PANDEMIA

Infectados assintomáticos representam perigo na propagação da covid-19

Taxa de ocupação das UTIs para covid-19 está em mais de 94%, segundo painel InfoSaúde. Cerca de 319 mil foram infectados no DF, que acumula 5.145 mortes. Especialistas alertam que jovens também são alvo do novo coronavírus

Luana Patriolino
Pedro Marra
postado em 16/03/2021 06:00
 (crédito: Cibele Moreira/CB/D.A Press - 8/1/21)
(crédito: Cibele Moreira/CB/D.A Press - 8/1/21)

A infecção pela covid-19 nem sempre vem acompanhada por sintomas como febre, tosse e perda do paladar, por exemplo. As pessoas podem pegar o vírus sem manifestar nenhum sinal e, da mesma forma, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), continuar transmitindo a doença. De acordo com os especialistas ouvidos pelo Correio, os assintomáticos representam um perigo na propagação do novo coronavírus.

O médico infectologista Julival Ribeiro explica que a maioria dos infectados não apresenta sintomas da covid-19 e transmite para outras pessoas sem saber. “Por isso, defendemos que todas as pessoas devem usar as medidas preventivas para evitar a transmissão (máscara, principalmente). Porque não sabemos os assintomáticos que podem estar presentes”, ressalta.

Para a médica infectologista Joana Darc, a maior circulação dos jovens nas ruas também é um agravante na pandemia. “Nem imaginam que estão transmitindo a doença. Sentem-se saudáveis e, como na maioria das vezes, são os que mais saem de casa, representam um risco de amplificação da doença”, afirma. “Já estamos vendo muitos jovens nas filas dos hospitais e de UTIs”, lamenta a especialista.
Em 10 de março, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou a circulação de pelo menos quatro novas cepas no DF. De acordo com as amostras analisadas pelo Laboratório Central da Secretaria de Saúde (Lacen-DF), as novas variantes são: P1, P2, B.1.1.28 e B.1.1.143.

Segundo a Saúde, a variação B.1.128 foi uma das primeiras a circular. Sobre a B.1.1.143, a pasta disse apenas que “é uma outra linhagem que também já é identificada em diversos estados”. A P2 se refere à variante encontrada no Rio de Janeiro, e a P1 foi a encontrada em Manaus, em janeiro deste ano.

A cepa de Manaus é uma das que mais causam preocupação entre os especialistas de saúde. De acordo com o infectologista Julival Ribeiro, essa variante apresenta altos níveis de transmissibilidade. “Ambas são mais transmissíveis. A cepa do Reino Unido causa a doença mais grave, e a de Manaus, além de ser provavelmente mais transmissível, invade o sistema imunitário de defesa de quem teve covid-19, ou seja, levando à reinfecção”, explica o especialista, também citando à variante britânica do novo coronavírus.

Os jovens devem ser o centro de atenção no combate à pandemia. Eles estão circulando mais na rua, são os principais atores em casos de aglomerações e festas clandestinas e, atualmente, os mais contaminados pela covid-19. “Isso tem um impacto muito grande das variantes. Se ela transmite mais, como a do Reino Unido, e é mais letal, a carga viral é muito maior. Então, vai causar a doença de forma mais grave, mesmo que a pessoa seja jovem e sem comorbidade”, explica Ribeiro.

Solução

Muitos países adotaram a estratégia dos testes em massa, logo no começo da pandemia. A medida é eficaz para detectar os assintomáticos e isolá-los, evitando que eles contaminem outras pessoas. “Testar é fundamental. Não fizemos no início da pandemia, mas agora, realmente, o que resta é testar, fazer um bloqueio da transmissão”, diz Julival.

O especialista destaca que o Distrito Federal e o país atravessam um período dramático e que podem enfrentar um período ainda mais difícil, com números cada vez mais assustadores. “Estamos passando pelo momento mais crítico da pandemia, e essas três próximas semanas vão ser muito duras no Brasil. Não temos vacina; a sociedade não está respeitando as medidas restritivas e é tudo isso que o vírus queria”, conclui o infectologista.

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