A mensagem de autoridades e especialistas é clara: vacinar-se é uma forma eficaz de combater a pandemia da covid-19. Mas o que exatamente significa ser vacinado? Que tipo de proteção a vacina oferece? Atualmente, o Distrito Federal oferece dois tipos de imunizantes para a população: CoronaVac e Astrazeneca. Embora a eficácia e a segurança das vacinas tenham sido defendidas e explicadas incessantemente por especialistas, muitas pessoas ainda têm dúvidas quanto aos imunizantes.
Para esclarecer a população, o Correio procurou a Secretaria de Saúde e convidou a professora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e imunologista Anamelia Lorenzetti Bocca, que deu orientações importantes sobre os mecanismos e efeitos das vacinas contra a covid-19.
Quais são as variantes que já foram encontradas no DF?
Conforme divulgado pela secretaria de saúde, no início do mês de março foi identificada a variante P1. O sequenciamento está sendo realizado nas amostras encaminhadas ao Lacen, em um projeto de parceria Lacen/UnB e o relatório com demonstra um crescimento da circulação da P1 em relação ao vírus originalmente circulante no DF. Também foi identificada a variante P2 mas em níveis mais baixos que a P1.
A vacina imuniza as novas variantes da covid-19?
As vacinas disponíveis utilizam o vírus inativado original ou a sequência do material genético deste vírus. Apesar disso, dados preliminares tanto do Butantan como da Fiocruz indicam que as vacinas induzem a produção de anticorpos capazes de neutralizar as variantes circulantes. O processo de imunização das pessoas com elas também é efetivo para a proteção destas pessoas frente às variantes.
Que tipo de proteção as vacinas contra a covid-19 oferecem?
A CoronaVac induz a produção de anticorpos neutralizantes, chamada de imunidade humoral, mas não ativa linfócitos T, que é chamada de imunidade celular. A vacina da Oxford/AstraZeneca induz tanto a imunidade humoral como a celular.
A vacinação impedirá que infecte outras pessoas?
A vacinação é um processo de indução de memória imunológica, que significa que a pessoa vacinada terá uma resposta mais eficiente na eliminação do vírus. Esta resposta mais eficiente pode significar não permitir a replicação do vírus (protegida), uma replicação com sintomas leves ou moderados. A CoronaVac mostrou que 100% dos voluntários vacinados que contraíram a doença não tiveram casos graves, mostrando que a resposta imunológica deles auxiliou na resolução da infecção. Então, a pessoa vacinada pode infectar outras caso desenvolva a forma leve da doença, e deve seguir os protocolos de prevenção não farmacológicos, como uso de máscaras, lavagem das mãos, uso de álcool gel e distanciamento social
Existe contraindicação?
A CoronaVac, por ser um vírus inativado, não apresenta contraindicações, a menos que o indivíduo seja alérgico a algum dos componentes da formulação. A mesma recomendação é dada na bula da vacina Oxord/Astrazeneca.
Quem ainda não pode receber as vacinas contra a covid-19?
Pessoas que apresentem alergias aos componentes da formulação vacinal. A grande maioria da população pode ser vacinada, incluindo pessoas com doenças crônicas, câncer e alergias a outras vacinas. Quem desenvolveu anafilaxia à primeira dose, não deve receber a segunda dose.
Quanto tempo após tomar a vacina uma pessoa fica imunizada contra a covid-19?
Nos processos de imunização, espera-se de 2 a 3 semanas após a segunda dose para que o processo de memória imunológica esteja completo.
Como saber qual vacina os postos do DF estão oferecendo?
As vacinas disponíveis no momento são CoronaVac a Astrazeneca, sendo a grande maioria de CoronaVac. Portanto, não é possível fazer uma escolha preliminar.
Para aqueles que irão tomar a vacina, segundo o calendário de prioridades, a idade precisa ser completa?
A idade tem que ser completa, não é por ano de nascimento, mas sim por idade exata que está sendo vacinada no momento.
Confira abaixo perguntas frequentes sobre as vacinas contra a covid-19, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS):
Uma pessoa que já teve covid-19 precisa ser vacinada?
Sim. A vacina pode oferecer uma imunidade mais duradoura e trazer mais benefícios em relação à imunidade natural. Assim, as pessoas devem se vacinar independentemente de já terem sido infectadas ou não pelo novo coronavírus.
As vacinas contra a covid-19 podem provocar algum efeito colateral?
Durante a fase de testes das vacinas aplicadas no Brasil não foram detectados efeitos adversos graves. Em geral, as vacinas podem provocar vermelhidão e dor no local da aplicação e, às vezes, febre baixa. Essas reações leves costumam desaparecer em poucos dias.
Posso tomar uma dose de vacina de um laboratório e receber a segunda de outro?
O período desde o início da pandemia e o advento das vacinas é muito curto. Por isso, ainda não existem evidências sobre intercâmbio das vacinas no processo de imunização. Em princípio, se a vacina exige duas doses, estas devem ser da mesma vacina.
Posso pegar covid-19 por causa da vacina?
O vírus utilizado nas vacinas é inativado – ou seja, não está vivo. Desa forma, não é possível que uma pessoa se infecte com a covid-19 por causa da vacina.
Por que mesmo tomando a vacina é preciso continuar seguindo as medidas de saúde pública?
As medidas de higienização das mãos, distanciamento físico e uso de máscara devem permanecer por um bom tempo. A OPAS e a OMS recomendam que as precauções contra a transmissão da covid-19 sejam mantidas mesmo por quem já estiver vacinado, até que as pesquisas sejam conclusivas. Assim, todas as pessoas que tomarem vacinas precisam continuar mantendo todas as medidas de prevenção — como distanciamento físico, uso de máscaras e lavagem das mãos.
Quem ainda não pode receber as vacinas contra a covid-19?
Menores de 18 anos, gestantes, pessoas com recomendação médica para não se vacinar, ademais daquelas referidas nas bulas de cada tipo de vacina.
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