CORONAVÍRUS

Aglomerações e eventos clandestinos são vilões para combate à pandemia no DF

As reuniões e as festas clandestinas continuam sendo um desafio no enfrentamento à covid-19. Dados mostram que os jovens estão sendo os mais infectados pela doença e lotam as UTIs. Taxa de transmissão caiu para 0,99

Luana Patriolino
postado em 18/03/2021 06:00
A Polícia Militar intensifica ações contra festas clandestinas, responsáveis pela alta de casos da doença no DF -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
A Polícia Militar intensifica ações contra festas clandestinas, responsáveis pela alta de casos da doença no DF - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Evitar as aglomerações e as festas clandestinas estão entre os principais desafios do Distrito Federal para diminuir as taxas de transmissão da covid-19. Simples e eficiente, a medida é unanimidade entre especialistas de saúde para abaixar os números alarmantes de infecção e óbitos, inclusive de jovens, pelo novo coronavírus na capital.

O médico infectologista Julival Ribeiro explica por que o número grande de pessoas num mesmo espaço é extremamente perigoso. “O mundo está preocupado com as novas variantes. Elas têm um poder de transmissão muito grande. A aglomeração é perigosa, ainda mais sem máscaras. O risco é altíssimo. As pessoas têm que entender que precisam evitar aglomerações de qualquer jeito. Infelizmente, essas novas cepas estão infectando e matando os mais jovens”, detalha.

O DF registrou 30 mortes e 1.322 casos da covid-19, nessa quarta-feira (17/3). Com as ocorrências, a capital acumula 5.206 óbitos e 301.234 infecções pelo novo coronavírus. A média móvel de casos está em 1.655, o que representa aumento de 46,87% em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 25,57 — aumento de 64%. O índice de transmissão está em 0,99 (cada 100 infectados transmitem o vírus para 99 pessoas), significando uma desaceleração da doença, anunciou o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, em coletiva realizada na quarta-feira (17/3).

Para a pandemia ser considerada controlada, o índice de transmissão precisa estar abaixo de 1. Nas últimas semanas, a taxa chegou a atingir o pico de 1,38 — 100 contaminados infectam 138 pessoas. “A taxa abaixo de 1 é o ideal que permaneça. Essa é a ideia de voltarmos ao patamar inicial antes dessa crise aguda da pandemia”, avaliou o chefe da Casa Civil.

  • 17/03/2021 Crédito: Joel Rodrigues/Agencia Brasília. Gustavo Rocha, secretario da Casa Civil, durante coletiva sobre as ações do GDF no combate à COVID - 19.
    "A taxa abaixo de 1 é o ideal que permaneça. Essa é a ideia de voltarmos ao patamar inicial antes dessa crise aguda da pandemia", disse Gustavo Rocha, secretário da Casa Civil do DF Joel Rodrigues/Agencia Brasília

Segundo o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, equipes da pasta fazem uma análise diariamente sobre a situação. “Com relação ao decreto (de restrições ao comércio), essa análise da situação é dia a dia. Até a vigência desse decreto (dia 22 de março), o governo vai deliberar. Pela Secretaria de Saúde, fazemos nossos exames e atendimentos, todo o serviço de vigilância e saúde, bem como a área de assistência. Então, esses dados são coletados e levados ao governo, que toma a decisão”, afirmou.

Máscaras

Simples e eficientes, o uso de máscaras e isolamento físico continuam sendo as melhores medidas contra a covid-19. O infectologista explica a importância de usar proteção facial e protocolos básicos de higiene. “Ao tossir, espirrar, cantar ou falar , podemos transmitir gotículas e nelas contém o vírus. Se tiver sem máscara, pode atingir a mucosa nasal de alguém, a boca ou os olhos. Aí, a pessoa pode se infectar e desenvolver a doença”, afirma.

A médica infectologista Magali Meirelles destaca a importância de evitar tocar o rosto desnecessariamente na rua e também a necessidade de manter-se a uma distância de pelo menos um metro e meio de outras pessoas. “As gotículas conseguem, em geral, alcançar até um metro de distância quando são expelidas. Outra maneira de transmissão, apesar de menor que a anterior, é o contato das mãos com superfícies contaminadas”, explica.

Meirelles faz um apelo para que a população evite se aglomerar. “O atual momento da pandemia, sem dúvidas, é o mais crítico de todos. A taxa de transmissão precisa cair, para sairmos do colapso do sistema de saúde, que não tem vagas para todos os que necessitam, devido à avalanche de casos da doença”, diz.

O uso de máscaras de proteção facial no DF também é obrigatório e está determinado no Decreto nº 40.648, de 23 de abril de 2020. De acordo com a publicação, que ainda está em vigor, todas as pessoas devem usar em espaços públicos, vias públicas, transporte público coletivo e estabelecimentos comerciais, industriais e de serviço. O descumprimento da norma pode levar a uma multa de até R$ 2 mil.

Menos idosos e mais jovens na UTI

As internações nas unidades de terapia intensiva (UTIs) de jovens de 25 a 29 anos foram as que mais aumentaram em um ano de combate à pandemia na capital. Desde dezembro do ano passado, a faixa etária de 25 a 59 é a que tem ocupado mais leitos de UTI, seguida por pessoas com idades entre 60 e 74. O dado é da Saúde do Distrito Federal (SES-DF), que também confirma diminuição na internação de idosos acima de 80 anos.

“A Secretaria de Saúde esclarece que os dados demonstram claramente a importância da aplicação da vacina contra a covid-19. A partir de janeiro, a única faixa de idade em queda é de 80 anos ou mais”, destaca informação da SES-DF, ao Correio.

Mais leitos

Na terça-feira (16/3), a Secretaria de Saúde ampliou a oferta de leitos de UTI para covid-19 na rede pública. Foram mobilizados 20 leitos no Hospital de Base (HB), 10 no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e oito no Hospital Regional de Sobradinho (HRS). A previsão é de que outros 40 leitos sejam ativados ainda nesta semana, sendo 30 no Hospital Regional do Gama (HRG) e 10 no Hospital Anna Nery, unidade contratada.

Para os próximos dias, a pasta espera contar com 449 leitos de UTI e mais 10 leitos no Hospital Home, por meio de contrato, somados à mobilização iniciada nesta semana. Até as 19h30 de ontem, a taxa de ocupação das UTIs da rede pública era de 98,9%, sendo apenas quatro leitos disponíveis para adultos, quatro unidades pediátricas e quatro neonatal.

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