CORONAVÍRUS

Governo federal envia novas doses de vacinas para o DF nesta quarta-feira

Ministério da Saúde enviará vacinas para o Distrito Federal, mas não divulgou quantos imunizantes estarão na remessa. Próxima fase inclui profissionais de saúde da rede particular, mas funcionários da segurança pública farão parte dos grupos prioritários na etapa seguinte

Samara Schwingel
Jéssica Moura
Pedro Marra
postado em 24/03/2021 06:00
Maria da Conceição teve de aguardar duas horas para se vacinar -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press          )
Maria da Conceição teve de aguardar duas horas para se vacinar - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press )

Enquanto o Distrito Federal aguarda a chegada de mais imunizantes contra a covid-19 — o que deve acontecer nesta quarta-feira (24/3) —, o atual público-alvo da campanha enfrenta filas e longas esperas nos postos de atendimento. Na terça-feira (23/3), no drive-thru da Administração do Parque da Cidade, por exemplo, quem chegou para se vacinar entre as 8h30 e as 9h só recebeu a dose por volta das 11h30. Nesse horário, cerca de 200 pessoas haviam sido atendidas no local, enquanto outras 150 esperavam dentro dos veículos. A fila se estendia por quase um quilômetro.

Maria da Conceição Barroso, 70 anos, só recebeu a CoronaVac depois de duas horas de espera. Ela tentou se vacinar em três postos no dia anterior, mas as doses disponíveis acabaram antes de a vez dela chegar. Por isso, teve de aguardar. “A logística ficou prejudicada. E o sol castiga um pouco, mas é fichinha. Estou feliz porque fui vacinada, mas imensamente triste pelas pessoas que se foram, porque elas poderiam estar aqui comigo também”, comentou. A aposentada acrescentou que o chamamento deveria ter ocorrido por idade, pelo fato de o novo público ser mais amplo. A Secretaria da Saúde do Distrito Federal (SES-DF) calcula 48,9 mil pessoas dessa faixa etária.

Nas unidades básicas de saúde (UBSs), também houve registro de demora, mas em tempo menor. No posto da 114/115 Norte, os primeiros idosos chegaram às 6h. Uma fila se formou em frente à entrada e ficou dividida de acordo com a ordem das doses aplicadas: primeira ou segunda. Mesmo com a disponibilização de cadeiras, algumas pessoas aguardaram cerca de 30 minutos pelo atendimento.

A SES-DF vacinou 228.491 indivíduos, entre os quais 70.299 receberam o reforço. Na terça-feira (23/3), houve a primeira aplicação em 15.207 pessoas, e 589 receberam a segunda. A quantidade destinada à dose extra faz parte do estoque reserva que a pasta havia separado para esse fim. No entanto, a partir dos próximos envios, todas as unidades serão usados para o primeiro atendimento, como orientado pelo Ministério da Saúde. Até agora, o Distrito Federal recebeu 402.610 imunizantes. Porém, o órgão não divulgou a quantidade que fará parte da remessa de hoje. Nesta quarta-feira (24/3), começa o agendamento para profissionais de saúde da rede particular, que serão atendidos a partir de sexta-feira (26/3).

Em alta

O epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez considera que o melhor caminho para desafogar a crise sanitária no DF é imunizar a população contra a covid-19 o mais rápido possível. “O caminho é acelerar a vacinação, o que está começando a acontecer, e fazer a proteção social com auxílio financeiro para os indivíduos que não têm condição de ficar em casa como recomendado. Como ainda temos uma vacinação de idosos limitada em termos de alcance, ainda não há um efeito importante na vacinação só desse grupo”, avalia o especialista.

Os casos da doença seguem em trajetória ascendente no DF. Entre segunda (22/3) e terça-feira (23/3), a Secretaria de Saúde contabilizou 1.397 novos casos, levando o total para 332.153. Com isso, a média móvel de casos ficou em 1.549 — 6,84% maior que 14 dias atrás. Em relação às mortes, o Distrito Federal teve o segundo dia com mais notificações do ano (62). Apenas em 18 de março esse número foi maior; na data, houve 68 confirmações. A média móvel de óbitos fechou o dia em 48,14, uma alta de 193% em relação ao verificado duas semanas antes. Ao todo, 5.503 pessoas perderam a vida para a covid-19.

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Tira-dúvidas sobre vacinação contra a covid-19

A vacina imuniza contra as novas variantes do coronavírus?
Os imunizantes disponíveis usam o vírus inativado original ou a sequência do material genético desse micro-organismo. Apesar disso, dados preliminares do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram que as vacinas induzem à produção de anticorpos capazes de neutralizar as variantes circulantes. O processo de imunização das pessoas com elas também é efetivo para a proteção delas contra as variantes.

A vacinação impedirá que eu infecte outras pessoas?
A vacinação é um processo de indução de memória imunológica. Isso significa que a pessoa vacinada terá uma resposta mais eficiente para eliminação do vírus. Essa resposta eficaz pode significar não permitir a replicação do vírus (proteção), uma replicação com sintomas leves ou uma com sinais moderados. A CoronaVac mostrou que 100% dos voluntários vacinados que contraíram a doença não tiveram quadro grave, mostrando que a resposta imunológica deles auxiliou na resolução da infecção. Alguém vacinado pode infectar outros mesmo se desenvolver a forma leve da doença. Por isso, ela deve continuar a seguir os protocolos como uso de máscaras, de álcool gel, lavagem das mãos e manutenção do distanciamento social.

Quem ainda não pode receber as vacinas contra a covid-19?
Pessoas que apresentem alergia aos componentes da formulação vacinal. A maioria da população pode ser atendida, incluindo pessoas com doenças crônicas, como câncer, ou alergias a outras vacinas. Quem desenvolveu anafilaxia à primeira dose não deve receber a segunda.

Uma pessoa que teve covid-19 precisa ser vacinada?
Sim. A vacina pode oferecer uma imunidade mais duradoura e trazer mais benefícios em relação à imunidade natural. Assim, as pessoas devem se vacinar, independentemente de terem sido infectadas ou não pelo novo coronavírus.

Posso tomar a dose da vacina de um laboratório e receber a segunda de outro?
O período desde o início da pandemia e o advento das vacinas é muito curto. Por isso, ainda não existem evidências sobre o intercâmbio das vacinas no processo de imunização. Em princípio, se a vacina exigir duas doses, elas devem ser do mesmo fabricante.

Fontes: Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF); Anamelia Lorenzetti Bocca, imunologista e professora da Universidade de Brasília (UnB); e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)

 

 

 

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