Em tempos de restrições e isolamento social, a economia do Distrito Federal se manteve estável entre outubro e dezembro do ano passado, segundo estudo da Companhia de Planejamento (Codeplan-DF) divulgado nesta terça-feira (16/3). Apesar do pouco avanço (0,2%) comparado ao último trimestre de 2019, o indicador apresenta estabilidade. O resultado positivo deve-se ao crescimento nos setores de agropecuária e indústria. Especialistas avaliam o cenário e afirmam que, enquanto não houver vacinação em massa contra a covid-19, mais diálogo entre o setor produtivo e o governo local, a economia pode retroceder bruscamente.
Os dados integram o Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon-DF). Entre janeiro e março de 2020, a economia da capital apresentou crescimento de 1,2%. Em 19 de março, o governador Ibaneis Rocha (MDB) assinou o primeiro decreto suspendendo o funcionamento de bares, restaurantes, casas noturnas e comércio em geral até 5 de abril. Só em bares e restaurantes, mais de 20 mil funcionários foram demitidos e cerca de 3 mil empresas fecharam as portas.
Essas medidas restritivas tiveram reflexo no segundo trimestre de 2020 (abril, maio e junho): a economia do DF teve uma queda em -3,9%. Em julho, agosto e setembro, a redução se manteve, mas em um percentual menor (-0,7%). Apenas nos três últimos meses do ano passado, houve um crescimento, de 0,2%. O estudo traz, ainda, o acumulado do ano. Em todo 2020, a capital federal teve uma recessão econômica de -0,8%, enquanto o Brasil registrou variação de -4,1%. “Houve uma recuperação positiva, se formos comparar ao restante do país. Temos de considerar, à época, a retomada do consumo. Algumas atividades comerciais tiveram um bom desempenho, enquanto outras não conseguiram se recuperar”, avalia o economista Ciro Almeida, da GWX Investimentos.
Setores
O pequeno avanço econômico do DF no último trimestre de 2020 deve-se aos setores de agropecuária e indústria (3,8% e 2,5%, respectivamente). Por outro lado, o setor de serviços e os segmentos, responsável por 95,3% da economia local, foram os mais impactados pela crise sanitária no DF. Houve queda nas atividades do comércio em -6,6% e de outros serviços, em -2,3% nos três últimos meses do ano passado.
Na avaliação do economista Ciro Almeida, além das medidas restritivas que impactou as atividades comerciais, a falta de diretrizes e o receio da população quanto à covid-19 contribuíram para a recessão. “Enquanto não houver imunização em massa e capacidade de atendimento, podemos ter mais retração de atividade. A população ainda não está tranquila para sair e consumir. É preciso que o governo local dialogue com o setor produtivo, a fim de encontrar um meio termo”, frisa. Além disso, segundo o economista, a população está “com medo” de consumir, devido ao aumento do desemprego. No DF, 18% da população está desempregada, ou seja, cerca de 290 mil pessoas.
Em meio ao caos na saúde pública, UTIs com capacidade máxima e alto índice de transmissão do coronavírus, em 26 de fevereiro, Ibaneis publicou novo decreto proibindo o funcionamento de atividades não essenciais na capital. Além disso, o chefe do Executivo local determinou toque de recolher das 22h às 5h. Ambas as decisões valem até a próxima segunda-feira, mas podem ser prorrogadas, a depender do cenário da covid-19. "É preciso consciência da população quanto à medidas restritivas e diálogo das autoridades com setor produtivo sobre formas de como assegurar a sobrevivência das empresas. São um dos caminhos para voltarmos ao normal”, finalizou o especialista.
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