Após três dias com a taxa de transmissão da covid-19 abaixo de 1, o Distrito Federal registrou nova alta do índice, que chegou a 1,01. Com o aumento do indicador, 98% de ocupação dos leitos públicos em unidades de terapia intensiva (UTIs) e uma fila de espera com 230 pessoas, o governador Ibaneis Rocha (MDB) optou por prorrogar a validade das medidas restritivas. O toque de recolher e o fechamento de atividades consideradas não essenciais, que teriam fim na segunda-feira (22/3), passam a valer até o próximo dia 28.
Apesar da decisão de prorrogar as medidas restritivas, o governador deve liberar, a partir de 29 de março, algumas atividades. Segundo o novo decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial do DF de sexta-feira (19/3), o horário geral de funcionamento do comércio será das 11h às 20h. Porém, para evitar a circulação de muitas pessoas em um mesmo horário, o decreto traz exceções.
Shoppings centers e centros comerciais funcionarão das 13h às 21h. O grupo de salões de beleza, barbearias, esmalterias e centros de estética, das 10h às 19h. Bares e restaurantes, das 11h às 19h. Academias de esporte, das 6h às 21h, mantendo o protocolo existente. Clubes recreativos, das 6h às 21h; agências de viagens, operadores turísticos e serviços de reservas e atividades de organizações associativas, escritórios e profissionais autônomos de contabilidade, engenharia, arquitetura e imobiliárias, das 10h às 19h.
As atividades coletivas de cinema e teatro poderão abrir sem restrição de horário, mas deverão limitar a lotação em 50% da capacidade. Eventos em estacionamentos e drive-in não terão restrição de horário, e competições esportivas profissionais seguem proibidas de terem público ou treinamentos. As demais atividades deverão funcionar conforme o alvará. Os estabelecimentos que funcionavam sem restrições de horários, como supermercados e farmácias, seguem autorizados, sem mudanças.
Apesar da expectativa, na tarde dessa sexta-feira (19/3), no Palácio do Buriti, durante coletiva, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, pediu colaboração da população. “Se as pessoas continuarem não observando as regras, haverá um aumento dessas taxas e a consequência vai ser que o governador decidirá pela não abertura das atividades na semana seguinte”, disse. Ele reforçou que a flexibilização não vai interferir no toque de recolher das 22h às 5h, em vigor desde 8 de março. “Os dados demonstram que ter evitado aglomerações e festas clandestinas resultou em uma diminuição dos casos. Por isso, mesmo com certa flexibilização, o toque de recolher continuará”, completou.
Taxa de transmissão
Segundo o secretário de Saúde Osnei Okumoto, o ideal é que a taxa de transmissão do coronavírus esteja abaixo de 1. “Por três dias consecutivos tivemos o índice de 0,99. A gente necessita da compreensão de todos para que o decreto tenha efeito”, afirmou, durante a coletiva de ontem. Segundo a secretaria, a taxa, que chegou a 1,38 e caiu para 1,12 apenas cinco dias depois da restrição de atividades no DF.
Para o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez, a decisão do GDF foi acertada. “Não estamos, ainda, em uma posição confortável no sistema de saúde em relação ao número de leitos e a vacinação não atingiu uma cobertura alta. Não era o momento para realizar uma flexibilização”, comentou. O especialista afirma que a economia não pode ser deixada de lado, mas que, neste momento, a saúde é mais importante. “Sem tirar a importância das atividades econômicas, mas, em um momento crítico, é preciso ter medidas duras. Infelizmente, ainda é necessário ter medidas restritivas”, considerou.
Na sexta-feira (19/3), por volta das 16h, de acordo com o portal InfoSaúde da Secretaria de Saúde, a ocupação de leitos públicos de UTI adultos para o tratamento da covid-19 chegou a 98,92%. O Hospital Regional da Asa Norte (Hran), referência para o tratamento da doença, atingiu 100% de ocupação dos leitos adultos. No mesmo período, havia 230 pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus aguardando por um leito. “A ampliação de leitos é importante, mas, para se pensar em uma reabertura, é preciso que haja leitos disponíveis, que a vacinação esteja avançando bem e que a taxa de transmissão esteja baixa”, disse Sanchez.
Fiscalização
Além das restrições de horário, também continuará proibida a venda de bebidas alcoólicas após as 20h. O descumprimento das medidas pode resultar em multa de até R$ 20 mil, de acordo com a gravidade da situação constatada pela fiscalização e os valores podem se acumular. No caso de aglomerações, poderá ser aplicada multa individual de até R$ 1 mil em cada uma das pessoas participantes do evento ou da reunião e de R$ 4 mil para o estabelecimento.
A fiscalização das normas continuará sendo exercida por uma força tarefa, sob coordenação da Secretaria de Segurança Pública e com apoio da Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal); Diretoria de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (Divisa/SES); Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob); Corpo de Bombeiros; Polícia Militar e Civil; Instituto de Defesa do Consumidor (Procon); Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran); Brasília Ambiental; Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri); Departamento de Estradas de Rodagens; e Diretoria de Fiscalização Tributária da Secretaria de Estado de Economia.
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