Um "comunicado oficial" surpreendeu a técnica em laboratório Najhara de Mello, 35 anos. Moradora de um condomínio no Sudoeste, a estudante de odontologia se assustou ao abrir a caixa de e-mail e encontrar uma mensagem pedindo para que ela não circulasse por áreas comuns do condomínio usando "roupas de academia e shortinhos". O texto, enviado nessa quarta-feira (17/3), foi assinado por um "Conselho de Mulheres" do condomínio.
O e-mail dizia: "Solicito à moradora do apto. que não transite em áreas comuns com vestes que não sejam bermudas ou roupas mais adequadas. Assim como roupas de academia e 'shortinhos', fazendo com que casais se sintam constrangidos! Caso precise de auxílio, estamos à disposição". Assustada, Najhara procurou o porteiro para relatar a situação e mostrar a mensagem. "Fiquei perplexa e perguntei se era comigo mesmo. Questionei dois funcionários sobre o tal conselho de mulheres, mas todos desconheciam", relatou.
A estudante mora há mais de um ano no condomínio e conta que nunca percebeu qualquer tratamento indiferente por parte dos vizinhos. Antes da pandemia, inclusive, Najhara mantinha uma rotina intensa de estudos e trabalho. "Passava o dia fora, ou seja, não tinha tempo para nada. E só voltava à noite para casa. Meu contato com os moradores sempre foi de respeito, de bom-dia, boa-tarde. Tem andares aos quais nunca fui. Fiquei muito preocupada com isso tudo", disse.
O caso gerou repercussão nas redes sociais e causou revolta entre internautas, que saíram em defesa de Najhara. "Nunca ganhei tanto apoio assim", acrescentou a estudante.
Presidente da Associação Brasileira de Síndicos e Condomínios do Distrito Federal (Abrassp), Paulo Melo comentou o caso: "Não existe qualquer regimento interno que preveja um conselho de mulheres do condomínio. É algo que não existe. A condômina não cometeu nenhum erro. As pessoas podem circular livremente com roupas de academia pelo condomínio", frisou.
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