A quase um mês do aniversário de Brasília, em 21 de abril, o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) já se prepara para presentear a capital do país. O órgão pretende disponibilizar cinco exposições digitais de caráter permanente, inclusive com conteúdo inédito, aos brasilienses. Mas a novidade não se restringe ao aniversário de 61 anos da capital. Durante todo este ano, o ArPDF pretende digitalizar documentos, arquivos e mídias para serem disponibilizados à população.
Segundo o superintendente do ArPDF, Adalberto Scigliano, a iniciativa trará notoriedade à história de Brasília. “Queremos promover um resgate da história do DF, com curiosidades, fatos inéditos, imagens e novas informações. E claro, também queremos sair das dependências dos arquivos e promover o reconhecimento de figuras célebres e anônimas que contribuíram para construir a capital. É perceptível que os brasilienses possuem muito orgulho da cidade, e nós queremos manter essa chama acesa”, explica Adalberto.
Até o fim deste ano, a direção do Arquivo pretende digitalizar diversos documentos ainda desconhecidos do público. “Postaremos esses novos arquivos assim que tiverem sido digitalizados, pois temos a grande preocupação quanto à segurança desse acervo. Eles estão armazenados nas condições corretas, mas queremos perpetuar essa história e evitar que qualquer tragédia aconteça, como a do Museu Nacional. Para garantir essa segurança, o mesmo arquivo será salvo em diversas armazenagens e criptografados para evitar invasão desses dados”, pontua.
Adalberto ressalta que o arquivo público é totalmente inclusivo. “Dispomos das ferramentas para ajudar as cinco principais deficiências: auditiva, visual, mental, motora e múltipla. Nosso desejo é que o arquivo seja totalmente inclusivo e ajude na cultura de Brasília. Temos, por exemplo, 1,5 milhão de negativos para serem digitalizados”. Além das imagens, cerca de 559 filmes esperam ser digitalizados e, por isso, o Arquivo firmou parcerias com outras secretarias, como a de Turismo e Cultura, além de contar com o apoio da Casa Civil, Secretaria de Economia e do governador Ibaneis Rocha (MDB).
O Arquivo também recebeu emendas parlamentares para realizar o projeto. O deputado distrital Robério Negreiros (PSD) foi um dos colaboradores. “Eu acredito que a memória histórica de um povo é o melhor alicerce para a construção de uma sociedade sólida. Digitalizar esse acervo vai torná-lo mais acessível não apenas à população local, mas a todos que necessitam de informações para entender parte do processo evolutivo do povo brasileiro”, esclarece.
História do arquivo
O Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) completou 36 anos no último domingo (14). Criado em 1985 e vinculado à Casa Civil do DF, o órgão coordena e planeja o recolhimento de documentos produzidos e acumulados pelo Poder Executivo da capital brasileira, assim como documentos privados de interesse público. Ao todo, são oito milhões de documentos, 23 fundos privados e 21 fundos públicos.
O historiador Elias Manoel da Silva, há 16 anos no arquivo público, explica que o registro surgiu dentro de um movimento nacional de proteção dos acervos documentais no país. “Havia, no fim da década de 1970, uma preocupação em se criar órgãos públicos diretamente ligados a recolhimentos, proteção e difusão desses conteúdos. Vale lembrar que esses documentos possuem duas fundações: são probatórios, ajudam na legislação, mas também possuem um caráter histórico local, regional e nacional”, conta.
Elias destaca que, apesar do que muitos pensam, o local onde foi construído Brasília não era um vazio cultural e demográfico. “Tínhamos uma população pequena, mas havia fazendas, moradores e toda uma tradição incrível. O ponto fundamental do ArPDF é conseguir criar uma morada para as memórias históricas de Brasília que, até então, estavam dispersas em diversas secretarias e locais”, destaca.
Alguns dos documentos presentes e citados pelo historiador são a documentação anterior à própria construção de Brasília. “Nós temos no acervo uma riqueza enorme. Possuímos 540 fotografias aéreas de 55km do planalto central. Também estamos trabalhando no diário da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls. Um manuscrito inédito da Comissão Exploradora que nunca foi publicado. Ele narra toda a viagem desse grupo, as desavenças, a saudade de casa, o encontro com os moradores daqui e como calculavam os locais, por exemplo. A expectativa é de que publiquemos isso ano que vem”, finaliza.