Roraima - 47,06%

Piauí - 46,81%

Amazonas - 46,44%

Paraíba- 46,19%

Bahia - 45,95%

Minas Gerais - 45,95%

Mato Grosso do Sul - 45,74%

Paraná - 45,7%

Espírito Santo - 45,14%

Alagoas - 46,67%

São Paulo - 44,64%

Distrito Federal - 44,12%

Rio de Janeiro - 44,11%

Rio Grande do Sul - 44,01%

Sergipe - 43,37%

Goiás - 43,24%

Rondônia - 41,92%

Santa Catarina - 41,37%

Tocantins - 39,10%

Mato Grosso - 38,16%

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